As imagens de satélite mais recentes de Vitória disponibilizadas pelo Google capturaram o que claramente é um avião deixado num terreno em meio à mata do Aeroporto de Vitória. Nas imagens, é possível ver uma aeronave de pequeno porte próxima da entrada dos fundos do sítio aeroportuário, próximo à Rodovia Norte Sul, em Jardim Camburi.
A Gazeta foi atrás de explicações para desvendar esse mistério e descobriu que se trata de uma aeronave de modelo Aero Commander que foi trazida em 2006 para ficar no sítio aeroportuário da Capital.
O avião está parado, exposto a sol e chuva. Segundo a Aeroportos do Sudeste do Brasil (ASeB), concessionária que administra o Eurico de Aguiar Salles, o veículo não tem nenhuma serventia atualmente ao terminal e foi recebida pela empresa ao assumir a gestão da área em janeiro, sendo sua responsabilidade apenas guardá-la em ambiente restrito de acesso.
O bimotor turboélice tem capacidade de transportar até oito passageiros. É uma aeronave de asas altas desenvolvida ainda na década de 1950 pela antiga fabricante americana Aero Commander, empresa comprada pela Rockwell International em 1958, e depois pela Gulfstream em 1981, até a fabricação do modelo ter sido encerrada em 1986.
Foi apreendido pela Receita Federal no interior de São Paulo e por isso acabou vindo para o Estado para ser "guardado".
Apesar de estar abandonado atualmente, o avião já teve utilidade prática em seus primeiros anos no aeroporto, segundo informações da Superintendência Regional da Receita Federal. Em seus dois anos iniciais em Vitória, porém, ele ficou desmontado.
A aeronave foi destinada pela Receita para a Alfândega de Vitória em 2006, após a apreensão em São Paulo, para que fosse utilizada no treinamento de cães de faro e buscas em geral. Sem ter autorização para voar, a logística para trazer o equipamento para o Espírito Santo foi complicada, tendo sido necessário desmontá-lo na época.
"Para o transporte até Vitória foi necessário o desmonte da aeronave. De forma que [a aeronave] somente veio a ser disponibilizada para treinamentos em 2008, depois que militares da Força Aérea Brasileira localizados no Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa-MG (PAMALS) efetuaram a sua remontagem", explicou o órgão.
Além de ter utilidade nos primeiros anos, a aeronave também era bem cuidada. Em 2010, ela passou por uma leve reforma na pintura, de acordo com a Receita. Mas, com os anos, foi deixando de ser usada nos treinamentos. Ela ficava nas imediações do antigo terminal do Aeroporto de Vitória.
Isso até 2014, quando o avião foi removido para a mata próxima à pista de pousos e decolagens por solicitação da Infraero, que pretendia utilizá-la em "demonstrações de segurança aeroportuária".
Porém, com as obras do novo aeroporto, que foram reiniciadas em 2015 e concluídas em 2018, o Aero Commander foi cada vez mais sendo deixado de lado e sua remoção para as proximidades da pista, de forma a ficar acessível para a realização dos treinamentos, foi prejudicada, permanecendo parado na mata do aeroporto até hoje.
A reportagem de A Gazeta questionou a Receita Federal o porque da aeronave não ter sido doada ou leiloada. O órgão informou que em 2018 houve tentativa de doação do avião a órgãos públicos e outras entidades, mas sem sucesso.
A Receita não forneceu detalhes sobre os motivos da apreensão da aeronave nem a quem ela pertencia no passado.
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