Um abrigo clandestino localizado no distrito de Itaipava, em Itapemirim, no Sul do Estado, foi fechado nesta quinta-feira (19) pela Polícia Civil (PC). A locadora da casa e o companheiro dela foram detidos e encaminhados à delegacia. No local foram encontradas diversas irregularidades, como falta de serviços médicos, enfermaria, cozinheira e segurança.
A prefeitura do município divulgou algumas informações dadas pelo titular da Delegacia Regional de Itapemirim, delegado Djalma Pereira Lemos. Segundo ele, a casa não tinha nenhum tipo de autorização para funcionamento de abrigo. O espaço estava irregular, sem qualquer registro ou solicitação.
Ademais, não contava com serviços médicos, enfermaria, cozinheira e segurança. Na cozinha não tinha comida suficiente para o número de pessoas que residia na casa. E o local oferecia risco por ter escada.
Ainda segundo o delegado, foram encontrados muitos medicamentos, inclusive fora da embalagem e sem a devida descrição de nome, dosagem e validade.
Por fim, o titular explicou que a casa era alugada. A locadora foi detida e encaminhada para a delegacia, junto ao companheiro. A mulher detida ficava com alguns cartões e recebia transferência de familiares de pacientes.
De acordo com a corporação, na terça-feira (17), os policiais receberam a informação da Vigilância Sanitária do município, detalhando a existência de um possível asilo clandestino. Eles disseram também que tentaram entrar no local, mas a responsável pelo imóvel não permitiu.
O delegado Djalma Pereira Lemos, explicou que a polícia representou pelo mandado de busca e apreensão e o cumpriu nesta quinta. “No local, encontramos idosos, pessoas com deficiência e dependentes químicos. Além disso, neste abrigo havia uma jovem que estava com duas crianças. Ela disse que foi visitar a mãe que era interna e que estava lá há quinze dias", contou o delegado.
No local, conforme disse a polícia, havia 11 pacientes, entre idosos, pessoas com deficiência e dependentes químicos. Os pacientes tinham entre 40 e 84 anos.
Segundo a PC, não ficou constatado que houve maus-tratos, já que todos estavam bem alinhados e havia bastante comida na dispensa. Entretanto, eram os próprios idosos que desempenhavam funções dentro do abrigo, como porteiro, cozinheiro e faxineiro.
A suspeita de 50 anos informou aos policiais que eles eram parentes e os idosos não relataram maus-tratos, porém as investigações apontaram que ela recebia valores para que os idosos ficassem no local, como Bolsa Família, pensão e Pix.
Além disso, para a polícia, ficou constatado que o abrigo funcionava há mais de três anos. Sendo assim, foi instaurado um inquérito policial para apurar os crimes cometidos pela suspeita.
Os internos foram identificados, catalogados e aqueles com famílias identificadas foram reinseridos aos familiares. Já os idosos sem família identificadas serão levados para um abrigo regular e os remanescentes para outros locais de acolhimento. A Polícia Civil recomenda que quem tiver conhecimento de outras clínicas ou asilos clandestinos que denuncie no Disque-Denúncia 181.
A ação foi realizada pela Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), com a participação de servidores da Vigilância Sanitária e das secretarias de Ação Social e Saúde do município, além de profissionais de apoio do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas).
A prefeitura comunicou que o Departamento de Vigilância Sanitária recebeu uma denúncia com informações de que havia um abrigo ilegal. A equipe fez uma visita na segunda-feira (16), a proprietária informou que havia alugado a casa para veraneio. E, por isso, não deixou a equipe entrar.
No entanto, a equipe de enfermagem da unidade de saúde do bairro atendeu um senhor que foi ao local fazer curativo e disse que estava em uma casa de terapia. O que reforçou as suspeitas. Diante disso, na terça-feira (18), a vigilância voltou ao local com a enfermeira e o médico da unidade, mas não foram recebidos.
O caso foi apresentado para a Polícia Civil, que realizou a operação na manhã desta quinta (19).
A equipe da TV Gazeta Sul apurou com a polícia que o casal foi liberado, mas a Polícia Civil ainda pode pedir a prisão temporária da mulher, uma vez que ela é a responsável direta pelo abrigo, a depender do resultado das investigações.
A mulher e o homem moram na casa, por causa disso, a polícia não pode impedir que eles voltem para lá e interditar o espaço. Por outro lado, o imóvel não pode mais ser usado como abrigo, apenas moradia.
A PC ainda está aguardando alguns laudos, sendo eles o laudo da vigilância sanitária e o laudo da secretaria de saúde, visto haver vários medicamentos controlados na casa que eram administrados sem o acompanhamento de um profissional.
Além do laudo da assistência social, já que o local não oferecia infraestrutura adequada para receber os idosos. Eles ficavam no segundo andar e o acesso era por escada.
Os medicamentos controlados serão enviados para a perícia e também serão analisados por um médico, com o intuito de descobrir se podem causar dependência química. O resultado pode mudar o indiciamento.
Os idosos sem parentes ou que os familiares não foram identificados serão levados para uma clínica em Cachoeiro de Itapemirim, que a Prefeitura de Itapemirim tem um convênio.
Ao todo, as famílias de cinco internos já foram identificadas e pelo menos três deles já foram entregues aos familiares. Os pacientes que estavam no abrigo eram de diferentes cidades, como Muniz Freire, Vargem Alta e até da Bahia.
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