A cúpula do governo Renato Casagrande decidiu retirar do cargo de Secretário de Segurança do Espírito Santo o delegado da Polícia Federal Roberto Sá, nesta segunda-feira (06). No mesmo dia em que a Polícia Militar capixaba comemora 185 anos, é o Coronel Alexandre Ramalho quem assume o cargo. Mas em que cenário essa troca acontece?
Roberto Sá permaneceu à frente da Sesp por um ano e três meses, logo após Casagrande tomar posse do cargo eleito, em 2019. No entanto, apesar de a pasta ter fechado o ano com uma queda de 11,81% nos índices de homicídios, chegado a ter menos de mil mortes durante o período em todo o Estado, os primeiros meses de 2020 apresentaram inúmeras adversidades para a segurança pública capixaba.
Em meados de fevereiro, os conflitos internos entre traficantes do Bairro da Penha, Vitória, levaram pânico para moradores de vários bairros da Grande Vitória. Bandidos encapuzados pararam carros na Avenida Leitão da Silva, uma das principais da cidade, e apedrejaram três veículos e um ônibus também chegou a ser incendiado. Um quarto carro foi roubado e depois recuperado pela Polícia Militar.
O conflito que gira entorno do grupo Primeiro Comando de Vitória (PCV), atuante no Bairro da Penha e bairros vizinhos, também causou reflexos em alguns bairros na Serra e em Cariacica, onde foram dadas ordens de toque de recolher.
O número de homicídios em março chegou a 143, um aumento de 66% se comparado com 2019. O mês também bateu o recorde do ano de 2017, ano em que os policiais militares paralisaram as atividades no mês de fevereiro, quando ocorreram 130 assassinatos.
Para especialistas em segurança pública ouvidos pela reportagem de A Gazeta, a pandemia do coronavírus intensificou as guerras entre facções devido à queda da venda de entorpecentes, já que o isolamento social fez com que menos consumidores de drogas circulassem também. Para compensar a queda das vendas, traficantes passaram a cobrar dívidas, que não pagas geraram mortes, e também a enfrentar os rivais para evitar a concorrência.
Nos três primeiros meses do ano, 347 pessoas foram mortas no Espírito Santo, enquanto o número de 2019 para o mesmo período foi de 283.
DIA MAIS VIOLENTO
No último domingo (05), o Estado registrou 13 assassinatos. Esse número de homicídios em apenas 24 horas não acontecia desde fevereiro de 2017, quando os policiais militares deixaram as ruas.
Uma das cinco cidades do Brasil escolhidas para receber o programa federal Pra Frente Brasil, Cariacica recebeu 100 agentes da Força Nacional em agosto de 2019. No entanto, o município também sofre com os índices de assassinatos.
E mesmo o programa sendo prorrogado por duas vezes, na última com previsão para terminar em agosto de 2020, as vidas continuam sendo perdidas para a violência. O mês de março é um exemplo: a média foi de um assassinato por dia no município.
O programa teria frentes de enfrentamento à violência como questões sociais, educacionais e também efetivas de segurança pública, como a presença de homens da Força Nacional em 28 bairros de vulnerabilidade social.
Agora, o governador colocou nas mãos do ex-comandante geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Ramalho, a administração das forças de segurança na tentativa de conter a violência nos próximos meses.
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