Pela quarta vez, fragmentos de óleo voltaram a ser encontrados no litoral do Espírito Santo. Desta vez os vestígios foram localizados em São Mateus, no Norte do Estado. O material foi levado para ser analisado pela Marinha. Nas outras três ocasiões os testes confirmaram não ser o mesmo resíduo que atingiu as praias do Nordeste.
De acordo com o superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Diego Libardi, o material foi recolhido na praia de Guriri e encaminhado para os testes. "Mas ainda não tivemos resultado", relatou.
Nas semanas anteriores substâncias semelhantes foram encontradas, por duas vezes, em praias de Conceição da Barra, também no Norte do Estado, e há três dias o mesmo ocorreu em uma praia da Serra, na Grande Vitória.
Desde o final de agosto, manchas de óleo têm contaminado praias do litoral nordestino. Já foram afetados nove Estados e 385 praias. Há quatro dias a substância foi localizada em Nova Viçosa, litoral baiano, a pouco mais de 50 quilômetros de distância, em linha reta, da divisa do Estado.
Por trás do atraso no deslocamento das manchas em direção ao Estado podem estar algumas mudanças climáticas, como destaca o oceanógrafo do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Pablo Prata.
Ele explica que as manchas de óleo estão se deslocando junto com a massa de água e, ao se aproximar da costa, passam também a sofrer influência das correntes costeiras. "Diferente da Corrente Brasil, com deslocamento de Norte a Sul, as correntes costeiras sofrem mudança de direção, porque são induzidas, na maioria das vezes, por ondas", explica.
Houve uma mudança também em relação aos ventos. "Nós estávamos com vento Nordeste forte, que estava deslocando o material junto à costa baiana pelo trabalho das ondas. Mas desde hoje pela manhã (7) houve parada do vento. E com menos vento, tem menos transferência de energia para o mar, e a geração de ondas será bem menor", afirma.
De acordo com Pablo, quando você tem uma inversão da direção de ondas, também inverte a corrente costeira. "E o material vai estacionar, esperando uma nova inversão para descer", assinala.
Além de não terem novos registros de aparecimento da substância em praias mais próximas ao Espírito Santo, os últimos avistamentos voltaram a ser registrados em cidades baianas mais ao Norte de Nova Viçosa, como Prado.
Novo monitoramento realizado na tarde desta quinta-feira (7) nas praias de Conceição da Barra não localizou vestígios de óleo. A prefeitura informa que também foi concluída a ação de fechamento da foz do Riacho Doce, localizado na divisa com a Bahia, e que tem o objetivo de fazer uma proteção preventiva do estuário.
O mesmo trabalho deverá ser realizado na manhã desta sexta-feira (8) na foz dos rios Itaúnas e Cricaré, onde vão ser instaladas barreiras com rede de pesca. A ação contará com apoio de pescadores, voluntários, Iema, Ufes, e da Marinha do Brasil.
Na tarde desta quinta-feira o Ibama também confirmou que o óleo não chegou a Mucuri (BA). Por nota, o órgão ambiental ressalta que a presença do contaminante foi detectada na praia Costa do Atlântico, localizada no município de Nova Viçosa.
A nota informa ainda que houve um equívoco em relação às coordenadas. "As planilhas divulgadas nos dias 4 e 5 de novembro apontaram Mucuri como uma das localidades atingidas. Informamos que este documento já foi atualizado com a informação correta e está disponível para leitura no hotsite sobre as manchas de óleo no litoral do Nordeste, na página do Ibama", destacou.
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