A situação do Terminal de Itaparica, interditado há 13 meses, continua incomodando os 45 mil passageiros das 33 linhas que foram remanejadas para os terminais de Vila Velha e do Ibes. Ônibus lotados, filas grandes e trânsito complicado são os principais problemas relatados pelos usuários.
Segundo o diretor geral do Instituto de Obras do Espírito Santo (Iopes), Luiz Cesar Maretto, a expectativa é que a estrutura seja entregue e volte a funcionar até o final do primeiro semestre de 2020.
A interdição aconteceu em 2018, quando uma perícia contratada pela Ceturb/ES apontou indícios de subdimensionamento estrutural em relação ao projeto e estado crítico de corrosão nas peças estruturais. O laudo orientou, à época, interdição imediata do terminal, o que ocorreu no dia 28 de julho. O laudo custou R$ 43 mil.
VALORES
Em novembro do ano passado, o teto foi demolido após solicitação do Iopes, que havia conversado com um perito. O projeto custou R$ 117 mil e o contrato de demolição custou R$466 mil. A obra esperada tem valor médio de R$ 9 milhões.
O diretor-geral do Iopes explica que o projeto está pronto e o processo está aberto, a caminho da solicitação do desbloqueio financeiro da Secretaria de Estado do Planejamento (SEP), para então a licitação ser publicada.
"É nesse momento que eu explico o meu sofrimento, porque não depende só de mim, é um conjunto. Ainda é um momento delicado, mas quero acreditar que semana que vem eu mando para a Secretaria de Estado de Controle e Transparência (Secont) e, em cinco, seis dias, seja publicado", estima o diretor-geral.
CONCLUSÃO DA OBRA E ABANDONO
Ao falar em prazos, Maretto afirma que as obras começarão antes do final do ano e também explica que obras internas estão sendo feitas no local, como a manutenção de banheiros. A partir do momento que uma empresa for contratada, as obras têm o prazo de 30 dias para começar.
Além disso, a Ceturb-ES afirma que o local possui segurança e manutenção. Em nota, pontua que, apesar de desativado, o terminal recebe manutenção normalmente, como a poda da grama e vigilância 24 horas.
PREJUÍZOS E INSEGURANÇA
A funcionária pública Sabrina Silva Santo, moradora do bairro Jockey de Itaparica, em Vila Velha, conta que a rotina mudou para ela e para o marido, que antes podiam ir a pé ao Terminal de Itaparica pegar ônibus, mas agora precisam ir até um dos pontos de apoio instalados, para se dirigir até o Terminal de Vila Velha, depois até o Terminal do Ibes e, somente então, conseguir entrar no coletivo que os leve até o destino final.
"O que prejudicou muito foi a falta de opção de ônibus. Antes eu podia pegar muitas linhas para vir para casa, hoje eu tenho só uma opção e sempre vem lotado, além do tempo de espera. Durante a semana a média é de 40 minutos de intervalo entre um e outro e, nos finais de semana, é de uma hora", afirma.
Sabrina também fala sobre a insegurança, os riscos de assalto nos pontos de apoio, instalados após as mudanças das linhas para os outros terminais, e o medo de assaltos.
"Não entra na minha cabeça como arrancaram toda a cobertura sem uma previsão do que vão fazer. É um descaso, sentimento de abandono. Hoje eu tenho que fazer um trajeto que eu não preciso. Dar uma volta enorme quando podia chegar cedo, além do risco de assalto nos pontos de apoio, que ficam longe e não têm policiamento na região", desabafa.
HISTÓRICO DE PROBLEMAS
Inauguração em 2009
O Terminal de Itaparica foi inaugurado e custou R$ 12 milhões, segundo o governo na época. Entretanto, no ano passado, foi informado que, na verdade, foram gastos R$ 8,3 milhões.
Maio de 2013: desabamento
Uma das marquises do terminal desabou durante uma forte tempestade. Quatro ônibus foram atingidos e uma pessoa ficou ferida durante a correria.
Novembro de 2015: primeiro estudo
Iopes apresentou estudo de arquitetura para construção de nova marquise e sugeriu a contratação de perícia especializada para avaliação do local.
Junho de 2016: demolição parcial
A marquise de um dos lados do terminal foi demolida por questões de segurança. O custo para retirada foi de R$ 50 mil.
Junho de 2017: falhas encontradas
Laudo técnico contratado pela Ceturb apontou falhas tanto de projeto quanto de execução, porém atribuindo à execução a causa principal da queda da marquise.
Julho de 2018: laudo orienta interdição
Perícia contratada pela Ceturb aponta indícios de subdimensionamento estrutural em relação ao projeto e estado crítico de corrosão nas peças estruturais. O laudo orientou, à época, interdição imediata do terminal, que ocorreu no dia 28 do mesmo mês. O laudo custou R$ 43 mil.
Novembro de 2018: projeto
Após consultar perito, Iopes decide pela demolição do teto do terminal. Empresa é contratada para fazer o projeto por R$ 117 mil.
Novembro de 2018: demolição
É contratada empresa para demolir a cobertura do local assim como o pórtico de entrada (estrutura em forma de arco). O contrato foi de R$ 466 mil.
Início da reconstrução: sem data definida
Segundo o Iopes, o novo teto será em lona tensionada para agilizar a entrega. O material tem vida útil de 40 anos.
Reabertura: sem prazo
ALTERNATIVA DESCARTADA
O Iopes não informou quando o Terminal de Itaparica será reaberto. Segundo o diretor-geral, o projeto e o orçamento estão prontos, mas a licitação para escolher a empresa que tocará a obra, que vai custar R$ 9 milhões, ainda não foi feita. Também será feita nova captação de água, iluminação, polimento do piso e melhoria dos banheiros.
O diretor-geral do Iopes afirma que chegou a propor uma solução aos prejuízos de tempo perdido que a população usuária dos coletivos tem enfrentado. Ele afirma que se dispôs a montar uma operação junto à Certurb para um novo remanejamento das 35 linhas (duas foram desativadas com a interdição) para um espaço próximo ao Terminal de Itaparica.
A reportagem questionou a Ceturb-ES sobre a possibilidade e, por meio de nota, a companhia informa que a sugestão do Iopes foi analisada por técnicos que constataram a inviabilidade da mesma, pois o local proposto comportaria apenas 11 veículos, sendo que o terminal opera com mais de 30 linhas.
Ainda em nota, a Ceturb explica também que seria necessária a construção de bilheterias para possibilitar a integração entre linhas alimentadoras e troncais que posteriormente seriam retiradas, com a conclusão da obra original. Outro item apontado é a dificuldade de instalar um sistema provisório de combate a incêndio, para garantir a segurança de passageiros.
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