Uma rede de satélites chamada Starlink vem sendo lançada ao redor do mundo pelo empresário bilionário Elon Musk, desta vez na quarta frota do projeto. Nesta sexta-feira (31), ela passa por Vitória, entre 19h e 20h, aproximadamente, em uma espécie de linha de luzes pelo céu, formando uma constelação.
Para entender do que se trata, A Gazeta conversou com o astrônomo especialista em ciência espacial do Observatório Nacional e do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), também coordenador do projeto científico Exoss, Marcelo De Cicco. Trata-se de uma constelação de satélites que vem sendo lançada com certa periodicidade, com a finalidade de gerar uma rede interligada mundial de telecomunicações e que promete ser, em partes, um serviço gratuito, resumiu.
Em Vitória passarão esses pequenos satélites nesse horário. Passou pelo sul ontem, passou de novo hoje e passará pela costa do Espírito Santo. Mais para frente será cada vez mais corriqueiro vê-la passando pelo céu.
De acordo com a autoridade no assunto, cientistas estão preocupados com a iniciativa de lançamento dos satélites. Nós astrônomos estamos muito preocupados, já que isso poluirá o céu noturno, e, consequentemente, a observação. É preciso observar o céu com instrumentos, mas, diante disso, na frente passará a constelação e isso pode atrapalhar a coleta de dados. Existe um movimento entre pesquisadores para frear a invasão brusca. Imagine 12 mil satélites passando, certamente pode prejudicar a pesquisa científica. A intenção deles é fornecer um serviço global de internet para o planeta inteiro com a propaganda de serviço gratuito, mas a gente sabe que não existe almoço grátis, ponderou.
São pequenos satélites, por isso passam rápido. Depois vão decaindo e queimando, tendo que repor ao longo dos anos. Em termos de autorização para liberar a passagem, isso não existe, porque aquele espaço é de uso humanitário. Existem regras da ONU de ocupação do espaço mas na verdade há um mercado altamente competitivo que não dá muita atenção a essas regras, atendem às regras do mercado. O que há é o Tratado de uso pacífico do espaço, do Direito Internacional Espacial.
De Cicco reforçou a preocupação analisando que enquanto oferecer serviço gratuito pode ser bom para a sociedade, não se deve perder de vista o quanto isso pode incomodar a pesquisa científica. A pesquisa busca o bem-estar para a sociedade. Uma tecnologia que pode favorecer, pode atrapalhar por outro lado. Deve ser analisado com cuidado para que isso não seja escancarado sem que haja minimamente controle, para que no futuro não sejamos prejudicados. É o que vemos em relação ao clima: está sendo alterado em decorrência de a humanidade não ter respeitado os recursos naturais, finalizou.
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