Um adolescente de 17 anos, apontado como um dos executores da chacina na ilha Doutor Américo Bernardes, na Baía de Vitória, foi apreendido nesta segunda-feira (1) no bairro Porto Novo, em Cariacica. Com ele, foram apreendidos uma arma, drogas e um celular. Contra o suspeito havia um mandado de busca e apreensão em aberto.
O titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, delegado Marcelo Cavancalti, que foi o responsável por conduzir as investigações afirmou que a pistola calibre .380 encontrada com o jovem pode ser a mesma utilizada na chacina. Segundo o delegado ainda será realizado o exame de comparação de balística da Polícia Civil para confirmar se é de fato a mesma arma.
"O adolescente de 17 ano efetuou disparos nas vítimas, inclusive a arma que foi apreendida hoje pode ser a mesma arma utilizada por ele no crime. Porém, a informação só pode ser confirmada através de laudo pericial, depois de ser feito exame de microcomparação balística", disse.
Cavalcantti afirmou que o jovem foi preso durante ação de fiscalização da Polícia Militar no bairro Porto Novo. O adolescente se escondeu em uma casa abandonada ao ver as viaturas. As equipes, então, fizeram um cerco no local e conseguiram encontrar o suspeito. Com ele, além da arma, foram aprendidas 23 munições, sete pinos de cocaína, uma bucha de maconha e um celular. Ele foi encaminhado para a Delegacia Regional de Cariacica.
Uma conversa mal-entendida foi a causa da ligação que terminou com a chacina na Ilha Doutor Américo Bernardes. O secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre Ramalho, deu detalhes da conclusão do inquérito, em conjunto com o delegado titular da DHPP de Vitória, Marcelo Cavalcanti.
Segundo eles, os jovens de Santo Antônio se encontraram com outros dois de Cariacica na ilha. Eles estariam no local buscando lazer com consumo de cerveja e maconha. Em um determinado momento, as vítimas até conversaram com os dois jovens, pedindo seda para uso de maconha, material que foi compartilhado por eles.
Depois disso, os grupos se separaram no local. Foi aí que tiveram início os fatos que causaram a chacina. Os jovens de Santo Antônio começaram a conversar, e um dos jovens de Cariacica, ouvindo o assunto, deduziu que eles seriam de uma facção criminosa de Vitória, rival do tráfico de Porto de Santana.
“Neste momento, ele ligou para Felipe Domingos Lopes, o Boizão, liderança do tráfico em Porto de Santana, que se juntou com mais quatro indivíduos que pegaram um barco e saíram em direção à ilha. Quando chegaram lá, desembarcaram e já tinham a informação de que as vítimas estavam desarmadas, o local onde estavam e que poderiam pertencer a essa facção de Vitória”, disse o delegado Marcelo Cavalcanti.
No local, apenas três das seis vítimas foram rendidas. Isso porque os outros três tinham ido a Santo Antônio buscar cerveja e drogas para consumo. No entanto, ao voltarem, os jovens também foram rendidos. Segundo o delegado, eles foram ameaçados e subjugados por pelo menos 30 minutos.
Durante a ação, um dos autores ligou para uma pessoa do celular de uma das vítimas, para perguntar quem seriam e se teriam envolvimento com a facção criminosa. De acordo com as investigações, a pessoa que atendeu o telefone negou que os jovens tivessem ligação com alguma organização. E mesmo de posse dessa informação, os jovens foram executados.
“Mesmo assim, tendo essa negativa, foram feitos os vídeos que foram divulgados, e o Felipe Boizão resolveu executar as vítimas, sendo seguido pelos outros quatro, com exceção do Adriano, que não atirou, pois tinha certeza que as vítimas não eram envolvidas”, disse o delegado. “Esse fato é comprovado pela perícia, pois ele estava com uma arma de calibre 9mm e nenhuma cápsula desse tipo foi encontrada no local”, completou.
Durante as investigações, o delegado informou que o menor, de 17 anos, foi induzido por Felipe Domingos Lopes a se entregar e dizer que era o autor do crime, fato que foi descartado pela polícia. “O menor que fez a ligação foi usado na investigação pelo Felipe, que mandou que o jovem viesse até a delegacia e dissesse que foi o autor do crime, algo que foi descartado na investigação. Nós fizemos uma série de perguntas e em todas elas as respostas eram erradas, as informações não batiam”, disse.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta