5 de fevereiro de 1979. A capa do jornal A Gazeta trazia estampadas as fotos da histórica enchente que marcou aquele ano no Espírito Santo. A manchete dava dimensão do drama: Chuva mata 50 e desabriga cem mil no Espírito Santo. Entre as principais cidades atingidas estava Colatina, na Região Noroeste.
Durante o domingo (26), os moradores de áreas baixas e de risco do município foram orientados a saírem de casa e procurarem abrigo em um local seguro. Já nesta terça-feira (28) havia a previsão de que o Rio Doce chegasse aos 8 metros.
Em um levantamento, A Gazeta digitalizou fotografias tiradas naquela época ainda em preto e branco que mostram ruas, casas e comércios alagados. Notícias do jornal também revelavam prejuízos incalculáveis e a situação da população, que não tinha combustível, gás doméstico e nem água potável.
Aos 70 anos de idade, o tradicional artesão Zilton Lopes lembra bem do pânico vivido por causa da enchente do Rio Doce em 1979. Na relojoaria, ele mantém registros a respeito e preserva também a marca, até hoje, da altura que a água atingiu no estabelecimento: de aproximadamente 1,40 metro.
Com tecnologias mais limitadas, ele também relembrou o desespero vivido pelos colatinenses. Naquela época não tinha telefone direito, então foi muito complicado porque não tínhamos como receber ou dar notícias. Além disso, também ficamos com muito medo da água levar a ponte porque aí não teria passagem e a destruição seria ainda maior, contou.
Notícias da época também relatam 74 mortes e mais de 4.400 casas atingidas em decorrência da enchente em todo o Espírito Santo. Em entrevista à CBN Vitória, concedida durante o ano passado, o comentarista e historiador Fernando Achiamé resumiu o fato como uma verdadeira tragédia: Não foi uma tempestade, foi quase um dilúvio, definiu.
Não bastasse tal enchente, a cidade de Colatina também sofreu com uma nova inundação apenas dois anos depois, em novembro de 1981; e também outra mais recentemente, em 2013. "Da última vez, a água ficou só 20 centímetros mais baixa que em 1979. Agora é torcer para não acontecer de novo", comentou o relojoeiro Zilton.
*Com a colaboração de Paula Ribeiro e Anelize Roriz Nunes, do Centro de Documentação do jornal A Gazeta
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