O principal suspeito de atirar na cabeça do jogador de futebol sub 15 Murilo Costa Felix Oliveira, que veio a óbito após o incidente, está solto. O amigo do jogador, de 15 anos, que estava com ele no momento do disparo, havia sido apreendido e estava no Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo (Ciase), mas foi posto em liberdade por determinação da Justiça. A informação foi confirmada à reportagem de A Gazeta neste sábado (28) pelo delegado Fábio Pedroto, titular da Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), que comanda as investigações do caso.
Murilo foi baleado na noite do último dia 21, em Cariacica. Na ocasião, o amigo dele, de 15 anos, contou aos policiais que os dois estavam em sua casa quando ele pegou um revólver calibre 38 que estava guardado no cofre do quarto do pai, mostrando ao menor de 14 anos, que acabou disparando contra si ao manusear a arma. O menino foi levado ao Hospital Infantil de Vitória, mas não resistiu. A família dele decidiu doar os órgãos do atleta.
O adolescente de 15 anos foi conduzido à Deacle. Segundo a Polícia Civil, "a autoridade policial analisou os fatos conforme os relatos apresentados e as circunstâncias da condução do adolescente, constatando que a versão apresentada pelo conduzido não correspondia com a realidade, sobretudo em virtude de contradição em suas declarações". "Além do fato, o estojo da munição foi suprimido da cena e os policiais militares que atenderam a ocorrência consideraram o ferimento da vítima incompatível com a versão apresentada pelo conduzido", informou a PC.
Diante disso, o rapaz foi autuado por ato infracional semelhante à tentativa de homicídio e encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo (Ciase).
Os nomes do amigo e do bairro onde o caso ocorreu não estão sendo informados para preservar a identidade do menor de 15 anos, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad).
O delegado Fábio Pedroto explicou que, além do adolescente de 15 anos, mais pessoas podem ser responsabilizadas ao longo das apurações.
Ele detalhou, por exemplo, que, após o ocorrido, outros adolescentes estiveram na casa. "Possivelmente, chamados pelo menor que está internado (no Ciase) e é apontado como autor do fato. Eles já foram identificados e serão chamados para prestar declarações, sobre como eles tomaram conhecimento do ocorrido, e por isso foram ao local”, disse.
Além de coletar os depoimentos, Pedroto disse que apreendeu três celulares: um do adolescente de 15 anos (apontado como autor do disparo), um do jovem de 14 anos baleado e morto, e um terceiro que estava na casa, ainda sem identificação. Os três aparelhos, segundo ele, serão periciados.
O delegado afirmou ainda que o equipamento de armazenamento de imagens do prédio também foi apreendido, para serem extraídos outros dados que possam colaborar com o entendimento do caso. “Nós também já requisitamos as gravações de acionamento do Ciodes e do Samu/192, para compreendermos em que momento foi feito o acionamento após o jovem ser baleado, e se esse momento foi muito depois do acontecido, ou foi logo depois. Estamos trabalhando com todas as possibilidades”, destacou Pedroto.
O projétil (a bala) que atravessou o crânio de Murilo não havia sido encontrado pela Polícia Civil, inicialmente. No entanto, o delegado disse para A Gazeta que ele foi encontrado posteriormente alojado em um aparelho de ar-condicionado, e recolhido pela perícia para serem feitas as análises necessárias.
A arma de fogo de onde partiu o disparo, que seria do pai do amigo de Murilo, o adolescente de 15 anos, foi adquirida de forma irregular e estava em situação ilegal, segundo o delegado. Não havia registro do equipamento no nome do pai do garoto, e, agora, a Polícia Civil tenta identificar o verdadeiro proprietário para descobrir como o armamento foi parar nas mãos da família do menor – se houve um extravio, furto, ou se essa arma foi vendida pelo real proprietário.
Por fim, o delegado destacou que a polícia seguirá em diligências e vai aguardar os resultados dos trabalhos da perícia da Polícia Científica (PCIES).
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta