O prefeito de Água Doce do Norte, Paulo Márcio Leite Ribeiro (PSB), morreu no final da noite desta quarta-feira (22). Com complicações ocasionadas pela Covid-19, o prefeito, de 50 anos, estava internado na UTI de um hospital de Colatina havia mais de duas semanas. O chefe do Executivo municipal deixa mulher e duas filhas, de 18 e 23 anos.
Devido às medidas de prevenção ao coronavírus, não haverá velório. Amigos e familiares organizaram uma carreata para acompanhar o corpo do prefeito de Colatina até o distrito de Santo Agostinho, onde Paulo Márcio cresceu e será enterrado, nesta quinta-feira (23). Segundo relatos de parentes, há pelo menos 50 veículos no cortejo, acompanhados de viaturas do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, que estão participando da homenagem.
O prefeito começou a passar mal, apresentando os sintomas da Covid-19, na noite do dia 6 de julho. No dia seguinte, foi levado para o Hospital Maternidade São José, em Colatina, com dificuldades respiratórias, onde foi internado na UTI. Após uma semana no hospital, ele foi intubado, no dia 14, e passou a respirar com o auxílio de ventiladores mecânicos. Em coma induzido, os rins do prefeito pararam de funcionar no dia 16 de julho e ele começo a fazer diálises.
Cunhado de Paulo Márcio, Nilson Flairis Botelho foi convidado por ele para ser secretário de Saúde no município. Segundo ele, o prefeito era muito apegado à cidade e gostava de andar pelas ruas do município, cumprimentando e conversando com os moradores.
"Era um cara do povão e conhecia todo mundo, quase todas as famílias da cidade. Andava pela pracinha e era parado pelas pessoas, conversava com todo mundo. Foi o prefeito e o vereador mais bem votado, era muito querido", contou, nesta quinta, para a reportagem de A Gazeta.
Pelas redes sociais, governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e outras autoridades prestaram solidariedade à família de Paulo Márcio. O Executivo estadual decretou luto oficial de três dias pela morte do prefeito.
Ele foi a quarta morte na cidade por Covid-19. Água Doce do Norte conta com 109 casos confirmados da doença.
Paulo Márcio foi escolhido em eleição suplementar, em dezembro de 2014, para comandar o município. O pleito ocorreu após o então prefeito Adilson Cunha (MDB) ter sido cassado pela Justiça Eleitoral por compra de votos. Em 2016, foi reeleito com 60,72% dos votos válidos (5.071 votos). No início deste ano, mudou do DEM para o PSB. Ele também já foi vereador na cidade, eleito em 2008. Em 2012, disputou as eleições como candidato a prefeito, mas ficou em segundo lugar.
O pai de Paulo Márcio, Demerval Leite, o Dezinho, foi vereador (2001-2004) e vice-prefeito (2005-2007). Ele morreu em 2007 e foi de quem Paulo "herdou" os votos. A família possui uma propriedade rural na cidade, que tem como cultura principal o café.
O caso do município ganhou destaque no Estado porque a cidade chegou a ficar sem comando durante a internação de Paulo Márcio, já que o vice-prefeito de Água Doce do Norte, Jacy Donato (PV), estava morando desde 2018 nos Estados Unidos. Por uma semana, a cidade foi administrada por secretários, com orientações do prefeito que estava na UTI.
Em entrevista com A Gazeta, Jacy confirmou estar morando no exterior, mas afirmou que retornaria ao município, se houvesse necessidade. Com a repercussão, o presidente da Câmara, Rodrigo Gomes (PV), conversou com o vice-prefeito e solicitou que ele voltasse a cidade. Ele assumiu o município no dia 14 de julho.
O Portal da Transparência da Prefeitura de Água Doce registra o pagamento de salários a Jacy desde a eleição na chapa de Paulo Márcio, em 2016, sem interrupção. De acordo com a prefeitura, a Lei Orgânica de Água Doce do Norte não tem nenhum dispositivo que proíbe o vice-prefeito de residir fora da cidade.
A partir do episódio, a Câmara Municipal vai votar uma emenda para estabelecer que o vice-prefeito da cidade só possa ficar mais de 15 dias no exterior com autorização prévia dos vereadores. Segundo o presidente da Casa, já há unanimidade entre os parlamentares para a aprovação da proposta.
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