Um adolescente de 16 anos morreu neste sábado (30), dentro de uma ambulância, depois de esperar aproximadamente quatro horas por um leito de UTI no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha.
De acordo com parentes, Kevinn Belo Tomé da Silva estava internado no município de Cachoeiro de Itapemirim desde a última quarta-feira (27) porque começou a passar mal e sentir falta de ar no dia anterior. A transferência se deu nesta sexta-feira (29), quando uma vaga já estava reservada para atendê-lo na Grande Vitória.
De acordo com a família, os médicos da ambulância prestaram o apoio possível e até pediram uma vaga em outro hospital, caso não fosse possível acolhê-lo no Himaba. Em uma gravação, dá para ouvir a profissional explicando que o caso do adolescente era considerado “gravíssimo”, como mostra o vídeo abaixo.
No trajeto entre Cachoeiro de Itapemirim e Vila Velha, o jovem teve duas paradas cardíacas. “Ele pediu para não deixar ele morrer e eu disse que ele iria sobreviver. Quando a ambulância já estava parada, aguardando, ele teve a terceira. Era só eu e ele. É muito complicado”, desabafou a mãe, Suzana Belo da Silva.
Primo dela, o pastor Antônio Marcos Santana da Silva classificou o episódio como desumano. “Eu vi os médicos tentando salvar uma vida e indagando por que ninguém do hospital deu satisfação. Só quando ele começou a ter a última parada cardíaca é que chamaram a mãe dele para fazer o prontuário”, revelou.
Revoltados com o que aconteceu, eles registraram um boletim na Delegacia Regional de Vitória na manhã deste sábado (30). Em nota, a Polícia Civil informou que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) será o responsável pelas investigações sobre o caso.
Em entrevista à TV Gazeta, o diretor do Himaba admitiu que o hospital estava com o leito de UTI disponível para atender o adolescente, mas não citou negligência. De acordo com Fábio Diehl, o caso está sendo apurado e será levado para a Polícia Civil e para o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES).
“Estamos consternados com o fato e nos solidarizamos com a família, para a qual estamos dando todo o suporte. Tínhamos a vaga confirmada, equipamentos e equipe à disposição. Estamos apurando o ocorrido e vamos ouvir todas as pessoas envolvidas para tomar as medidas cabíveis”, garantiu.
O adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva estava internado no Pronto Atendimento (PA) de Paulo Pereira Gomes, no bairro Baiminas, em Cachoeiro de Itapemirim. “Ele tinha dor no lado esquerdo do corpo e a respiração muito ofegante. Também não conseguia se levantar”, detalhou a tia do jovem.
De acordo com a família, os médicos do PA informaram sobre a necessidade da transferência na sexta-feira (29), devido à gravidade do estado de saúde de Kevinn, que precisava de cuidados intensivos. A ambulância saiu de Cachoeiro de Itapemirim por volta das 22h30 e chegou ao Himaba meia-noite meia.
“A médica que me atendeu explicou que ele precisaria ir até o Himaba porque o hospital infantil da cidade só aceita adolescentes de até 15 anos e os outros dois hospitais do município só recebem pacientes adultos, com mais de 18 anos. A vaga estava garantida”, explicou Clayde.
A Polícia Civil informou que a família registrou boletim de ocorrência na Delegacia Regional de Vitória, na manhã deste sábado (30). O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) será responsável pelas investigações, detalhou em nota.
Procurado pela reportagem da TV Gazeta, o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) informou que vai abrir sindicância para apurar as responsabilidades no caso da morte de Kevinn, de 16 anos.
Após a publicação da reportagem, a Sesa enviou uma nova nota, afirmando que duas médicas foram afastadas das funções na unidade e que o caso foi registrado na polícia. Veja na íntegra.
A direção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) lamenta profundamente o falecimento do adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva e informa que registrou ocorrência policial contra o que considera flagrante negligência médica por parte dos profissionais plantonistas. Destaca também que as duas médicas foram afastadas de suas funções.
A direção informa ainda que na segunda-feira fará representação junto ao Conselho Regional de Medicina para que a conduta das profissionais envolvidas seja devidamente avaliada. E reafirma que o HIMABA estava preparado para receber o paciente, com disponibilidade de leito, profissionais e equipamentos necessários ao atendimento.
A instituição considera inadmissível negligência em qualquer atendimento, já que a premissa do hospital é garantir acolhimento e assistência a todos os pacientes. E informa que garantirá toda assistência necessária à família do jovem Kevinn.
A Sesa enviou uma nova nota sobre o caso, onde cita negligência médica e informa que duas plantonistas foram afastadas das funções no hospital. A matéria foi atualizada.
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