Meses de angústia e nenhuma resposta. Desde o dia 12 de fevereiro deste ano, as famílias de Tatiana Almeida Monteiro, de 26 anos, e Janaína Barcelos Gomes, de 28 anos, que morreram atropeladas no acostamento da rodovia BR 381, em São Mateus, pedem por Justiça. A Polícia Civil indiciou o motorista do carro que atingiu as vítimas. O condutor, que fugiu do local do acidente sem prestar socorro, não teve a identidade divulgada e o processo está em segredo de Justiça.
O inquérito policial foi concluído pela Polícia Civil no dia 4 de março e enviado para o Ministério Público do Espírito Santo (MPES). No entanto, o órgão pediu informações complementares sobre a investigação e a corporação precisou reunir novos laudos, entregues novamente junto ao inquérito no dia 26 de abril.
A família das vítimas soube somente nesta segunda-feira (30) que a investigação policial havia sido concluída, segundo apuração da repórter Rosi Bredofw, da TV Gazeta Norte. A falta de informação sobre o processo leva Eduarda Almeida, irmã de Tatiana, a não acreditar mais na Justiça.
As mulheres eram trabalhadoras rurais e saíam do trabalho quando foram atropeladas. Tatiana deixou um filho de 7 anos, e Janaína tinha três filhas, de 3, 5 e 9 anos, sendo que a filha mais velha viu o acidente, já que a família morava perto do local.
A advogada da família de Janaina, Léslie Mesquita Saldanha, que trata da parte trabalhista do processo, disse que entrou também com pedido de pensão por morte e com uma ação pleiteando indenização, além de pedido de acompanhamento psicológico para as três filhas da vítima. “Buscamos por uma segurança financeira para essas três crianças, que ficaram desamparadas com a morte da Janaína. Então, buscamos isso no processo de indenização”, afirmou.
Questionado sobre o andamento do processo e o motivo de estar em segredo de justiça, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) informou que "o processo está em fase de inquérito policial e se encontra em segredo em razão de diligências sigilosas da PCES (Polícia Civil do Espírito Santo)”
Já Polícia Civil, por nota, informou que o suspeito foi identificado e indiciado pelas mortes das duas mulheres e que o inquérito policial já foi concluído. "A decisão de decretar segredo de justiça compete ao poder judiciário”, afirmou a corporação.
Para a reportagem de A Gazeta, o delegado Paulo Amaral, titular da 16ª Delegacia Regional de São Mateus, que está à frente do caso, explicou que, como o processo não está mais com a corporação, ele não poderia informar a situação do motorista — se ele permanece solto ou se foi preso.
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) também comunicou que “está impedido, por força de lei, de se manifestar em relação a procedimentos que tramitam sob sigilo”, disse o órgão, em nota.
Diante das respostas da Polícia Civil e do MPES, a reportagem da TV Gazeta Norte procurou novamente o Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Assim que houver retorno, este texto será atualizado.
Consultado pela reportagem para esclarecer sobre os motivos para um processo estar em segredo de justiça, o advogado Bernardo Augusto explicou que alguns processos podem estar nessa situação por serem de crimes de grande repercussão, para não haver prejuízos no andamento do processo.
“Normalmente, o juiz, em situações específicas como essa, a partir de requerimento do interessado, determina que esse processo fique em segredo para não tumultuar o andamento dele, não atrapalhar o recolhimento de provas e o depoimento de testemunhas”, disse o advogado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta