O mestre-cervejeiro Flávio Roberto Barone, 57, morreu nesta quinta-feira (2) em Tubarão, Santa Catarina. A informação foi divulgada em um post no Instagram da Chope do Mestre, empresa da qual Flávio era sócio-proprietário, dizendo que o funeral aconteceu durante a tarde, na mesma cidade. Em seguida, o corpo foi levado para o crematório São Mateus, em Capivari de Baixo.
Morador de Vitória, Flávio, que era pai de Giovanni Barone, ficou cerca de 30 dias sedado na UTI de um hospital de Santa Catarina, onde tinha negócios. No Instagram, a empresa também informou que todos os quiosques da marca estarão fechados nesta quinta-feira.
"O filho dele foi para lá trabalhar para ganhar experiência, e ele foi visitar o filho. Flávio já tinha tomado a primeira dose da vacina contra o coronavírus. Ele começou a reclamar de resfriado, de febre e foi internado. Durante o período da internação, teve outros problemas, como uma infecção na válvula cardíaca e nos rins. Ele não saiu mais da UTI", contou Hudson Ruela, um dos amigos mais próximos.
Hudson, que é bancário e sommelier de cervejas, conheceu Flávio por conta da bebida. "A gente ficou muito próximo por causa da cerveja e se falava quase diariamente. Também degustávamos bastante juntos. Perdi um grande amigo e a sociedade uma referência para o mercado. A maioria dos donos de cervejarias do Espírito Santo tomou a primeira cerveja da mão dele, na Casa do Cervejeiro", contou.
Flávio também recebeu diversas homenagens nas redes sociais de amigos e fãs do seu trabalho. O chef Alessandro Eller, que foi seu sócio durante um período, compartilhou a lembrança sobre os preparativos finais do Bierdorf, o primeiro bar especializado em cervejas artesanais do ES, com mais de 400 rótulos de cerveja.
O mestre-cervejeiro tinha décadas de experiência no ramo de cervejas e foi responsável pela concepção da fórmula da Saidera, atual Experta, fabricada na Serra. Levamos mais de um ano com testes para chegar a esse produto, que tem a cara e o sabor típico que o capixaba e apreciador de cerveja tanto gosta, declarou na época do lançamento.
Barone também comandou durante anos a Casa do Cervejeiro, em Vitória. Formado na Universidade Técnica de Munique, uma das mais conceituadas faculdades de cervejaria da Alemanha, ele revelou ao colunista Leonel Ximenes, de A Gazeta, um pecado indesculpável dos consumidores de cerveja: "Beber cerveja utilizando um copo sujo".
Flávio foi também o criador da Robusta, a primeira cerveja do mundo feita de café conilon. A bebida surgiu através de um presente: 20 quilos de conilon que Barone havia recebido do então presidente do Sicoob, Bento Venturim. Inspirado no centenário do início da produção de Coffea canephora (Conilon ou Robusta) no Espírito Santo, Barone decidiu transformar o café em cerveja.
O rótulo é uma alusão ao nome pelo qual essa variedade de grãos também é conhecida no mercado. Ele elaborou a cerveja com grãos cultivados em São Gabriel da Palha. No início, Flávio chegou a produzir 6 mil garrafas de 600 ml da cerveja Robusta, mas não conseguiu disponibilizar o produto para o consumidor de Vitória. O Bento Venturim continua comprando toda a produção, brincou na época.
Defensor do produto nacional, Flávio sempre falava da importância da cerveja produzida no Brasil. "A cerveja brasileira não fica devendo nada para qualquer outra cerveja, seja europeia ou de qualquer outro continente. Cada vez mais cervejas brasileiras ganham prêmios em concursos internacionais".
Antes de empreender e criar as próprias cervejas, Barone trabalhou em empresas do ramo em diversas cidades, como Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória.
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