O primeiro caso de sarampo no Espírito Santo, após seis anos, foi confirmado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), nesta terça-feira (13). Entretanto, a informação é de que a jovem, 19 anos, moradora de Cariacica, contraiu a doença em São Paulo no último mês, cidade que passa por um surto.
>Caso de sarampo provoca aumento na procura pela vacina em Cariacica
Nesta quarta-feira (14), a coordenadora do Programa de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis, Danielle Grillo, em entrevista à CBN Vitória, esclareceu dúvidas sobre o sarampo.
Um dado que chamou a atenção é que, de acordo com a coordenadora, o vírus pode ficar no ar em um período de até duas horas e um único caso pode infectar outras 12 pessoas. Confira a entrevista completa.
QUAL É A ORIENTAÇÃO DA SESA?
A recomendação é que os municípios realmente trabalhem na intensificação das campanhas de vacinação. Além disso, eles estão trabalhando no bloqueio vacinal diante dos casos suspeitos. Essa é uma recomendação muito importante, para evitar que a doença se espalhe, que tenham casos secundários.
Essa ação de intensificação é muito importante, porque nós ainda temos pessoas com o esquema vacinal incompleto ou que não foram vacinadas. Então, principalmente a população de adulto e de jovem deve olhar o seu cartão de vacinação. Se tiver alguma dúvida se recebeu a dose, procure uma unidade de saúde. A vacina tríplice viral está a disponível em todas as unidades de saúde do Estado.
QUEM PRECISA TOMAR A VACINA?
O calendário de 1 ano até 29 anos são duas doses da vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola. De 30 até 49 anos, uma dose. As pessoas que já têm o esquema completo, não têm necessidade de tomar uma dose adicional, já aquelas que têm o esquema incompleto ou não foram vacinadas, devem procurar uma unidade de saúde e, além disso, aquelas que não sabem e não tem certeza, devem buscar, porque o importante é fazer a prevenção.
QUAL É A ORIENTAÇÃO PARA CARIACICA?
A orientação para o município de Cariacica, que tem um caso confirmado, é inclusive fazer uma ampliação da vacinação para a faixa etária de 6 meses a 11 meses. Essas crianças vão receber uma dose extra da vacina tríplice viral.
Essa dose não é considerada válida para rotina do calendário da criança, porque ainda tem interferência do anticorpo da mãe da criança, então ela deve ser revacinada aos 12 meses com a primeira dose do calendário e depois aos 15 meses com a segunda dose.
Essa ação de vacinação do público infantil, de 6 a 11 meses, é somente num risco epidemiológico. É uma proteção adicional para essas crianças que não estão vacinadas, porque a vacina não é recomendada na rotina do calendário. É uma proteção, considerando que esse caso foi confirmado em Cariacica.
A orientação do Ministério da Saúde é que municípios que tenham casos da doença façam essa vacinação dessa população de 6 a 11 meses. Os residentes em Cariacica devem receber essa vacina. Além disso, continuar a ação de vacinação para todo Estado, para aquelas crianças que forem se deslocar para municípios de Estados com surto da doença.
IR OU NÃO A CARIACICA?
Na verdade, existe uma vacina muito eficaz contra a doença, então as pessoas que estão devidamente vacinadas não precisam de ter nenhuma preocupação com relação a isso.
O que é importante é as pessoas manterem a caderneta de vacinação em dia. Agora existe um cuidado com relação a essas crianças menores de 1 ano. Quem vai para Cariacica e tem um bebê com menos de 11 meses, é importante que essa criança tenha recebido a vacina ao menos 15 dias antes, que é o tempo da vacina fazer o efeito.
Quem tem um bebê com menos de 6 meses, que a vacina é contraindica, é preferível evitar ficar em locais aglomerados.
COMO É O BLOQUEIO VACINAL?
O bloqueio vacinal é feito a partir da suspeição do caso, para não perder tempo. A partir da notificação de um caso suspeito de sarampo, é desencadeada a ação de bloqueio vacinal, e ela é feita nos contatos diretos e indiretos daquela pessoa que está com suspeita da doença (local de trabalho e familiares, por exemplo).
O bloqueio é feito por onde essa pessoa esteve no período de transmissividade da doença. A transmissão da doença é pelo ar, então o vírus pode ficar no ar por um período de até duas horas. Se ela esteve naquele local, o bloqueio é indicado.
QUEM TEVE A DOENÇA PODE TER NOVAMENTE?
