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30 advogados já foram denunciados suspeitos de 'pombo-correio' de traficantes no ES

30 advogados já foram denunciados suspeitos de 'pombo-correio' de traficantes no ES

Denúncias ocorrem desde a Operação Armistício, em 2021; nesta sexta-feira (4), 11 advogados tiveram a prisão preventiva decretada e 10 foram presos

Publicado em 4 de novembro de 2022 às 10:31- Atualizado há 2 anos

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MPES
Sede do MPES, em Vitória. (Lissa de Paula)

30 advogados já foram denunciados suspeitos de atuarem como "pombos-correios" da facção criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV). Nesta sexta-feira (4), uma nova operação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) resultou na prisão de 10 profissionais. O único foragido é Marco Aurelio de Souza Rodrigues. 

Confira os advogados presos nesta sexta:

  1.  DIEGO DO AMARAL LEAL
  2.  DANIEL FERREIRA DE SOUZA
  3.  MATEUS CANIZIO MARINHO DE OLIVEIRA
  4.  DAVI DICKSON MEROTO LAMAS PEREIRA
  5.  MAILA HERING
  6.  THATIANE DOS SANTOS SILVA
  7.  MAYCON NEVES REBONATO
  8.  BARBARA MARCARINI VON RANDOW
  9.  GUILHERME NUNES MORAES
  10.  ESTER MORAIS DIAS

A defesa de Davi Dickson Meroto Lamas Pereira solicitou um habeas corpus visando a "transferência do paciente para prisão domiciliar, mediante o uso de tornozeleira eletrônica ou qualquer outra medida cautelar alternativa à prisão", mas o pedido foi indeferido pela Justiça.

Informações obtidas por A Gazeta dão conta de que as denúncias contra os advogados ocorrem desde a Operação Armistício, deflagrada em 2021. 

Desde então, os alvos são investigados, segundo investigações do MPES,  por utilizarem de prerrogativas essenciais à advocacia para garantir a comunicação criminosa entre lideranças do PCV, que se encontram custodiados em unidades prisionais do Estado, com integrantes em liberdade, além de foragidos do sistema judiciário.

O MPES ainda não informou o número de prisões realizadas dentre esse grupo dos 30 denunciados. Parte do grupo foi colocado sob prisão domiciliar e outra está com tornozeleira eletrônica. 

Dez advogados foram presos em operação do GAECO suspeitos de atuar como 'pombo-correio' de traficantes. (Divulgação/MPES)

Uma operação deflagrada na manhã desta sexta-feira (4) resultou na prisão de 10 advogados suspeitos de atuarem como "pombos-correios", transmitindo recados de traficantes do Primeiro Comando de Vitória (PCV). Um relatório de análise telemática da Superintendência de Polícia Especializada (SPE), obtido pela TV Gazeta em outubro deste ano, mostra como é a atuação desses profissionais investigados por ligação com a facção. 

A facção PCV é chefiada por Carlos Alberto Furtado da Silva, vulgo Beto, que esteve preso na Penitenciária de Segurança Máxima II (PSMA), em Viana, na Grande Vitória, e, em 19 de julho do ano passado, foi transferido para uma prisão federal no Norte do país. Fora da cadeia, o braço direito de Beto é Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo – procurado pela polícia.

Considerado pela Polícia Civil o chefe “in loco” do PCV, Marujo comanda o tráfico de drogas do Bairro da Penha e Bonfim, na Capital, e responde diretamente à cúpula da liderança da facção que domina a região e se estende a vários bairros – não apenas na Grande Vitória, mas também no interior do Estado.

Comunicação feita por advogados 

O relatório aponta que Marujo responde diretamente a Beto e a comunicação deles ocorre por meio de advogados, denominados pela polícia de "pombos-correio", que utilizam dessa função para ter acesso aos presídios em qualquer dia e horário.

Segundo a investigação, os advogados escrevem, de próprio punho, as ordens, questionamentos e informações que o chefe do PCV tem para repassar. Após isso, o advogado fotografa a carta grafada dentro do presídio e envia, via WhatsApp, a imagem da carta para Marujo.

Marujo, por sua vez, quando necessita se comunicar com Beto, escreve notas de texto em seu celular e posteriormente as compartilha com o advogado, que vai ao presídio transmitir o recado.

As investigações apontaram que ao facilitar a comunicação dos criminosos, os advogados atuaram como coautores dos crimes, ao transmitir recados com ordens para o cometimento de crimes. Como noticiado em agosto de 2022, alguns advogados estão sendo investigados e suspeitos de “leva e traz” para traficantes.

As investigações concluíram que, em algumas ocasiões, a organização criminosa recebe informações e consegue se antecipar a operações policiais. Esses dados são compartilhados por advogados, mas também por policiais, ainda não identificados. 

A reportagem de A Gazeta procurou a Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo, em busca de um posicionamento. O texto será atualizado caso o órgão envie uma resposta.

Errata Atualização
4 de novembro de 2022 às 20:56

Após a publicação desta matéria, a defesa de Davi Dickson Meroto Lamas Pereira solicitou um habeas corpus visando a "transferência do paciente para prisão domiciliar, mediante o uso de tornozeleira eletrônica ou qualquer outra medida cautelar alternativa à prisão", mas o pedido foi indeferido pela Justiça. O texto foi atualizado.

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