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Tremor de magnitude de 2,1 graus assusta moradores no ES

Tremor de magnitude de 2,1 graus assusta moradores no ES

De acordo com o especialista George Sand Leão, a Rede Sismológica Brasileira detectou um abalo sísmico em Laranja da Terra. Estrondo e tremores foram sentidos na cidade vizinha, Itaguaçu

Publicado em 26 de julho de 2019 às 22:50

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Um tremor de terra atingiu o município de Laranja da Terra — Noroeste do Espírito Santo — no início da noite de quarta-feira (24). De acordo com o registro feito pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), o abalo sísmico foi de 2.1 na Escala Richter, e pode ser sentido na cidade vizinha, em Itaguaçu.

O fenômeno assustou os itaguaçuenses que, nas redes sociais, comentaram sobre o tremor de terra. Uma mulher ainda relatou que estava sem entender o que tinha acontecido, e que o barulho era muito similar ao de um trovão. Ela disse, ainda, que sentiu a casa tremer.

De acordo com o especialista George Sand Leão, que atua no Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, quatro estações da rede registraram o evento que, apesar de ter causado o susto nos moradores, é de pequena magnitude e não causaria nenhum dano a população. "O tremor foi em Laranja da Terra mas pode ser sentido em Itaguaçu", relatou o especialista.

No Espírito Santo, há cerca de quatro estações sismográficas que fazem esse monitoramento, mas há estações nos Estados vizinhos que também podem monitorar. "Este evento foi muito pequeno e, por isso, somente algumas estações registraram. Esses tremores são geralmente causados por acomodação da falha geológica*", disse George.

* Falha geológica é a ruptura ou cisão de um bloco de rochas ou faixas estreitas da superfície que é responsável pelo deslocamento de suas partes. O acúmulo de energia e a eventual liberação desta em zonas de falhas geológicas é um dos fatores responsáveis pela ocorrência dos terremotos.

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O Estado do Espírito Santo apresenta eventos com grandes magnitudes. A possibilidade de ocorrer um evento de grande magnitude no Estado é mínima, pois não estamos nos maiores limites tectônicos como o Chile e oeste dos Estados Unidos, ou até mesmo o Japão

George Sand, especialista
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Sand finaliza dizendo que a maioria dos tremores no Brasil somente provocam um susto. "Atualmente, essa rede monitora com mais precisão os eventos que antes não tinha esse diagnóstico".

COMENTÁRIOS

No Facebook, muitos moradores comentaram sobre o fenômeno sem entender do que se tratava. "Aqui também deu, eu não ouvi, mas os vizinhos ouviram", comentou uma mulher. "Eu também ouvi e assustei com o barulho; parecia trovão", disse um homem.

ESPÍRITO SANTO REGISTRA MÉDIA DE TRÊS TREMORES DE TERRA POR ANO

A suposta tranquilidade percebida no solo capixaba é só aparente. Abaixo da superfície reina uma inquietação que agora a reportagem do Gazeta Online traz à tona. A equipe de pesquisadores do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília aponta que no Espírito Santo ocorrem, anualmente, pelo menos três tremores de terra. No entanto, são de baixa intensidade, com magnitude entre 1,4 e 2,6 na escala Richter, com raríssimos episódios acima desse limite.

Considerando os abalos mais amenos, a partir de magnitude zero, a terra tremeu no Espírito Santo 17 vezes no intervalo de maio de 2012 e agosto de 2017, em episódios de no máximo três segundos. 

"Nós monitoramos as atividades no solo do Espírito Santo de forma abrangente, mas não da maneira que gostaríamos. Para a cobertura ser mais precisa, necessitaríamos de equipamentos ainda mais modernos e máxima tecnologia. Mas os dados são corretos e precisos no que é proposto. A dificuldade nossa talvez seria conseguir alertar a população antes de um terremoto maior. Se antecipar ao tremor, assim como o Japão, por exemplo, consegue, é o desafio", explica o pesquisador e professor da Universidade de Brasília (UnB), George Sand Leão Araújo de França.

Desde 1988, ano em que o estudo se intensificou, detectava-se em solo capixaba, em média, apenas um ou dois tremores por ano. Contudo, eles não podem ser chamados de terremotos, já que o termo é empregado apenas aos abalos mais intensos, que são capazes de derrubar casas e prédios. Na época havia apenas dez sismógrafos — aparelhos que registram a movimentação da crosta, a camada mais externa da superfície da terra — espalhados pelo Brasil e capazes de acompanhar os tremores no Espírito Santo.

Figura que exemplifica como funciona a onda gerada em um sismógrafo durante um tremor de terra. (UnB)

Há 18 anos, porém, quando as pesquisas se aprofundaram e ganharam mais atenção do Governo Federal, foram instalados mais 90 sensores, cobrindo outros pontos estratégicos do território nacional, e a verdadeira atividade da crosta capixaba começou a ser revelada. Os resultados ganharam o reforço de uma técnica adotada pela primeira vez no país, a chamada refração sísmica profunda, que é quando os pesquisadores passaram a conseguir medir tremores de até 40 quilômetros de profundidade.

"Esses avanços foram importantíssimos para a realização do trabalho e passamos a conhecer melhor nosso solo. Então, chegamos à conclusão que o motivo principal para que os tremores acontecessem é que a terra libera instantaneamente pressões internas, pressões que são causadas pela acomodação de placas tectônicas. Essas placas se acomodam e, como a pressão que está na crosta precisa ser liberada, ela suspende a placa para emergir", explica o pesquisador.

SEM ALARDES

De acordo com George Sand Leão Araújo de França, a grande agitação subterrânea no Espírito Santo não representa motivo de preocupação para os capixabas. Ele conta que, na maioria dos casos, os tremores são registrados apenas pelos sismógrafos e dificilmente as pessoas sentirão a terra tremer. É importante, contudo, estar "sempre preparado para o pior."

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"O Espírito Santo registrou em 1955 o segundo pior tremor de terra do país, com 6,1 de magnitude, ficando somente atrás de um que aconteceu no Mato Grosso, no mesmo ano, que anotou 6,2. Então, se hoje a atividade é bem pequena quanto à sua intensidade, não podemos descartar que no futuro outro tremor bem forte aconteça. E, como ainda não temos como alertar a população antes, é importante que as pessoas construam casas mais resistentes para que elas resistam da melhor forma ao fenômeno", concluiu.

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