Para a Polícia Civil não restam dúvidas: o vereador Waldeir de Freitas (PTB) foi o mandante do assassinato do ativista político Jonas Soprani, morto a tiros em junho do ano passado em Linhares, no Norte do Espírito Santo. Desde a última semana, o parlamentar é considerado foragido. Além da constatação do mandante, as investigações mostraram que um amigo do vereador, Cosme Damasceno, ajudou a dupla de atiradores que atuaram no crime. O homem é considerado um dos intermediadores, entre quem mandou e quem executou.
O carro utilizado na fuga foi identificado a partir de imagens de segurança nas imediações do local onde aconteceu o crime. A Polícia Civil também conseguiu rastrear o celular de Damasceno para obter referências da localização. O veículo foi encontrado 12 dias depois, em Cariacica. Chamou a atenção dos investigadores que ao lado dele estava um outro carro branco com brasão da Câmara de Vereadores de Linhares.
A pedido da Polícia Civil, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) abordou o carro. Segundo o delegado Tiago Cavalcante, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e responsável pelas investigações, dentro do veículo estava o vereador. “Conseguimos registrar isso, os dois carros, um do lado do outro. Eles se dirigiram à casa de Cosme Damasceno”, revelou em entrevista ao repórter Eduardo Dias, da TV Gazeta Norte.
Segundo as investigações, o crime teve como mandante o vereador. Atuaram dois intermediários: Cosme Damasceno, que é amigo do político, e tem ligações com o tráfico de drogas - de acordo com a polícia-, e Genebaldo da Fonseca, que atualmente está preso.
Houve dois atiradores: Jhulian Alves de Souza e José Natalino dos Santos. O primeiro deles foi morto em um confronto com a PM no ano passado. O outro está preso em Linhares. Após o crime, os atiradores fugiram e entraram no carro dirigido por Damasceno, segundo a polícia.
Preso no ano passado, Waldeir foi colocado em liberdade. A Justiça expediu um novo mandado de prisão na última semana contra o vereador, que até o momento não se apresentou à delegacia e está foragido.
Cosme Damasceno também foi preso e confessou ter participado do crime. Ele, que foi solto em agosto do ano passado, também é procurado pela polícia, tendo mandado de prisão aberto desde dezembro de 2021. Em depoimento, ele já relatou para a polícia que agiu para beneficiar Waldeir. “Ele confessa que fez isso para beneficiar o Waldeir de Freitas e que reportou o crime depois de ser realizado. Ele deixou bem claro que fez isso por conta de Waldeir de Freitas”, contou o delegado.
A Polícia rastreou os sinais dos celulares de Waldeir de Freitas e Cosme Damasceno. O relatório apontou que uma hora antes do crime os aparelhos do vereador e de Cosme estavam na mesma localização, em uma avenida do bairro Interlagos. Cosme ainda voltou ao local logo depois de Jonas Soprani ser baleado. O trajeto todo também foi confirmado por câmeras de segurança.
“Ele (Cosme) chegou a confessar que foi uma falha dele. O celular deveria ter ficado no bar, para garantir o álibi que ele estava lá. Em um ato falho, ele saiu e levou o celular. Ele foi realizar o crime e depois voltou (onde estava com o vereador)”, constatou o delegado.
Segundo Tiago Cavalcante, o vereador teria demonstrado frieza após o crime. Waldeir ainda procurou a família do ativista político para oferecer ajuda.
O delegado Tiago Cavalcante disse que o crime teve viés político. “Foi um crime de mando, com viés político. Jonas Soprani era um indivíduo que trazia dificuldades para alguns vereadores, por causa do papel dele de informar a população, de cobrar. Ele tinha uma participação política muito ativa aqui”, falou Cavalcante.
A reportagem da TV Gazeta Norte procurou a defesa do vereador, que preferiu não se manifestar. Caso a defesa de algum dos citados na matéria queira se manifestar, o espaço está aberto.
Segundo a Câmara Municipal, Waldeir de Freitas se ausentou das últimas duas sessões ordinárias, realizadas às segundas. Na primeira, no dia 2, o parlamentar apresentou um atestado médico como justificativa. No dia 9, ele ainda não apresentou o motivo para não estar presente.
No Regimento Interno da Câmara não há sanção automática específica para o caso de vereador declarado como foragido da Justiça.
A Câmara também informou, por nota, que o vereador pode perder o mandato automaticamente se não comparecer à terça parte das Sessões Ordinárias do ano, conforme está previsto na Lei Orgânica do município, salvo se estiver em licença ou missão autorizada pela Câmara.
Com informações de Eduardo Dias, da TV Gazeta Norte
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