Após lutar por três anos contra um câncer no peritônio - que acabou se espalhando para outros órgãos do corpo - o músico Cláudio França, guitarrista da Banda Big Bat Blues Band, não resistiu e faleceu na madrugada desta sexta-feira (25).
De acordo com a esposa do artista, Kátia Moreira, que esteve a seu lado durante todo o tratamento, França estava internado no Hospital das Clínicas há cerca de 15 dias, após piora no quadro geral.
"Ele estava fazendo o tratamento em casa, mas um tumor no fígado teve grande crescimento de volume. Isso fez com que Cláudio perdesse parte da coordenação motora e da memória. Com a piora, precisou voltar a ser internado, para um tratamento mais intensivo e acabou não resistindo", garantiu Moreira, que lutou na Justiça em 2021 para que o artista conseguisse - via poder público - a liberação do remédio Erdafitinibe (que custa cerca de R$ 60 mil mensais) para seguir com o tratamento.
Segundo Kátia, o velório do músico está marcado para sábado (26), a partir das 8h, com sepultamento acontecendo às 10h. Ambos ocorrem no Cemitério de Maruípe, em Vitória.
A morte do músico também foi anunciada (e lamentada) pelo perfil da Big Bat Blues Band nas redes sociais. "É com muito pesar que informamos a todas e todos que esta madrugada Cláudio França nos deixou. Mesmo após um longo período de tentativas de recuperação e com a ajuda de vocês de todas as formas, Cláudio teve uma piora significativa e muito rápida em seu quadro e infelizmente não resistiu. Em breve, traremos novas informações. Por enquanto, fica nossa gratidão por toda a rede de apoio e todo o esforço em prol da melhora dele. Vocês foram incríveis e ele sentiu todo esse amor, tenham a certeza disso. Vá em paz, amigo!".
Vocalista da Big Bat Blues Band, Eugênio Goulart afirmou que o Estado perde um de seus grandes pesquisadores na área de música, tanto de estilos como de sua história.
"Era um estudioso e uma referência de informação, não só do Blues. Dominava qualquer estilo com precisão, como o Soul e o Funk Music, especialmente seu criador, James Brown", relembra o vocal, que, também com França, participou do projeto "Noite Cubana", que resgatava a trajetória de artistas da ilha caribenha em apresentações no Restaurante Bendito Bistrô, em Vitória. "Foi em um desses shows que Cláudio fez sua última apresentação, no final do ano passado", rememora.
Cláudio França, que atuou em um programa na Rádio Universitária FM sobre Blues em 1993, mesmo ano de formação da Big Bat, tinha como referências nomes do chamado "Delta Blues", uma espécie de Blues rural originário da região do delta do rio Mississippi, nos Estados Unidos. Entre nomes que o inspirava, estavam os mestres Robert Johnson, Muddy Waters e Elmore James.
"Começamos a Big Bat só eu e ele, em um show na Rua da Lama, em Jardim da Penha. Cláudio participou do lançamento de três discos da banda. Além de tocar guitarra (era especialista em 'slide', um pequeno tubo cilíndrico usado para alterar o tom em que se toca o instrumento), também atuou como designer gráfico, pois era um excelente ilustrador", detalha Eugênio Goulart.
"Posso dizer que Cláudio é o responsável por me fazer cantar Blues. Trabalhamos em uma agência de propaganda, em 1991, ficamos amigos e fui apresentado ao estilo musical, pois ele tinha uma grande coleção de CDs e discos de vinil. Em 2023, a Big Bat fará 30 anos de estrada, e não contaremos mais com sua presença. Em breve, devemos fazer uma apresentação especial para celebrar a arte de Cláudio França", complementa Goulart, sem esconder a emoção.
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