Os casos suspeitos de coronavírus no Espírito Santo deixaram os capixabas em alerta, mas a pergunta que não quer calar é: somente a máscara cirúrgica, que muitas pessoas passaram a usar, é eficaz na prevenção da doença?
A reportagem de A Gazeta conversou com o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia no Espírito Santo, Alexandre Rodrigues da Silva, para esclarecer a questão. "O recomendado é cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar, e manter as mãos sempre limpas para evitar a propagação do vírus", diz.
Ele afirma que o uso da máscara é eficaz quando é bem utilizada e em situações de real necessidade. "Pensando em uma situação geral, não é indicada para todo mundo comprar e usar. Ela é um instrumento recomendado como prevenção para quem já está com o vírus não passar para outras pessoas", aponta o presidente.
Se tiver alguma pessoa da sua família, que mora com você, infectada pela doença, a orientação é de que o uso da máscara seja feito. "Isso é indicado para todos que estão a menos de um metro de um paciente com o vírus confirmado", explicou Alexandre.
Alexandre diz que é importante ressaltar que a máscara não está indicada para todos porque as pessoas vão adotar uma sensação de falsa proteção. "Na hora que ela está utilizando a máscara e não higieniza a mão, compartilha objetos, acaba contaminando a própria máscara", observa.
Para quem está com a suspeita da doença, é importante prestar atenção no tempo de uso da máscara para que ela não perca a eficácia. "Não tem tempo fixo para máscara ser trocada. Ela pode saturar em mais ou menos tempo. Se tiver quente, será saturada mais rapidamente. É aquela coisa: a gente sente a nossa respiração úmida e isso satura a máscara, dá uma sensação de sufocamento. Depende da temperatura, de como a pessoa está respirando", pontua Alexandre Rodrigues.
"Com o tempo e muito uso, a máscara vai ficando saturada, pesada, suada, molhada. E aí ela perde o fator de proteção. Então a pessoa vai estar usando uma máscara sem poder de filtragem", completa o infectologista.
A pessoa que escolher utilizar a máscara deve continuar com os cuidados de lavar e higienizar as mãos."Quando ela não higieniza as mãos e manipula a máscara por fora, se tiver tido contato com alguém contaminado, a máscara pode ter vírus por fora. Por isso que a máscara, pensando em uso individual na comunidade ou na população, pode trazer malefício maior que benefício", destaca Alexandre.
O afã de muitas pessoas para compra de máscaras está levando à falta do produto para quem realmente necessita. O secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, relatou nesta quinta-feira (27) que municípios comunicaram a ausência de máscaras em unidades de saúde porque os fornecedores não têm para disponibilizar devido ao aumento da demanda.
"O sistema de saúde é afetado por um movimento da sociedade que não é necessário. A máscara não é a forma da população de maneira geral se prevenir", conclui Fernandes.
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