Quase 30 bebês prematuros morreram no Hospital Estadual Infantil Alzir Bernardino Alves (Himaba), conhecido como o hospital infantil de Vila Velha, em um período de três meses. O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde no Estado do Espírito Santo (Sindsaúde) denuncia que houve aumento no número de mortes após a gestão ser terceirizada para o Instituto de Gestão e Humanização (IGH).
Segundo o sindicato, os casos ocorreram de 6 de outubro a 22 de dezembro de 2017. Em comparação, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) de outubro de 2016 a janeiro de 2017, 14 morreram. Mas pasta diz que, percentualmente, o número diminuiu.
O Estado contratou o IGH para administrar o Himaba, desde outubro do ano passado. A presidente Sindsaúde, Geiza Pinheiro Quaresma alega que foram demitidos profissionais antigos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin).
Agora, tivemos acesso a uma cópia de relatório oficial onde está registrado o aumento dos casos de morte de prematuros, no período inferior a três meses, quase 30 bebês faleceram no infantil de Vila Velha. Houve negligência por parte do hospital, que mudou o quadro de profissionais em todos os setores, inclusive na Utin. Há deficiência de enfermeiros e médicos experientes, afirma, embora a Sesa negue que a equipe médica do setor tenha mudado.
Diante dos problemas, o Sindsaúde preparou um dossiê denunciando crimes contra a infância, que será enviado para entidades em níveis estadual, nacional e internacional. Na lista, os Ministérios Públicos Estadual e Federal, Ministério Público do Trabalho, Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa.
Nas denúncias, serão acrescentadas informações sobre a falta de material básico de higiene, falta de manutenção na estrutura, paredes com fungos, teto com infiltração do hospital entre outros problemas que contribuem para o aumento dos casos de infecção hospitalar. Esta tragédia no Himaba não pode continuar. São famílias que estão sendo destruídas, alega.
SESA
A diretora técnica do Himaba, Patrícia Helena Simões, contesta as informações do Sindsaúde. Ela afirma que a porcentagem de mortes de prematuros internados na Utin reduziu desde a terceirização. Dados apontam que de outubro de 2017 a janeiro de 2018 foram 207 bebês vivos e 26 mortes (11%). Já de outubro de 2016 a janeiro de 2017 foram 83 bebês vivos e 14 mortes (14%).
A diretora afirma que essas mortes estão associadas ao grau de complexidade dos casos: são, em sua maioria, prematuros com menos de um quilo com comorbidade, ou seja, com associação de outras doenças, como a malformação intestinal, cardíaca e urinária. Dentre esses casos, também há bebês com mais de um quilo, mas que chegam em condições mais graves e necessitam de cirurgia cardíaca.
UNIDADE TEVE PROBLEMAS DE SUPERLOTAÇÃO
Se observar, a porcentagem do número de óbitos diminuiu, o que aconteceu foi o crescimento da quantidade de atendimentos após as melhorias realizadas, inclusive, a equipe médica continua a mesma na Utin. Em muitos casos, as doenças nem são diagnosticadas pela falta de pré-natal ou por ele ser feito de forma inadequada, finaliza.
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