No dia 6 de agosto de 1983, um grupo de 67 mulheres marcaria a história da Polícia Militar do Espírito Santo. Elas faziam parte da primeira turma feminina da Corporação. Naquele dia, além das mulheres conquistarem um novo espaço, elas iniciavam um processo de transformação dentro da Polícia Militar.
Entre as pioneiras da turma estava Sonia do Carmo Grobério, na época com 19 anos. De família humilde e com muitos irmãos, a jovem mineira via na Polícia Militar um caminho para alcançar independência financeira. "Eu precisava trabalhar. Então aquela era a oportunidade", declarou.
Esta é uma das matérias da série que conta as histórias das mulheres que foram pioneiras no ES em diversas áreas e faz parte das publicações da semana em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, próximo domingo.
Com o apoio da família, Sonia se formou sargento. Em 1987, ela se inscreveu para o curso de oficiais em Minas Gerais. Na época, o número de mulheres permitidas nestas posições era restrito.
Sonia foi selecionada, mas tinha 4 milímetros a menos do que a altura exigida pelo edital. Uma liminar na Justiça, porém, deu a ela a vaga no curso de oficiais, que ela concluiu com destaque.
Sonia trabalhou em diversos setores da PM. Durante a carreira, foi subcomandante na companhia da Polícia Rodoviária, do Batalhão de Trânsito, trabalhou na Corregedoria.
Mas foi só em 2010 que Sonia conquistou a mais alta patente na Corporação: a de coronel. Ela passou a comandar o 4º Batalhão da Polícia Militar, em Vila Velha. Era a primeira vez que uma mulher assumia um cargo de comando como este dentro da PM.
Sonia se aposentou em 2013, após 30 anos na Polícia Militar. Hoje, ela atua como instrutora de tiro na Academia da Polícia Militar e ministra diversos cursos na Polícia Civil e Guardas Municipais.
Apesar da Polícia Militar do Espírito Santo ser uma instituição de 185 anos, faz pouco tempo que as mulheres passaram a ocupar cargos na Corporação. A presença delas foi possível após a criação da Companhia de Polícia Militar Feminina, em 1983, pelo governador Gerson Camata.
Inicialmente, elas foram designadas para realizar atividades de patrulhamento em aeroportos e rodoviárias, no trânsito e com crianças, mulheres e idosos. Ada Carniato, hoje capitão aposentada da PM, lembra que a atuação delas ainda era vista como uma forma de trazer mais sensibilidade para a polícia.
Na época em que as pioneiras do ES entraram na PM, mulheres de outros estados, como São Paulo e Minas Gerais, já tinham conquistado este direito. Ainda assim, a atividade militar ainda era vinculada ao sexo masculino. Ada lembra que elas se sentiam extremamente cobradas.
Em 1984, um ano após sua criação, a Companhia Feminina da Polícia Militar foi extinta e as mulheres passaram a ser incorporadas no mesmo quadro dos homens. Aquele era um primeiro passo para a igualdade de direitos entre homens e mulheres na Corporação.
Hoje, ser policial militar mulher já não é visto mais com surpresa. Atualmente, de um quadro de 8.475 militares, 1.137 são mulheres. Apesar delas ainda serem minoria dentro da PM, não há como negar os avanços femininos dentro da corporação. Algo que foi conquistado pelas pioneiras, como Ada e Sonia, e outras 65 mulheres.
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