Um agente da Guarda Municipal de Vila Velha foi preso nesta quinta-feira (18), depois de atirar em um eletricista no meio da rua, no bairro Aribiri. Imagens da câmera de segurança de uma casa mostram que o homem trabalhava no carro quando os tiros começaram a ser disparados de dentro de uma residência em direção ao eletricista. O agente sai de casa acompanhado da esposa e aponta a arma para outras pessoas. A Guarda Municipal não divulgou o nome do profissional. A TV Gazeta apurou que o guarda chama-se Carlos Alberto Souza Brito.
As imagens (veja vídeo abaixo) mostram a rua movimentada, e contrariam a versão inicial enviada pela Guarda, que teria sido dita pelo agente, de que o homem havia tentado invadir a residência dele. É possível ver com clareza que o eletricista está mexendo no carro, quando o agente da Guarda Municipal sai de casa armado. Mesmo após os disparos, a vítima consegue correr. O eletricista foi socorrido e levado para o Hospital Antônio Bezerra de Faria, no mesmo município.
O dono do carro que contratou o serviço do eletricista, e pediu para não ser identificado, estava perto do local onde tudo aconteceu. Ele afirma não entender o que aconteceu: "Estamos querendo saber, e ele tem obrigação de se esclarecer o que aconteceu".
Segundo testemunhas, outras pessoas viraram alvo do agente, que atirou para todos os lados no meio da rua. Um vizinho, que também não quer ser identificado, disse que escapou por pouco.
"Ele efetuou disparo contra a minha pessoa. Na hora eu estava cuidando do meu pai, que é enfermo. Achei até que fosse um rojão que jogaram na rua. Fui na rua para pedir para parar, porque meu pai estava passando mal. No momento que eu saí no portão, escutei a esposa dele dizendo 'mata, mata, mata todo mundo'. Ele apontou, eu fechei o portão, ele deu dois disparos. Um pegou no portão e outro no cano de água do lado da minha casa", conta o vizinho.
As imagens da ação foram gravadas pela câmera da casa de Claudimar Gonçalves. À TV Gazeta, ele contou que a esposa do agente também mandou que ele atirasse contra a criança. "Eu tenho uma filha de 10 anos, que estava na varanda, viu o caso e a esposa do rapaz ameaçou ela. Mandou matar ela também. 'Atira na criança, mata ela também, mata ela também'. Aí eu fui correndo para casa e vi que as câmeras gravaram tudo que aconteceu", lembra.
O agente usou a arma do trabalho para efetuar os disparos.
De acordo com o corregedor da Guarda Municipal de Vila Velha, Francisco Rocha, a Guarda recebeu um chamado dizendo que havia uma troca de tiros no bairro Aribiri. "Quando a guarnição chegou ao local, constatou que um agente da Guarda Municipal havia efetuado os disparos de arma de fogo contra uma pessoa. O guarda municipal argumentou que essa pessoa havia tentado adentrar a sua residência. A guarnição então fez o chamado ao Samu para socorrer o indivíduo e trouxe o agente até a autoridade policial competente para apuração dos fatos", disse Rocha.
O corregedor afirmou ainda que o agente nunca apresentou qualquer alteração de comportamento: "Nunca teve problema nenhum. É a primeira vez que acontece isso com ele".
Em entrevista à TV Gazeta, o secretário de Defesa Social de Vila Velha e chefe da Guarda Municipal, Oberacy Emmerich, preferiu não revelar o nome do agente, e disse que um processo administrativo já foi aberto contra ele.
"De nossa parte, fizemos tudo que deveríamos fazer. Não é um guarda, é um infrator da lei. Ele foi autuado por sete tentativas de homicídio e foi encaminhado para o presídio. Está à disposição da Justiça e a arma foi apreendida. Abrimos um processo administrativo, a gente aguarda a decisão da Justiça. Caso venha ele a ser solto, ele é afastado automaticamente", afirmou.
Emmerich também fez questão de ressaltar que a postura do agente não condiz com a de um guarda municipal e que todos os profissionais passam por avaliação psicológica.
"As imagens falam por si só. Provavelmente tem alguma justificativa, mas ele não usou técnica alguma de abordagem. Simplesmente saiu de casa fazendo disparo de arma de fogo. Não vi nas imagens nenhuma técnica policial aplicada a esses disparos. Inclusive, cometeu um excesso de disparos. Ele deve ter seus argumentos, e vai colocar isso perante o juiz. Nenhum guarda está na rua sem avaliação psicológica. Esse caso é um caso isolado", finalizou.
Em fevereiro, um inspetor penitenciário passou de carro atirando em uma casa de Jucutuquara, em Vitória. Uma das casas na rua ficou com dez marcas de tiros na parede e no teto. Os moradores acordaram apavorados com o barulho dos disparos. Ninguém se feriu. Depois, o suspeito voltou à casa do morador que teve a casa atingida pelos tiros, o ameaçando na tentativa de evitar que ele procurasse a Polícia Civil.
O inspetor voltou a trabalhar no mês de maio após afastamento por motivos de saúde. De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), mesmo três meses depois do episódio, a investigação do caso ainda não foi concluída.
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