Morreu, na noite de segunda-feira (8), na Noruega, o empresário Erling Sven Lorentzen, 98 anos, fundador da antiga Aracruz Celulose [hoje Suzano], após uma curta doença. A informação foi confirmada pela família real norueguesa, da qual era membro.
Empresário norueguês radicado no Brasil, Lorentzen nasceu em Oslo, na Noruega, em 28 de janeiro de 1923.
Aos 17 anos, comandou um pelotão da resistência norueguesa contra os alemães durante a Segunda Guerra Mundial, e, em 1945, quando o embate chegou ao fim, foi aceito na universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Em 1953, casou-se com a princesa Ragnhild Alexandra, da Noruega - a filha mais velha do rei Olavo V e da princesa Marta, da Suécia. Ela era irmã do atual rei. O casal esteve junto por quase 60 anos, até o falecimento de Ragnhild em 2012, em decorrência de um câncer. Juntos, tiveram três filhos.
Lorentzen chegou ao Brasil ainda na década de 1950, em decorrência dos negócios da família no segmento de transporte marítimo. Viu oportunidades para investir em gás (GLP) e adquiriu, da norte-americana Esso, a distribuidora de gás de cozinha e, em seguida, abriu sua própria companhia de navegação, a Norsul.
Na década de 1960, começou a dar corpo ao projeto com o plantio florestal, que previa a exportação de cavaco. Buscando agregar valor e gerar riqueza com a industrialização, o executivo norueguês sugeriu então o desenvolvimento de uma indústria local de processamento de celulose.
Em 1967, fundou a Aracruz Florestal. A Aracruz Celulose foi constituída cinco anos depois. A primeira planta da companhia, chamada de Fábrica A, chegou a produzir 525 mil toneladas por ano.
Foi a primeira empresa brasileira listada na Bolsa de Valores de Nova York e a única empresa florestal do mundo a participar inicialmente do Índice Dow Jones de Sustentabilidade.
Após mais de 30 anos de atuação na gestão da companhia, o Grupo Lorentzen vendeu em 2008 a sua participação para o Grupo Votorantim, o que resultou na criação da Fibria - que, após a fusão concluída em 2019, agora faz parte da Suzano.
Em nota, o presidente do conselho de administração da Suzano lamentou a perda e destacou o pioneirismo do empresário norueguês.
Além das atividades no ramo da celulose, Lorentzen também se envolveu em negócios agroecológicos, em Pedra Azul, na Região Serrana do Espírito Santo, onde, adquiriu uma fazenda na década de 1980, transformada no ecoparque Fjordland.
À revista Safra ES, o norueguês contou, em 2016, que o encanto por Pedra Azul foi imediato.
Ainda hoje, a família do empresário mantém o espaço, onde cria cavalos da raça norueguesa Fjord, e produz café orgânico artesanal, adubado com esterco dos equinos. Boa parte dos grãos, aliás, é enviado para a Noruega, inclusive para consumo da família real.
A conexão de Lorentzen com o Estado rendeu frutos e deu mais visibilidade ao Espírito Santo, que segue atraindo noruegueses, principalmente para o ramo do petróleo. No ano passado, por exemplo, a empresa Karavan SPE Cricaré adquiriu 27 campos de petróleo no Norte capixaba.
Nesta terça-feira (9), a morte do empresário norueguês foi lamentada por empresários e autoridades políticas do Estado.
Por meio de suas redes sociais, o governador Renato Casagrande prestou solidariedade aos familiares. "O ES perdeu hj uma das suas principais personalidades. Norueguês, Erling Lorentzen escolheu o ES para radicar seu espírito empreendedor que colocou o Estado na rota desenvolvimento mundial. Aos familiares meu abraço e reconhecimento."
A partida do empresário norueguês também foi lamentada pelo presidente da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) e ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, segundo o qual, o exemplo de Lorentzen de empreendedorismo, busca por sustentabilidade, visão empresarial, representa um marco importante não só do setor, mas também para o Brasil e para a indústria mundial de celulose.
A presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cristine Samorini, também se manifestou. Segundo a empresária, Lorentzen foi uma das maiores lideranças industriais do Espírito Santo e do mundo. "Sua trajetória permanecerá para sempre como exemplo de inspiração para as atuais e futuras gerações."
Por meio de nota, a Suzano, lamentou a morte, destacando que o nome do empresário está marcado na história do setor de celulose global e na indústria brasileira.
O ex-presidente da Fibria também falou sobre a perda. "Fez muito pelo setor de celulose do Brasil, introduzindo o eucalipto em larga escala no mercado mundial, cuidando do social, do meio ambiente, da tecnologia e, acima de tudo, do crescimento das pessoas e dos negócios. Ele é dessas pessoas que jamais envelhecem em suas ideias e jamais desistem do progresso para todos, disse Carlos Aguiar.
Segundo Walter Lídio, que também atuou na companhia, antes de se tornar presidente da CMPC, Lorentzen foi um exemplo de liderança,e tinha olhar voltado para o futuro.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta