O advogado Guilherme Deps Cabral, de 26 anos, foi preso em flagrante por policiais militares suspeito de agredir dois seguranças de uma casa de shows da região do Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, em Vitória, na madrugada do último sábado (3). Além de ter dado socos em um homem e uma mulher que estavam em horário de trabalho, o jovem, que é presidente da Comissão de Startups, Proteção de Dados e Inovação da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES), ainda teria, segundo consta no auto de prisão, cometido injúria racial, chamando a primeira vítima de "preto, safado e macaco".
Segundo informações da Polícia Militar, no local, uma das vítimas – um homem – disse aos policiais que estava na casa de shows quando se deparou com o jovem visivelmente embriagado que, sem motivo aparente, lhe deu um soco na boca. Seguranças do local afirmaram que viram a confusão e, ao verificarem do que se tratava, a mulher (segurança) foi agredida pelo indivíduo após ter dito para o consumidor se retirar do estabelecimento.
A PM informou que, segundo relatos, ao presenciar o fato, o outro segurança imobilizou Guilherme e pediu que ele se acalmasse, porém, o advogado teria dito palavras de cunho racista contra o trabalhador da casa de shows. Questionado sobre o que teria ocorrido no local, o suspeito disse que estava bebendo com amigos e que não se lembrava do que havia ocorrido. Diante dos fatos, todos foram encaminhados para a delegacia. Além das duas vítimas, um terceiro segurança presenciou a situação e esteve no departamento policial para prestar depoimento como testemunha.
A Polícia Civil informa que o suspeito, de 26 anos, conduzido à Delegacia Regional de Vitória, foi autuado em flagrante por injúria racial e lesão corporal. Como as penas não ultrapassam quatro anos de detenção, uma fiança foi arbitrada pela autoridade policial, conforme artigo 322 do Código de Processo Penal. O suspeito foi liberado para responder em liberdade, após o recolhimento da fiança. O procedimento do flagrante será encaminhado à Justiça. A assessoria da Polícia Civil não tem acesso aos valores de fianças arbitradas.
Segundo consta no auto de prisão em flagrante ao qual A Gazeta teve acesso, a fiança paga pelo advogado foi de R$ 1 mil.
Em decisão do juiz Luiz Guilherme Risso nesta quarta-feira (7), foi homologada a prisão em flagrante, concedida a liberdade provisória e mantido o valor da fiança.
Demandada pela reportagem, a OAB-ES informou que está acompanhando as apurações sobre o caso para, se necessário, tomar as providências cabíveis, observando o Código de Ética e Disciplina e as prerrogativas da advocacia.
A defesa do suspeito, representada pelo advogado Bruno Dall'Orto Marques, informou que houve um acordo entre os envolvidos com relação ao ocorrido. "O mais relevante é que o Guilherme já se desculpou com todos os envolvidos, que já aceitaram. Esses assuntos são eminentemente privados, a ação depende de representação dos ofendidos e eles já chegaram a um acordo. Os seguranças em breve devem desistir de prosseguir na Justiça, uma vez que já se compuseram. Não haverá procedimento. O objetivo maior é a paz entre as partes e isso já foi alcançado", afirmou.
Ainda segundo o advogado de Guilherme, o suspeito não teve intenção de provocar as ações que levaram à prisão. "Ao que parece, a história ainda está carente de elementos. Parece que existiu uma confusão ainda não muito clara e em razão dela, as pessoas foram conduzidas à delegacia. Para o próprio Guilherme ainda está nebuloso, não tendo entendido a razão de tudo. Falaram para ele que havia cometido injúria racial – e ele é avesso a esse tipo de comportamento", finalizou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta