Uma família viveu momentos de terror no estacionamento de um shopping de Vila Velha, na última terça-feira (30). Dois suspeitos, de 30 e 17 anos, abordaram três mulheres e duas crianças que saíam do estabelecimento, e as mantiveram como reféns para conseguir transferências bancárias. Imagens de videomonitoramento gravaram toda a ação (veja acima). Segundo a Polícia Civil, além dos homens, outras duas pessoas foram detidas, após serem identificadas como 'laranjas' do crime.
O delegado Guilherme Eugenio Rodrigues, titular do 6º Distrito de Polícia do município, explicou, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (5), que a dupla chegou a pé no shopping por volta das 20 horas. De forma violenta, menos de 15 minutos depois, abordaram o Fiat Fastback onde estavam as vítimas. Nesse momento, elas foram obrigadas a circular com os criminosos dentro do veículo.
"Havia duas famílias ali: duas mães, dois filhos e a tia de uma dessas mulheres jovens. As vítimas pediram o tempo todo para serem libertas, chegaram várias vezes a clamar pela libertação pelo menos das crianças, e eles foram enfáticos dizendo que não", detalhou o delegado.
Durante o trajeto, as mulheres foram forçadas a fazer transferências bancárias e a entregar bens pessoais, como celulares e notebooks. Conforme explicou o delegado, uma delas tinha em conta quase R$ 30 mil, o que acabou atraindo o interesse dos criminosos.
"Mas eles não conseguiram. Já tinha passado das 20 horas, então não havia habilidade técnica para uma transferência de maior montante. Pouco a pouco, ela foi sendo obrigada a dividir, de mil em mil reais, o valor da transação a ser efetuada. Por isso essa privação de liberdade perdura por mais tempo", afirmou o delegado.
Segundo a corporação, enquanto o roubo era praticado, o marido de uma das vítimas desconfiou que algo estava errado. "Ele passou a perceber a movimentação atípica da esposa por um aplicativo de celular, e começou a seguir o sinal. Ligou para a Polícia Militar e o trabalho deles já começou nesse primeiro acionamento", disse Eugênio.
Para os policiais, as vítimas contaram que foram libertas na região da Grande Terra Vermelha, também em Vila Velha, mas logo tiveram dificuldade em pedir por ajuda. "As pessoas que estavam no local não queriam emprestar telefone, nada. Elas sofreram para conseguir socorro, mas, felizmente, o marido já estava a 10 minutos dali".
As investigações apontaram que outro crime semelhante tinha ocorrido no município dias antes, em um estacionamento de um hospital. Um enfermeiro foi sequestrado, rendido por dois criminosos e obrigado a circular em um veículo, enquanto fazia transferências bancárias. Descobriu-se, então, que eram os mesmos suspeitos que haviam praticado o assalto no shopping.
Após fazer um cruzamento das informações e obter as imagens de segurança, a Polícia Civil identificou a dupla criminosa. De acordo com a corporação, o maior de idade é Jonathan Bernardo Maia, de 30 anos, que possui uma ficha criminal extensa, como por homicídios e estupro. Já o nome do menor não será divulgado, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad).
Também foi possível localizar os 'laranjas' do crime – ou seja, aqueles que receberam os depósitos destinados aos criminosos. São um homem e uma mulher, sendo que esta é companheira do menor de idade.
"Depois de quatro etapas, o dinheiro chegou às mãos efetivamente dos roubadores, dos responsáveis por essa ação. Eles foram presos no flagrante delito. Nós encontramos em poder deles o boné usado em um dos assaltos", detalhou Eugênio.
O delegado também destacou que parte do dinheiro das vítimas foi recuperado, além de outros bens: "Os laranjas, na presença dos advogados, voluntariamente aceitaram devolver o valor que ainda estava na conta. Eu falo voluntário, porque é aquilo que é proposto, para beneficiá-los juridicamente".
A partir de agora, os suspeitos – com exceção do adolescente, que vai responder por atos infracionais análogos aos crimes – podem ser condenados por lavagem de dinheiro, roubo, extorsão e formação de associação criminosa.
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