> >
Acusado de matar namorada no ES agrediu vítima no aniversário de 15 anos

Acusado de matar namorada no ES agrediu vítima no aniversário de 15 anos

Gustavo David Coutinho já foi apreendido por agredir Karolina de Souza Silva - assassinada na última quinta-feira - quando ela completou 15 anos. Vítima chegou a ter medida protetiva contra o acusado

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 19:41

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Rapaz que confessou matar adolescente já foi apreendido por agredi-la em 2018
Gustavo David Coutinho, que confessou matar adolescente, já foi apreendido por agredi-la em 2018. (Reprodução / Facebook)

Suspeito confesso de assassinar com um corte no pescoço a adolescente Karolina de Souza Silva, de 17 anos, na madrugada desta quinta-feira (10), em São Pedro, Vitória, Gustavo David Coutinho, de 19 anos, já foi apreendido por agredir a vítima em 2018. No aniversário de 15 anos de Karolina, ela decidiu terminar o namoro por causa do ciúme e da violência dele

Inconformado, ele agrediu a menina e, por conta desse crime, chegou a ser  internado em uma unidade socioeducativa - já que também era menor de idade na época. Cinco meses após retornar para casa, ele acabou preso por matar Karolina.

De cordo com familiares da vítima, que preferem não se identificar, depois que o pai morreu de câncer, Karolina deixou a mãe, que vivia em Linhares, no Norte do Estado, para realizar o desejo de morar na Capital. A menina passou a ficar na casa dos irmãos, na região de São Pedro, Vitória, desde muito nova. Foi quando, no início da adolescência, ela conheceu Gustavo, que na época tinha 15 anos. Os dois moravam próximos. 

Logo o namorado passou a mostrar sentimento de posse com Karolina. Sempre ciumento, Gustavo era agressivo quando contrariado, segundo familiares da vítima. Ele chegou a bater na adolescente, no dia do aniversário de 15 anos dela.

AGREDIDA POR TERMINAR NAMORO

"Ela começou a namorar aos 13 anos, mas ele era muito ciumento e violento. Karol, então, resolveu terminar o namoro no dia do aniversário dela de 15 anos. Ele não aceitou e bateu muito nela. Foi quando descobrimos que ela estava vivendo uma relação violenta. Ela pediu uma medida protetiva e o namoro acabou. Desde então, não falávamos mais sobre ele, que ficou fora do bairro por cerca de um ano e meio. Para nós, eles não tinham mais contato", disse uma familiar, que preferiu não se identificar.

Morta pelo primeiro namorado, Karolina era órfã e sonhava em formar família
 Karolina era órfã e sonhava em formar família. (Acervo pessoal)

De acordo com informações do processo de violência doméstica, o caso começou a ter andamento na justiça no dia 15 de agosto de 2018, um dia após o aniversário da vítima. Tramitando pela  2ª Vara da Infância e Adolescente de Vitória, já que os dois eram menores de idade na época do caso, o processo foi encaminhado ao Ministério Público no dia 29 de agosto do mesmo ano.

Cerca de dois meses depois, a adolescente conseguiu uma medida protetiva de urgência, instrumento jurídico que proíbe a aproximação do agressor com a vítima. 

No despacho da medida protetiva, a juíza Regina Lucia de Souza Ferreira, afirmou, na época, que o delito supostamente cometido por Gustavo contra a vítima tinha motivação de gênero, previsto na Lei Maria da Penha, porque as agressões físicas, verbais e ameaças foram praticadas em razão das negativas da adolescente em reatar o namoro que ela interrompeu. 

AGRESSOR FICOU APREENDIDO POR 10 MESES

No dia 16 de outubro de 2018, foi expedido um mandado de busca e apreensão contra Gustavo, com objetivo de localizar materiais ilícitos, como acessórios de armazenamento de dados que pudessem provar o descumprimento das medidas protetivas por parte do agressor através de mensagens enviadas à vítima. Porém, ele não foi localizado na época.

Já no dia 15 de fevereiro de 2019, a juíza Viviane Brito Borille disse, em despacho, que "em 14/02/2019, após audiência realizada nos autos do processo, onde foi determinado que a vítima fosse ouvida em outra data através de depoimento especial, em razão de não possuir condições emocionais de ser ouvida, o requerido encaminhou áudio para a requerente, por volta das 20:30 horas, onde a ameaça de morte por diversas vezes".

Em relação ao mandado de busca e apreensão domiciliar pedido pelo Ministério Público, a magistrada chegou a citar "indício da ocorrência de ato infracional e risco da demora na adoção de providências". Em outro trecho, ela afirmou, sobre Gustavo, que "foi decretada a internação provisória na presente data nos autos do processo".

Gustavo David Coutinho foi preso após assassinar a namorada
Gustavo David Coutinho foi preso após assassinar a namorada. (Reprodução/TV Gazeta)

No dia 12 de junho de 2019, a juíza documentou no processo que a medida socioeducativa de Internação ao representado estava sendo aplicada. Porém, cerca e 10 meses depois, no dia 14 de abril de maio de 2020, um novo andamento no processo mostrou que ele passou para liberdade assistida.

Na decisão, a magistrada aformou que "o requerido Gustavo David Coutinho cumpriu MSE (medida socioeducativa) de internação, pela prática de ato infracional análogo ao crime do artigo 129,§9º c/c artigo 147 (agressão e ameaça) do CPB (Código Penal Brasileiro), fato ocorrido em 14/08/2018, cuja vítima foi Karolina de Souza Silva, tendo sido progredida a referida MSE para Liberdade Assistida em 14/04/2020".

O QUE SE SABE SOBRE O CRIME

Karolina e Gustavo foram vistos conversando e consumindo bebida alcoólica na escadaria que fica a poucos metros da casa onde o crime aconteceu. Logo depois das 23 horas, eles entraram na residência e, por volta de meia-noite, os vizinhos ouviram apenas um grito de vítima. Depois disso, Gustavo correu em direção à rodovia Serafim Derenzi, mas foi detido por moradores. 

Quando a polícia chegou ao local, por volta de 0h30, o rapaz ainda era contido por populares. Foi o próprio Gustavo, depois de confessar o crime, quem mostrou aos militares a casa onde Karolina estava morta. De acordo com vizinhos, a residência pertence à família do rapaz e a adolescente já havia morado com ele no local. Atualmente a casa está vazia. 

Gustavo David Coutinho foi conduzido para o Plantão Especializado da Mulher (PEM), em Vitória. Ele foi autuado em flagrante por feminicídio e levado para o Centro de Triagem de Viana (CTV). A Justiça capixaba, em decisão da juíza Raquel de Almeida Valinho, determinou que Gustavo  tenha a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva. Desse modo, ele vai responder pelo assassinato na prisão.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais