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Após caso no ES, Conselho Tutelar faz alerta sobre maus-tratos de crianças

Após caso no ES, Conselho Tutelar faz alerta sobre maus-tratos de crianças

A conselheira tutelar Karla Gomes alerta para o aumento de situações de abuso e maus-tratos a menores durante o período de afastamento escolar

Publicado em 22 de setembro de 2021 às 20:05

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Crianças estavam trancadas em casa com os animais e sem se alimentar há vários dias, no bairro Irmãos Fernandes, em Barra de São Francisco.
Crianças estavam trancadas em casa com os animais e sem se alimentar há vários dias, no bairro Irmãos Fernandes, em Barra de São Francisco. (Telespectador | TV Gazeta)

Em meio à sujeira, lixo, restos de comida, bitucas de cigarro e fezes de animais. Eram nessas condições que viviam as quatro crianças — três meninas, com 12, 10 e 6 anos e um menino de 4 anos, que segundo os pais, têm autismo — que foram resgatadas em uma casa no bairro Irmãos Fernandes, em Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo. O resgate só foi possível porque uma das irmãs precisou ir à escola, e profissionais da instituição de ensino desconfiaram do comportamento da menina. Diante dessa situação, a conselheira tutelar Karla Gomes alerta para o aumento de situações de abuso e maus-tratos a menores durante o período de afastamento escolar.

As crianças não estavam frequentando a escola diariamente devido à pandemia da Covid-19. A situação foi descoberta porque uma das meninas precisou fazer uma prova presencial e o comportamento dela deixou profissionais da escola preocupados. No momento em que foram resgatadas pela Polícia Militar e pelo Conselho Tutelar de Barra de São Francisco, os quatro irmãos contaram que não podiam sair da casa e estavam há vários dias sem comer.

Segundo a conselheira tutelar Karla Gomes, que atua em Colatina, é por meio da escola que a maioria dos casos de maus-tratos e abuso infantil são denunciados. Mas o afastamento das crianças da sala de aula fez aumentar essas situações.

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A escola é um refúgio para as crianças, principalmente as menores. Desde o início da pandemia houve um aumento dos casos porque as crianças passam mais tempo em casa. Com o distanciamento, elas perderam o vínculo de amizade com a escola. Agora temos essa dificuldade. É muito difícil as denúncias serem direto pelo Conselho, a escola era uma parceira

Karla Gomes
Conselheira tutelar de Colatina
Aspas de citação

Karla explica que, por isso, o Conselho Tutelar conta também com pessoas fora do vínculo escolar para denunciar os casos. Segundo ela, é preciso ter atenção a qualquer mudança no comportamento das crianças e dos pais ou responsáveis.

“Gritos e choros altos das crianças ou xingamentos por parte dos pais podem ser sinais de alerta. A denúncia é anônima e qualquer pessoa pode fazer. Mesmo que seja só uma possibilidade, a pessoa deve chamar o Conselho Tutelar, que vai verificar a situação”, explica a conselheira.

Ela orienta que as denúncias sejam feitas pelo Disque 100 ou diretamente nos Conselhos Tutelares de cada município.

POLÍCIA AGUARDA EXAMES DE CRIANÇAS RESGATADAS

caso das quatro crianças resgatadas em Barra de São Francisco continua sendo investigado pela Polícia Civil. O delegado responsável pelas investigações, Leonardo Foratine, disse que ainda vai ouvir outras testemunhas e aguarda os laudos da perícia feita na casa e dos exames das crianças para identificar se elas eram abusadas sexualmente.

Polícia Militar foi acionada na manhã do dia 28 agosto pelo Conselho Tutelar do município para acompanhar os conselheiros até a residência, onde, segundo denúncias recebidas por eles, as quatro crianças estariam sendo mantidas em cárcere privado e vivendo em condições precárias.

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As equipes localizaram as crianças e constataram os fatos. Aos policiais, as vítimas contaram que sempre ficavam trancadas em casa com os animais e que estavam sem se alimentar há vários dias. Elas foram resgatadas e encaminhadas para atendimento médico.

Os pais, de 31 e 34 anos, foram autuados em flagrante por cárcere privado, maus tratos e lesão corporal. Segundo a Polícia Civil, eles negaram que vivessem nessas condições. Eles foram liberados em audiência de custódia e devem seguir exigências estipuladas pelo juiz, como não mudar de endereço e se apresentarem à Justiça periodicamente.

O Conselho Tutelar de Barra de São Francisco informou que as crianças estão abrigadas em uma instituição da prefeitura, pois a família é de São Paulo e não tem parentes no Espírito Santo. Os envolvidos não estão sendo identificados para que os nomes dos menores sejam preservados, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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