A Polícia Civil e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) realizaram, na tarde desta terça-feira (7), a perícia de engenharia no brinquedo de onde duas meninas, de 9 e 10 anos, foram arremessadas em um acidente no último domingo (5), em um parque de diversões instalado em Alegre, no Sul do Estado. As crianças ficaram feridas e uma delas chegou a ser internada em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Por meio da Delegacia Regional de Alegre, a Polícia Civil informou que não há prazo definido para o laudo da perícia ficar pronto. “As diligências sobre o caso estão em andamento e outras informações não serão passadas para não atrapalhar a investigação”, comunicou, em nota.
Procurado pela reportagem de A Gazeta, o Crea-ES disse, em nota, que a equipe de engenheiros foi ao local na tarde desta terça-feira para verificar a situação. A entidade destacou que os detalhes da visita estão sendo apurados e disse que "mais informações vão ser divulgadas em breve".
O acidente aconteceu por volta das 15h40 do último domingo (5), em um parque de diversões instalado em Alegre. Uma das cadeiras do equipamento chamado Twister, onde estavam duas meninas de 9 e 10 anos, se desprendeu e foi ao chão. A criança de 9 anos precisou ser transferida de helicóptero para uma unidade de saúde na Grande Vitória. Segundo o Corpo de Bombeiros, militares identificaram que o pino de fixação do brinquedo se soltou, fazendo com que a cadeira fosse arremessada.
As meninas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e encaminhadas ao Pronto Atendimento de Guaçuí. A criança de 9 anos sofreu traumatismo cranioencefálico grave e foi transferida pelo Samu. No meio do caminho, em Piúma, a aeronave do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) deu apoio à ocorrência e encaminhou a menina ao Hospital Estadual Infantil Drª Milena Gottardi, em Vitória. A outra criança, segundo familiares, recebeu alta médica e se recupera em casa.
Para a jornalista Gabriela Fardin, da TV Gazeta Sul, a mãe da menina de 9 anos contou que a filha segue internada no Hospital Estadual Infantil Drª Milena Gottardi. Segundo a mulher, por volta das 17h, a filha saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi transferida para a Unidade de Terapia Semi-Intensiva.
A mãe da criança disse que a transferência foi possível porque a menina não apresentou piora no quadro de saúde. Ela explicou que, nesta quarta-feira (8), a filha vai passar por outra tomografia para que o médico observe o tamanho do coágulo e avalie se será necessário submeter a menina a uma cirurgia.
Ainda em relato à reportagem, a mulher contou que a filha está consciente e conversando. “Ela não se lembra de nada antes da queda, apenas dos momentos do resgate, da ambulância e depois do helicóptero do Notaer”, finalizou a mãe da menina.
Um vídeo gravado no parque de diversões em Alegre, no Sul do Espírito Santo, duas horas antes do acidente que feriu as duas meninas, mostra que um pino de um dos assentos do brinquedo estava exposto. A gravação foi feita por um amigo do homem que aparece acompanhado de uma criança nas imagens.
Algumas horas após a gravação, duas crianças foram arremessadas do mesmo brinquedo, depois que um pedaço se soltou enquanto girava junto com a estrutura. A cor da cadeira que caiu é a mesma do assento que aparece nas imagens com a peça para fora.
"Eu fui pegar as imagens para ver. Justamente uma cadeira verde que tinha caído, que tinha se soltado. No vídeo deu para ver perfeitamente que estava um pino se soltando daquela cadeirinha. Fiquei muito mal e depois que vi a filmagem fiquei ainda mais mal", falou o servidor público, Henrique Venial, que aparece no vídeo.
Um dia após o acidente, na segunda-feira (6), o dono do Parque Charles Entretenimentos, José Ferreira de Carvalho Neto disse que a estrutura tinha autorização da Prefeitura de Alegre e alvará de licença do Corpo de Bombeiros para atuar no local. Segundo ele, um engenheiro acompanhou a montagem dos brinquedos.
O empresário, que é do município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, informou que o parque existe há sete anos. “Nunca deu problema com acidente. Antes da pandemia, já trabalhei em três anos consecutivos em Alegre, sem ter problemas”, falou.
O dono do parque explicou o brinquedo onde foi registrado o acidente funcionava muito bem desde a última quinta-feira (2). “Em média, 450 pessoas andaram nele. O brinquedo era de 1994, mas passou por inspeção. Anualmente passa”, explicou.
O dono do parque também contou que aguarda resultado de laudo da perícia da Polícia Civil, que apontará se a causa do acidente foi criminal. “O lado vai dizer se alguém abriu, porque não tem como soltar o pino e o contrapino do brinquedo, que não estava danificado”, disse.
Ainda de acordo com o empresário, a Polícia Civil solicitou uma vistoria, que, segundo ele, será realizada por engenheiros civis de Vitória. “Estou aguardado. Até agora não chegou ninguém. O segurança está vigiando o brinquedo para ninguém ter acesso a ele”, comentou.
Na manhã desta quarta-feira (08), a unidade de fiscalização do Crea informou que a empresa contratada para executar os serviços no parque não possui registro no conselho e o profissional que executou as atividades, Wagner de Oliveira, não é engenheiro e, portanto, também não possui registro no órgão. "Dessa forma autuamos o proprietário do parque e o técnico em mecânica que executou os serviços, ambos enquadrados no artigo 6º alínea A da lei 5.194/66 por exercício ilegal da profissão", informou o Crea, por meio de nota.
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