Homero Mafra, advogado do adolescente suspeito de matar Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, em uma comunidade cigana na Bahia, pediu à Justiça para revogar a apreensão do principal suspeito do crime. Caso o pedido não seja aceito, a defesa quer que a pena seja cumprida no Espírito Santo "para resguardar a segurança da família".
"Ele já está internado, na medida de internação de 45 dias, e está à disposição da Justiça da Bahia. A Justiça da Bahia que decretou essa internação. O que pedimos é que, se não revogada, que ela seja cumprida no Espírito Santo, até para garantir a vida desse adolescente", afirmou o advogado.
Em conversa com a imprensa capixaba nesta quinta-feira (27), ele e o pai do adolescente deram mais detalhes sobre o que teria acontecido no dia do crime, em 6 de julho, conforme a versão da família. O comerciante de 36 anos, que não terá o nome divulgado para não identificar o menor, afirma que o disparo que matou Hyara não foi intencional.
De acordo com o homem, Hyara tirou a arma da gaveta de um cômodo e começou a brincar com o revólver com o cunhado, uma criança de nove anos. Ela engatilhou a arma, e o menino, sem querer, efetuou o disparo. "Quando entregou na mão dele, ele, brincando, na brincadeira, com nove anos, fez o disparo", explicou.
Após efetuar o disparo, segundo ele, o menino de 9 anos chamou por socorro. O comerciante e o tio da menina foram socorrer Hyara, que já estava caída no chão. Em depoimento, o tio disse à polícia que viu a arma na mão do adolescente de 14 – apesar disso, o comerciante afirma que o filho não estava na casa na hora do fato.
O pai contou ainda que, cerca de 30 minutos após o fato, alguns familiares de Hyara tentaram atirar no adolescente "querendo vingar a morte da menina". Nesse momento, decidiram fugir.
O carro usado na fuga da família foi rastreado pela polícia baiana. Foi assim que a corporação descobriu que eles evitaram a BR 101, passaram por cidades do interior capixaba e chegaram à região metropolitana. Na Grande Vitória, buscaram abrigo na casa de parentes e foram vistos em uma comunidade cigana de Cariacica.
Ainda de acordo com o comerciante, a família se deslocou da Bahia até o Espírito Santo por ter uma parente no Estado. No entanto, devido ao medo de serem encontrados, ficaram poucos dias hospedados. Disse também que não se entregou à polícia porque estava sendo ameaçado e tinha medo.
"Só manda áudio para mim de ameaça. Desde o dia que saí de lá, quer a cabeça do meu filho mais novo ou mais velho, para poder vingar a morte", pontuou.
A Gazeta tenta contato com a defesa da família de Hyara Flor. O espaço segue aberto para manifestação da parte.
Um adolescente de 14 anos foi apreendido em Vila Velha, nesta quarta-feira (26), suspeito de matar a companheira dele, uma adolescente também de 14 anos, em uma comunidade cigana na Bahia. A ação foi possível após troca de informações da Força-Tarefa de Segurança Pública do Espírito Santo com a Delegacia da Polícia Civil de Itabela.
A informação foi repassada pela Polícia Federal. O mandado de busca e apreensão foi exarado pela 1ª Vara Criminal de Guaratinga sob a alegação de que o adolescente praticou ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado (feminicídio), previsto no art. 121, § 2°, inciso VI, do Código Penal (CP), sendo decretada a sua internação provisória por 45 dias. Ele será encaminhado para a Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei.
De acordo com o g1 Bahia, a adolescente Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, foi morta a tiro na cidade de Guaratinga, no sul da Bahia. O crime aconteceu no último dia 6.
Segundo a Polícia Militar, populares contaram que o marido de Hyara desapareceu logo após a morte dela. Hyara Flor Santos Alves era de uma comunidade cigana que fica na cidade de Guaratinga, no extremo sul do Estado.
A adolescente foi baleada no queixo. Ela foi socorrida para o Hospital Municipal de Guaratinga, mas não resistiu. Segundo a polícia, as pessoas que levaram Hyara à unidade de saúde contaram que o disparo foi acidental. Porém, os funcionários do local desconfiaram do caso e acionaram a Polícia Militar.
Uma pistola calibre 380, com dois carregadores e munições, foram apreendidos no local do crime e encaminhados à perícia.
O pai da adolescente chegou a afirmar ao g1 Bahia que a motivação para o crime poderia ter sido vingança.
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