Por muito anos, o Recanto JB, na Curva da Jurema, foi point de grandes eventos. Da lambada à famosa "Terça Reggae", abrindo espaço ainda para outros estilos musicais, está agora de portas fechadas. Com dívidas junto à Prefeitura de Vitória, os proprietários receberam a ordem de despejo no mês passado, e deixaram para trás uma história de 35 anos de comida boa e promoção cultural.
A situação começou a ficar crítica em 2016, ano em que a família que estava à frente do estabelecimento decidiu negociar com a prefeitura o parcelamento de aluguéis atrasados. A dificuldade de manter o pagamento em dia estava relacionado ao esvaziamento da Curva da Jurema, uma vez que a erosão avançava na praia e o número de frequentadores foi decaindo na região, segundo aponta o advogado Raphael Macedo.
"A situação espantou o turista, tiveram uma baixa e não conseguiram honrar seus compromissos", lembra Macedo. Desde então, o problema da erosão só se agravou e até hoje não foi dada solução para engorda da faixa de areia na Curva da Jurema.
Mesmo com as dificuldades financeiras, em 2017 a concessão do quiosque foi prorrogada. Naquele ano, em uma entrevista para A Gazeta, João Bernardes da Silva, o JB, se queixou da falta de ações do poder público para os turistas e moradores de Vitória voltarem a frequentar a região, e ressaltou que ele próprio havia feito investimentos para oferecer melhor estrutura aos clientes.
Mas a frequência na Curva da Jurema, com altos e baixos, não garantiu o retorno financeiro necessário para que os donos do JB conseguissem pagar a prefeitura. Novos atrasos e o caso foi parar na Justiça, culminando com o despejo. Macedo diz que a administração municipal queria receber o valor integralmente, sem parcelar, mas os quiosqueiros não dispunham de recursos para tanto.
"Acabaram privando uma família de trabalhadores de manter o seu negócio. E agora, com uma empresa única administrando os quiosques, vai ser praticamente um monopólio na Curva e em Camburi. E eles ainda vão pagar menos do que pagavam os donos do quiosque", ressalta Macedo.
Leonardo Krohling, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV), órgão responsável pela gestão do turismo na Capital, garante que a administração municipal abriu espaço para a negociação tanto com o quiosque JB quanto com outros que apresentaram dificuldades no pagamento, mas que não foi bem-sucedido. "Eles pararam de pagar tanto o aluguel quanto o parcelamento da dívida", diz.
E, a partir do momento que os donos do JB foram notificados da ação na Justiça, os prazos foram correndo até que tiveram que deixar o quiosque. "Se eu não respeitasse os prazos judiciais, eu que responderia por improbidade administrativa", justifica Krohling.
Prefeitura e advogado não informaram o valor da dívida. Já a família, abalada pelo fim de um projeto de vida, prefere não se manifestar.
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