Quem teve o sarampo, não adquire novamente, tem uma imunidade natural pela doença. O que é importante reforçar é que a vacina é tríplice viral: também protege contra a caxumba e rubéola, lembrando que a rubéola pode ser muito grave, principalmente em gestantes.
Quando você tem um surto de sarampo na proporção como está acontecendo no Estado de São Paulo, isso significa que a população não está definitivamente vacinada, você também pode ter o retorno da rubéola. É importante que as pessoas fiquem atentas ao calendário de vacinação. Não tem nenhum problema quem teve sarampo tomar a vacina tríplice viral se for uma pessoa não vacinada.
QUEM JÁ FOI VACINADO PRECISA TOMAR A VACINA DE NOVO?
Precisa ser verificado a faixa etária da pessoa e quantas doses ela tomou na infância. É importante também alertar que as pessoas que nasceram antes da década de 1990, provavelmente não receberam a vacina tríplice viral, receberam a vacina do sarampo monovalente, que só protege contra o sarampo, não protege contra a rubéola e a caxumba. É importante verificar o cartão de vacinação.
ADULTO QUE NÃO SE LEMBRA SE FOI VACINADO. O QUE FAZER?
Se for uma pessoa na faixa etária de 1 a 49 anos que não se lembra se tomou a vacina, é melhor tomar de novo. O tomar de novo não vai ter nenhum problema, mas se ela deixar de tomar e vir a pegar o sarampo, pode ter sérias complicações.
QUAIS SÃO AS COMPLICAÇÕES DA DOENÇA?
O sarampo é uma doença de alta transmissibilidade. Ele é transmitido de pessoa a pessoa, através da tosse, fala e espirro, até a própria respiração. A pessoa que tem o vírus, em um ambiente fechado, essas micropartículas ficam no ar em até duas horas, ou seja, se encontrar uma pessoa suscetível, a pessoa pode pegar o vírus.
Lembrando que, em uma população vulnerável, ou seja, não vacinada, um único caso confirmado de sarampo pode infectar até outras 12 pessoas.
Isso é para a gente ver o quanto o sarampo é uma doença altamente transmissível e, por isso, que é importante a prevenção através da vacinação, que é a única forma de prevenção da doença.
Com relação à gravidade, é importante dizer que, no passado, o sarampo era uma doença considerada da criança e hoje não, tem sarampo na população infantil e adulta.
A gente verifica uma alta taxa de incidência na população de 15 a 29 anos de idade em São Paulo. A população adulta também deve se preocupar com o sarampo. Mas a gravidade é principalmente nas crianças menores de 1 ano de idade e crianças desnutridas.
Nesses casos, o sarampo pode matar e pode ser muito grave, ele pode causar infecções respiratórias, como pneumonia, pode causar doenças neurológicas, pode causar surdez, cegueira, retardo no crescimento da criança.
CASOS INVESTIGADOS EM VIANA E VILA VELHA.
Ainda estamos trabalhando junto com os municípios na investigação de cadeia epidemiológica. A gente só vai conseguir finalizar após a investigação completa desses municípios.
POR QUE O GRUPO ACIMA DE 49 ESTÁ FORA DO GRUPO DE RISCO?
No passado, o Brasil era endêmico. As pessoas acima de 50 anos tiveram sarampo ou tiveram contato com casos de sarampo, porque era uma doença comum no passado. Então essas pessoas têm uma imunidade natural. Em função disso, o Ministério da Saúde foca nas ações de vacinação na população até 49 anos de idade.
SERÁ FEITA VACINAÇÃO EM MASSA PARA PROFISSIONAIS?
Essas ações de intensificação estão acontecendo nos municípios, principalmente trabalhadores da saúde, profissionais do turismo, pessoas que lidam com público. É muito importante que essas pessoas estejam devidamente vacinadas. Existem as pessoas que são consideradas de alto risco, como trabalhadores da saúde, profissionais de turismo, taxistas, motoristas e cobradores de ônibus.
A VACINA É CONTRAINDICADA PARA QUEM?
É contraindicada para crianças menores de 6 meses de vida, mulheres grávidas e pessoas que têm imunossupressão grave.
QUAL É A ORIENTAÇÃO PARA A PROTEÇÃO DESSAS PESSOAS?
É importante as pessoas estarem alertas, acompanhando esse cenário epidemiológico, e evitar locais aglomerados, onde estão aparecendo casos.
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