Pedro tem 12 anos. Gosta de festas e carros, vai à escola. Mas ao contrário da maioria dos meninos da sua idade, não fala, não escreve e usa fralda. Pedro é autista. E como qualquer pessoa, pode ser definido de muitas formas. Por isso, ele é também o "amigão" dos coletores de lixo de Vila Garrido, em Vila Velha.
Nesta semana, a mãe do menino, Eliana de Assis, de 43 anos, postou em uma rede social um vídeo em que Pedro vibra ao ser cumprimentado pelos profissionais do caminhão de lixo. Basta ouvir "ei, amigão", para o garoto, da varanda de casa, retribuir com palmas e sorrisos. A cena acontece sempre que o caminhão de lixo passa em frente à casa da família.
Foram dois anos até a mãe descobrir que o filho tinha autismo. Pedro chegou a falar quando bebê, mas com 1 ano e 8 meses já não falava mais nada. Com 3 anos e 8 meses ele foi diagnosticado com o tipo severo da doença. A mãe conta que desde então "foi muita luta".
"A gente vence, como se fosse um leão, todo dia. Cada coisinha que ele faz, para gente é motivo de muita alegria. Meu filho come e bebe sozinho, sabe entrar no youtube, ligar a televisão, convida todo mundo que vem aqui para entrar e tomar um café. Ama festa, mas não posso levá-lo a nenhuma porque ele sempre enfia a mão no bolo. Mas ele não consegue ficar parado em local aberto, não posso deixar o portão de casa aberto porque ele foge.Não fala, não escreve, só rabisca, vai para escola mais por socialização. Quando está em crise, ele morde. Mas sabe retribuir todo carinho que recebe", detalha.
Foi para mostrar a realidade das crianças com autismo severo que Eliana publicou o vídeo na rede social. Ela é categórica ao dizer que as pessoas não conhecem o transtorno do espectro autista, e estão acostumadas com os níveis leves da doença.
Por tudo isso, o carinho que o menino recebe dos coletores de lixo também deixa feliz a mãe. "Nunca pedi para eles falarem nada. É o maior presente que a gente ganha. Não tem dinheiro que pague isso", diz emocionada.
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