"A gente achou que fosse morrer". A declaração, da pequena Ana Sophia Dias de Jesus, de 8 anos, reflete o terror que as crianças que estavam na Unidade Municipal Paulo César Vinhas passaram na tarde desta quarta-feira (30) em Terra Vermelha, Vila Velha. A escola foi invadida por um ex-aluno, de 17 anos, que armado com uma faca, manteve uma menina de 9 anos refém dentro de uma sala de aula.
O jovem chegou na escola pouco antes das 14h. Segundo funcionários da unidade, ele entrou pelo portão principal e subiu para o segundo andar. Aleatoriamente, ele teria escolhido uma sala, onde uma professora estava sentada lendo uma história para 22 crianças. O jovem se aproximou e ao mostrar a faca para a educadora, ela caiu no chão. As crianças começaram a gritar e correram para fora da sala.
"Comecei a me arrastar para fora. Peguei um grupo de crianças e corri. Ele estava o tempo todo com a faca na mão, tentando pegar as crianças. Uma aluna de 9 anos ficou para trás, tropeçou e caiu. Ele puxou ela pelo pé e fez ela refém", contou a professora Manoelita Rodrigues Alves.
No momento em que as crianças desciam as escadas correndo, outros alunos da escola entraram em pânico. Sem saber o que estava acontecendo, professores trancaram alunos dentro das salas e pediram que eles se abaixassem. O pequeno Rafael Moreira, 7 anos, disse que as crianças na sala dele começaram a chorar e rezar.
Já a turma de Ana Sophia Dias correu para a biblioteca. Ela relatou que, por causa do pânico, algumas crianças tentaram pular o muro da escola e outras se esconderam dentro dos armários.
"Achei que iam matar a gente. Os professores estavam chorando, todo mundo gritando. A gente só sabia que tinha um homem com uma faca na escola", contou.
Para os pais que estavam do lado de fora da escola, a situação também era de pânico. Sem permissão para entrar na unidade, eles tentavam, desesperadamente, ter notícias dos filhos.
"Eu só queria tirar meu filho dali, mas ninguém falava nada com a gente, a PM não deixa entrar. A gente não sabia o que estava acontecendo. Falavam que tinham dado tiro nas crianças, que esfaquearam alguém. Foi horrível", relatou Gleica Moreira, mãe de Rafael.
Ao perceber a confusão, a pedagoga Aparecida dos Anjos, 50, foi até o segundo andar. De acordo com ela, ao chegar na porta da sala, ela viu o jovem nos fundos, segurando a criança pelo abdômen e com a faca apontada para ela.
A Polícia Militar foi a primeira a chegar no local e iniciar uma negociação. Logo em seguida, a Companhia Independente de Missões Especiais (Cimesp) tomou a direção do diálogo. A criança, de 9 anos, ficou refém por aproximadamente uma hora e meia. Após trinta minutos de negociação, o jovem liberou a menina e se entregou.
"Não foi uma negociação fácil, até pelo fato dele estar em um estado de alteração e ter uma criança envolvida. Mas a gente foi aos poucos acalmando ele e trazendo para a realidade. O fato da menina ter ficado calma o tempo todo ajudou muito", disse o cabo Leopoldino, negociador da Cimesp.
O jovem foi encaminhado, dentro de uma ambulância para um hospital da Grande Vitória. Ele passaria por um diagnóstico médico e então seria levado para a Delegacia Regional de Vila Velha.
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