A chuva forte que caiu na madrugada de domingo para segunda-feira (02) no município de Marechal Floriano, na Região Serrana do Espírito Santo, foi responsável por uma das piores enchentes já enfrentadas por moradores e comerciantes da cidade. A água subiu rápido, invadiu casas e estabelecimentos, e deixou um rastro de lama pelas ruas.
Nesta terça-feira (03), muitos estabelecimentos no Centro do município ainda estão fechados e comerciantes trabalham na limpeza das lojas. A Rua Clara Endlich foi uma das mais atingidas pelo alagamento causado pelo Rio Jucu Braço Sul e Córrego Batatal.
Gerente de uma gráfica, Lucas Roncheti, de 27 anos, chegou ao local de trabalho na madrugada de segunda-feira (02), antes de a água invadir o estabelecimento e conseguiu proteger todos os equipamentos. Ainda assim, nesta segunda (02) a gráfica não abriu.
"Entrou uns 20 cm de água no fundo da gráfica. Cheguei por volta de 1h da manhã, a água ainda não tinha entrado, mas já estava na porta. Por volta de 2 horas já estava invadindo tudo lá dentro, mas deu tempo de a gente levantar tudo. Ontem ficamos por conta da limpeza, tiramos muita lama daqui de dentro", contou.
Já a Vanda Barros Duarte Ribeiro, de 46 anos, proprietária de um restaurante no Centro da cidade, só conseguiu chegar ao estabelecimento na manhã de segunda-feira (02), e encontrou o local já tomado pela água. "Por volta de 2h da manhã a água chegou aqui. Quando cheguei, por volta de 6 horas, a água já tinha tomado todo o salão. Ontem só limpei, e não atendi os clientes. Não tinha como trabalhar. Hoje, graças a Deus, voltamos ao normal", afirma Vanda.
A comunidade de Rio Fundo, no interior de Marechal Floriano, foi uma das que mais sofreram com a chuva. O pedreiro Delcimar Lemkeglike, de 40 anos, disse que a água começou a invadir a casa às 8h da manhã. Ele e os pais, que moram na mesma casa, começaram a levar tudo para o segundo andar. Ele disse que a água do Rio Fundo, que fica atrás da sua residência, transbordou e atingiu cerca de 30 centímetros de altura da casa.
O prejuízo também foi grande para quem vive da agricultura. O lavrador José Maria Tesch, 53, perdeu cerca de 80%da plantação de verdura. Ele contou que a região sempre tem problemas com a chuva, mas dessa vez a situação foi bem pior. "Tivemos prejuízo com a plantação, terei que refazer tudo porque as que estão aqui murcharam tudo, como couve, alface, agrião. Terei que recomeçar", destacou.
Após a chuva, alguns pontos da cidade ainda estão sem água. A Câmara de Vereadores do município também foi atingida pela chuva e não tem previsão de voltar a funcionar. O local está sem água e sem energia elétrica.
"Não temos previsão para voltar. No momento estamos sem água na cidade. Toda vez que acontece isso (enchente), nossa captação entope e a comunidade quer lavar as residências, os estabelecimentos, e não consegue. A Câmara está passando por esse problema também. Estamos sem luz e sem água", contou o vereador João Cabral Rodrigues Canceglieri.
Ainda de acordo com Canceglieri, a Câmara perdeu móveis e cerca de 500 livros pertencentes a biblioteca do local. "Aqui a água começou a chegar por volta de meia noite de domingo para segunda, e subiu muito rápido. Armário, mesa, a parte elétrica foi danificada. Ainda não conseguimos calcular, o prejuízo foi muito grande. Muitos itens foram danificados. Perdemos muitos livros da biblioteca, pelo menos uns 500 livros", afirmou.
Segundo informações da Prefeitura de Marechal Floriano, o Rio Jucu Braço Sul está dois metros acima do nível normal. A prefeitura está nas ruas realizando a limpeza do município. A cidade tem 20 pessoas desabrigadas, acomodadas pela prefeitura no Centro de Convenções, no bairro Santa Rita.
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