Há quase quatro anos, a lama com rejeitos de minério da Samarco invadiu o Rio Doce, no Norte e Noroeste do Estado, e transformou violentamente a vida de milhares de capixabas. Depois desse tempo, o consultor Paulo Paiva, contratado para cuidar de estratégias políticas e institucionais diante da tragédia, admitiu ser impossível ressarcir e reparar todos os danos causados aos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015.
"São vidas e histórias que foram cobertas pela lama. Por mais que se faça, com esforços e recursos, não há reparação que reconstrua essas vidas. São situações de dor que não há ação racional que possa resolver", afirmou ele, que presta serviço para a Fundação Renova, entidade criada para tratar dos prejuízos causados pela Samarco.
A declaração aconteceu na manhã desta terça-feira (22), em uma coletiva de imprensa realizada em Belo Horizonte (MG). Minutos antes, o presidente da Fundação Renova, Roberto Waack, havia falado justamente sobre os resultados alcançados pelos 42 programas elaborados para compensar os prejuízos do crime ambiental, conforme previsto no Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC).
Durante a apresentação, Waack destacou o sistema "Pescador de Fato", que reconheceu como atingido quem vivia informalmente da pesca em Regência, no município de Linhares; e informou que R$ 1,84 bilhão já foi gasto com indenizações até agosto deste ano. Ao todo, o valor chegou para 319 mil pessoas.
Questionado sobre os impactados que ainda não foram reconhecidos e indenizados, o presidente da Fundação afirmou que este é um processo contínuo de reconhecimento. "Não sei quantos cadastros ainda estão pendentes e nem quantas são as potenciais pessoas que podem receber a indenização, mas, com certeza, são dezenas de milhares. Por enquanto, não há previsão de que esse levantamento termine", revelou.
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