Com a implantação de 100 ônibus do Transcol com ar-condicionado, que circulam sem cobradores, já que somente são aceitos passageiros com o cartão do Bilhete Único nesses coletivos, cerca de 150 cobradores que atuavam nesses coletivos precisaram encontrar outras funções nas empresas para as quais trabalham. Um terço desses profissionais, 55 rodoviários, aderiu ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), previsto em acordo firmado pelo governo do Estado e pelas empresas com o Tribunal Regional do Trabalho no Estado (TRT-ES).
Atualmente, com o Bilhete Único, todos os usuários de transporte público podem utilizar os cartões do Sistema Transcol, dos ônibus da Viação Sanremo (linhas de Vila Velha) e das linhas municipais de Vitória (verdinhos) em todos os coletivos da Grande Vitória. Porém, nesse primeiro momento, ainda não é possível pagar uma única passagem, ou seja, o usuário que sair do Transcol para o verdinho, por exemplo, pagará duas tarifas.
Isso acontece porque nesse primeiro momento foi feita apenas a integração dos sistemas operacionais dos ônibus. Já integração da tarifa, será realizada na próxima etapa do projeto. A novidade faz parte do processo de integração do Sistema de Bilhetagem dos Transportes Coletivos da Região Metropolitana da Grande Vitória.
De acordo com a Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), os 100 novos ônibus com ar-condicionado e sem cobrador previstos para 2019 já estão em operação. Para os próximos três anos, a programação inclui mais 500 novos ônibus nesse mesmo sistema. uma média anual de 170 carros.
Indagada sobre como está a atual situação dos cobradores de ônibus, que terão a função em desuso com os novos ônibus que aceitam apenas passageiros com cartão de passagem, a Semobi informou que a implantação do Bilhete Único possibilitou a criação de novas funções dentro do sistema, como a dos agentes de venda que hoje atuam nos terminais.
Segundo a Semobi, as empresas operadoras estão incentivando os funcionários para que participem de cursos de requalificação para aprimoramento profissional e aperfeiçoamento para novas atividades, como motorista, mecânico e eletricista, por exemplo. Porém mesmo com a possibilidade de relocação de cargos, um terço dos profissionais optou pelo plano de demissão.
"Desde a implantação dos novos coletivos com embarque exclusivo pelo Cartão GV, ao todo, cerca de 50 ex-cobradores estão sendo treinados ou foram promovidos para exercer outras funções, como manobristas, motoristas, fiscais, auxiliares de serviços gerais, auxiliares administrativos, auxiliar de tesouraria, auxiliar de programação, auxiliar de tráfego, entre outras", explicou, por nota.
Além destes, a Semobi informou que 24 estão atuando com agentes de vendas, e outros 27 estão inscritos em cursos e treinamentos, totalizando cerca de 101 rodoviários que continuam atuando na categoria. Já outros 44 aderiram ao Programa de Demissão Voluntária (PDV), previsto no acordo com o TRT-ES, e 11 estão na fila do PDV, totalizando 55 que optaram por sair.
Após a implantação do Bilhete Único nos ônibus da Grande Vitória, alguns usuários relataram problemas nos pontos de venda. Perguntada sobre isso, a Semobi afirmou que a rede de venda de cartões e recarga foi ampliada para mais de 90 pontos. Desde o dia 31 de julho, já foram vendidas 52.500 novas unidades do Cartão GV Cidadão.
"São 60 farmácias cadastradas, mais 25 agentes e novas lojas em terminais. Além disso, foram implantadas máquinas de auto atendimento em oito terminais até o momento. As máquinas de recarga também estão sendo instaladas em shoppings e na rodoviária e devem entrar em operação ainda este mês. Por fim, a recarga on-line também já está disponível no site do Cartão GV, para modalidades cidadão e estudante", afirmou a nota.
A mudança causou protestos em meados de 2019, quando foi anunciada. Na época, os rodoviários temiam que trabalhadores ficassem desempregados.
A reportagem conversou com José Carlos Sales, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Espírito Santo (Sindirodoviários). Para ele, o maior problema está relacionado a uma possível sobrecarga de funções aos motoristas, que pode causar riscos na segurança durante o transporte.
"Foi enviada à Assembleia Legislativa uma frente parlamentar em defesa do rodoviário, onde o sindicato defendeu a presença de um auxiliar de bordo para atuar junto ao motorista. Passamos nossa preocupação com a insegurança para passageiros e motoristas devido ao acúmulo de funções", explicou.
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