Cerca de 36% dos pais dizem que reuniões de trabalho os impedem de participar da vida escolar dos filhos no Brasil. As informações são do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o Pisa, divulgado nesta terça-feira (03), pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O Pisa é uma avaliação internacional realizada de três em três anos que mostra o desempenho de alunos de 15 anos de 78 países. No país, 10 mil estudantes foram testados. O relatório apresenta o desempenho dos estudantes em leitura, ciências e matemática. Na última pesquisa, também foram avaliados aspectos do bem-estar que influenciam diretamente no aprendizado e os pais foram consultados.
O relatório do Pisa detalha que um terço dos pais no Brasil reclama que não consegue participar ativamente da vida escolar dos filhos devido ao horário de reuniões de trabalho. O país apresenta uma das menores taxas de participação entre os 78 países do Pisa.
Além das reuniões, 18% dos entrevistados alegaram falta de segurança e outros 13% indicaram as dificuldades no transporte para chegar até a escola.
A estudante universitária Alba Valéria Lima, de 32 anos, mora em Vila Velha e afirma não conseguir ir nas reuniões da escola da filha, que cursa o primeiro ano do ensino médio, por causa do conflito de horário com seu estágio.
Já a pesquisadora e professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Luciene Tognetta, afirma que é preciso desmistificar a ideia de que todos os problemas de desempenho dos alunos estão relacionados às famílias, pois muitas escolas não apresentam um modelo de acolhimento dos pais. Ela salienta que existem pais despreparados e que a escola precisa ajudar.
As reuniões são planejadas para os pais não irem. Você vai na maioria das escolas e vê os portões fechados e os pais só vão em dias de reunião. Não têm estratégias para trazer os pais para a escola para ajudarem seus filhos, destacou a pesquisadora, que ainda critica os horários determinados pelas escolas, sem apresentar o mínimo de diálogo sobre a disponibilidade dos responsáveis.
Eles são chamados para ouvirem as regras, para que a escola se queixe dos filhos, e os horários são estabelecidos em função do horário que os professores querem que os pais estejam nas escolas, pontuou.
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