Duas advogadas foram presas na operação Ponto Cego, do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e Corrupção (Nuroc), da Secretaria da Segurança Pública (Sesp) do Espírito Santo. A operação investiga a ação de advogados que auxiliam facções criminosas, ao passar informações de dentro dos presídios para bandidos que estão soltos e atuam na Grande Vitória.
Comunicação por cartas
Segundo informações de fontes que acompanham o inquérito, a polícia recebeu, através de denúncias anônimas, cartas que eram escritas pelas advogadas de dentro das unidades prisionais quando visitavam seus clientes, com recados de criminosos para familiares e outros membros das facções. Dezenas de manuscritos chegaram às mãos da polícia, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem.
O inquérito foi aberto no começo do ano e mostra que as cartas seriam escritas nas visitas em parlatório, que são aquelas em que o preso e o visitante são separados por um vidro e a comunicação é feita por interfone.
Mandados de prisão
A operação foi deflagrada tão logo o dia amanheceu nesta terça-feira (20). Ao todo, a polícia cumpriu três mandados de busca e apreensão e dez de prisão preventiva. Além das advogadas, que não tiveram seus nomes divulgados, um acusado de homicídio e porte ilegal de armas, que respondia pelos crimes em liberdade, também foi preso. Ele teria recebido uma das cartas escritas pelas advogadas. Os outros mandados de prisão foram cumpridos dentro de presídios, contra suspeitos que já estavam presos por outros crimes.
A Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Espírito Santo, acompanhou a operação para garantir que fossem resguardados os direitos das presas. Por atuarem na advocacia, elas podem ficar detidas em uma cela especial.
Membro da comissão, Raphael Câmara disse que as investigações apontam que o conteúdo das cartas é grave e que os manuscritos eram levados para criminosos de alta periculosidade. Outros advogados, que não foram alvos de mandados nessa primeira etapa da operação, também são investigados no inquérito por também enviarem informações de dentro dos presídios para outros criminosos ligados ao tráfico de drogas.
As advogadas presas podem ser até expulsas do quadro da OAB. Elas respondem pelos crimes de Associação Criminosa e Associação para o Tráfico.
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