Três integrantes do Primeiro Comando de Vitória (PCV) foram denunciados como responsáveis pelos assassinatos de dois irmãos e de uma liderança do tráfico, ocorridos no Morro da Piedade, no ano passado. Além das ordens para matar, a facção criminosa forneceu armas de fogo, munição, celulares e pessoal para viabilizar os crimes.
Entre os denunciados está Geovani de Andrade Bento, mais conhecido como Vaninho. Ele é apontado pelo Ministério Público Estadual (MPES) como membro da cúpula do PCV, considerando que as principais lideranças da facção criminosa se encontram presas. Foi ele, segundo a denúncia, que autorizou o fornecimento das armas, munição, celulares e pessoal.
A atuação foi viabilizada com a participação de Tiago da Silva, o Thiago Floresta, além de Roger Vinicius Soares Clemente. Os dois seriam integrantes da facção denominada Trem Bala, o braço armado do PCV.
O objetivo dos criminosos, segundo denúncia apresentada pelo MPE, era retomar o narcotráfico na região que abrange os morros da Piedade, Fonte Grande e Moscoso. Outras 15 pessoas já respondem a processo pelos mesmos homicídios, mas as informações mais recentes é de que houve uma participação direta de integrantes do PCV.
Os assassinatos resultaram em outros crimes na região e até em protestos da comunidade pedindo por mais segurança. Dezenas de moradores acabaram deixando o bairro em decorrência do avanço da criminalidade e do medo de novos confrontos.
Segundo a investigação que embasou a denúncia do MPES, desde o final do ano de 2017, cerca de 20 pessoas portando armas de fogo e trajando toucas ninjas, coletes e coturnos se revezavam na procura pelos chefes do tráfico de drogas local, com o objetivo de eliminá-los e tomar o controle da região da Piedade, Fonte Grande e Moscoso.
Este grupo, junto com suas famílias, haviam sido expulsos destas localidades pelos que estavam chefiando o tráfico na região. Naquela ocasião, o comando do tráfico estava nas mãos dos integrantes da Família Ferreira Dias. E era em busca deles que o grupo estava. Contavam com o apoio do PCV e do Trem Bala.
No dia 25 de março do ano passado, uma das vítimas, Ruan Reis, se encontava em sua casa, quando foram abordados por Thiago Floresta e outros companheiros. Eles queriam informações sobre o chefe do tráfico. Como ele não sabia, foi levado para o alto do Morro da Piedade.
O fato foi presenciado pela companheira de Ruan e informado ao irmão dele, Damião Marcos Reis, que passou a procurar por eles. O grupo foi achado no alto da Piedade, onde Ruan e Damião acabaram sendo executados.
Três meses depois, Thiago Floresta e Roger assassinaram Walace de Jesus Santtana, mais conhecido como Neguinho Walace. Ele era o braço direito do chefe do tráfico local, pertencente à Família Ferreira dias. No dia do crime ele estava na casa da mãe.
Ao tomarem conhecimento do fato, o grupo, que incluia Thiago Floresta e Roger, partiram para o local. Ao ser abordado, Walace tentou fugir, mas acabou sendo morto por vários tiros. Neste caso, o motivo foi uma ação de vingança.
Dias antes Neguinho Walace havia matado Aladir Oliveira Filho, que era pai de Alan Rosário de Oliveira, que integrava o grupo criminoso dos que queriam tomar o controle do tráfico na Piedade, Fonte Grande e Moscoso.
Nos dois casos as armas utilizadas nos crimes foram posteriormente localizadas com Thiago Floresta. E contaram ainda em ambos os casos, com a participação de importante liderança do PCV, o Vaninho.
Os três foram denunciados por homicídio, realizado por motivo fútil ou torpe, sem permitir que a vítima tivesse condições de se defender, uma vez que o grupo estava em número bem maior de pessoas. Atuaram por vingança, e em emboscada, segundo a denúncia do MPES.
Além dos integrantes do PCV, outras nove pessoas foram denunciadas pelo assassinato de Walace. O processo, iniciado em julho do ano passado, ainda está tramitando na Justiça estadual. Pelo crime dos irmãos Ruan e Damião, outras seis pessoas também respondem a processo penal.
A reportagem não conseguiu localizar os advogados que fazem a defesa de Vaninho, Thiago Floresta e Roger para se manifestarem sobre a denúncia do MPES.
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