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'Tenho fé em Deus e na Medicina', diz mãe de universitário baleado por PM

"Tenho fé em Deus e na Medicina", diz mãe de universitário baleado por PM

As chances de o universitário voltar a andar continuam as mesmas, mas a mãe acredita na recuperação do filho: "Ainda não mexe as pernas"

Publicado em 10 de abril de 2019 às 15:44

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Com fé e otimista de que o filho vai voltar a andar, a mãe do universitário baleado por um policial militar no dia 30 de março, na Rodovia do Sol, em Vila Velha, conversou com a reportagem do Gazeta Online nesta quarta-feira (10). Agradecida pelo jovem estar vivo, ela conta como soube da notícia e como está recuperação dele.

A mãe, que prefere não ser identificada, disse que o próprio filho ligou para ela contando que tinha sido baleado. Segundo a mulher, o jovem relatou que não teve briga de trânsito

O universitário disse à mãe que passava pela rodovia, nas proximidades do cemitério Parque da Paz, quando um homem em uma moto se aproximou do carro dele, no lado do motorista. Nesse momento, ele acelerou e foi baleado. Veja a conversa. 

As chances de ele voltar a andar eram de 10%. Melhorou esse quadro?

Não. Permanece o quadro.

Como o seu filho está? Tem consciência de que tem 10% de chance de voltar a andar?

Tem consciência. A gente tem que esperar. Está fazendo fisioterapia, já consegue sentar. Ele vai se reabilitando.

Como está a cabeça dele diante da notícia de que ele pode ficar sem andar?

Triste. Ele tem recebido muitas mensagens. Tem muita gente apoiando, querendo ajudar. Isso conforta, né. Traz uma alegria. Muitos amigos, a família.

O policial continua preso?

A gente fica muito no hospital e não tenho essa informação. Mas eu espero que sim.

E você, como está reagindo a essa situação?

Com fé. Tenho fé em Deus. Tenho fé na Medicina.

Como ficou sabendo que seu filho tinha sido baleado?

Ele mesmo me ligou.

Mas já tinha sido socorrido?

Não. Estava no local.

Que desespero.

É. Muito.

Você foi para o local? Pediu socorro?

Ele já tinha ligado para o socorro. Eu estava na Praia do Canto e fui correndo pra lá.

Quando chegou ao local, ele já tinha sido socorrido?

Estava na ambulância.

Ele tem previsão de alta?

Ainda não. Em breve, mas ainda não sei o dia.

Ele mexe os braços normalmente. As pernas que ele ainda não consegue mexer?

Isso. Ainda não mexe.

ENTENDA O CASO

Em depoimento, a vítima contou à Polícia Civil que saiu da Praia da Costa, onde mora, dirigindo um Volkswagen Voyage. No veículo, estavam o jovem e o cachorro dele. O universitário seguia para a casa de um amigo no bairro Ponta da Fruta, no mesmo município.

Ainda em declaração à polícia, ele contou que parou no semáforo. Neste momento, um homem de moto vermelha emparelhou com o carro dele e, sem falar nada, já apontou uma arma. O jovem informou que ficou assustado e acelerou com o carro. Nisso, o homem atirou.

O tiro passou pela porta do veículo e atingiu as costas da vítima. O rapaz perdeu o controle da direção e foi parar dentro de um matagal no acostamento da pista, às margens da Rodovia do Sol. O autor do tiro fugiu do local. Até então, a polícia e a vítima não sabiam que se tratava de um PM.  Polícia Civil só descobriu porque analisou imagens das câmeras do sistema de videomonitoramento, que fica na Rodovia do Sol.

A VERSÃO DO POLICIAL MILITAR

Em coletiva de imprensa realizada no últimos dia 4, o delegado da Polícia Civil, Alan de Andrade, informou que, de acordo com o PM, tudo começou quando o universitário deu uma fechada na moto em que o policial pilotava. 

Aspas de citação

Após essa fechada, segundo o policial, ele foi seguindo normalmente quando parou no semáforo. Os dois começaram a discutir, um xingou o outro, o policial disse que a vítima falou: Você sabe com quem está falando? E, neste momento, o PM diz que a vítima fez um movimento, dando a entender que pegaria algum objeto debaixo do banco. E foi neste momento que o PM fez o disparo

Delegado Alan de Andrade
Aspas de citação

Após o disparo, Alex Lopes foi para a casa de familiares e lá ficou. Quando retornou para o Batalhão da PM no qual é lotado, nesta quarta-feira (3), foi dada a voz de prisão ao militar pelos próprios policiais da Corregedoria da corporação. 

UNIVERSITÁRIO NEGA DISCUSSÃO

Ao contrário da versão do militar dada à polícia, de que houve briga, o universitário de 24 anos diz que não se recorda de discussão e que estava seguindo normalmente pela via quando parou no semáforo.

"Ele informou, em depoimento, que só viu a motocicleta do PM se aproximando. O militar teria feito o saque da arma de fogo e efetuado o disparo", disse o delegado.

PM NÃO ACIONOU O CIODES

O delegado Alan de Andrade. (Glacieri Carraretto | Gazeta Online)

Segundo o delegado, é de praxe que policiais que se envolvam em algum tipo de ocorrência acionem imediatamente o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes-190). O que não foi feito por Alex, que fugiu do local após o disparo contra o universitário. Quem acionou a polícia foi a própria vítima, que acabava de sofrer um acidente de carro após ser baleada. 

PERÍCIA

A Polícia Civil realizou perícia no carro do universitário no mesmo dia da ocorrência. A arma do policial militar foi apreendida a e o projétil foi retirado do corpo do rapaz. Será feito um exame de balística. "A motocicleta encontra-se à disposição da PC para possível perícia também", informou o delegado.

PRISÃO DE PM É TEMPORÁRIA

De acordo com o delegado Alan de Andrade, Alex ficará preso no Quartel de Maruípe por 30 dias. A prisão pode ser prorrogada em mais 30 dias, dependendo dos resultados da investigação do caso. 

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