O custo de manutenção (devido ao desgaste, roubos ou vandalismos) também contribuiu para que a empresa Grow parasse de operar temporariamente em diversas cidades brasileiras, incluindo os municípios capixabas de Vitória, Vila Velha e Guarapari, segundo publicação de O Globo, nesta sexta-feira (24).
O anúncio da suspensão temporária das bicicletas compartilhadas e do fim dos patinetes elétricos aconteceu na última quarta-feira (22). À ocasião, a empresa limitou-se a justificar que as ações fazem parte de uma reestruturação do empreendimento, sem citar quais outros motivos teriam contribuído para a saída do mercado.
Colocadas para uso, inicialmente em Vitória, em janeiro de 2019, as bicicletas compartilhadas já estamparam muitas vezes os noticiários. Eram frequentes os casos de vandalismo e roubos dos equipamentos. Teve bike colocada em cima de ponto de ônibus, encontrada dentro da água, em terreno baldio e até utilizada para a prática de crimes.
De acordo com Armandinho Fontoura, representante do Movimento da Praia do Canto, pelo menos dez equipamentos eram vandalizados diariamente. Essa foi uma informação que colhemos junto ao setor de recuperação da empresa, que não dava conta de reaver todas. As travas das bicicletas eram muito frágeis, revelou.
A Gazeta procurou a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que informou não ter o dado de quantas bicicletas sofreram vandalismo ou foram usadas em crimes. A empresa Grow também preferiu não confirmar tais números.
Diante tantos casos envolvendo as "amarelinhas", o representante do Movimento da Praia do Canto disse ter tentado alguma solução. "Nós, da associação, entramos com um ofício no Ministério Público Estadual (MPES) pedindo para que os sistemas de segurança fossem melhorados. Lamentamos profundamente quando soubemos do fim da operação, disse Armandinho.
Além da manutenção, fruto do desgaste natural e do vandalismo, a reportagem do site O Globo também aponta outros dois fatores decisivos para a retirada desses meios de transporte dockless (que não têm estações fixas) das ruas: o alto custo de logística e o modelo de negócio adotado por parte dessas empresas.
Nesse modelo, os equipamentos ficam espalhados pelas cidades e custa caro colocá-los onde o usuário precisa. Como essas empresas precisam ter muitos clientes para aumentar a receita, a operação também encarece e a conta não fecha, explicou Daniel Gruth, diretor executivo da Aliança Bike, uma associação do setor.
Além disso, a ausência de injeção de investimento privado ou de subsídio público também dificulta a viabilidade do negócio. O mecanismo de assinatura, por exemplo, favorece o uso recorrente e permite uma previsibilidade na receita, esclareceu Maurcio Villar, um dos fundadores da Tembici, pioneira no país, que também conta um patrocínio bancário.
Especificamente no caso dos patinetes, a apuração de O Globo também identificou que há outros fatores que dificultam a operação. A durabilidade é de aproximadamente 90 dias, a manutenção é cara e a corrida também. Além de que não está integrado às políticas públicas de mobilidade urbana, afirmou Daniel Gruth, diretor executivo da Aliança Bike.
Procurada por A Gazeta, a Grow não confirmou o número de bicicletas que eram danificadas diariamente na Grande Vitória, bem como não revelou quantos foram os reparos feitos durante o único ano de operação no Estado. Por questões estratégicas, a empresa não divulga o número de equipamentos, afirmou.
Quanto à suspensão das operações, a empresa garantiu que a decisão foi tomada para que a companhia promova um ajuste operacional e continue prestando serviços de forma estável. Já em relação à disponibilização de bikes, a empresa afirmou estar suspensa em todo o país e ainda sem previsão para que volte a ser efetuada.
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