Sábado de tensão em Vitória, após ônibus serem incendiados por criminosos na Capital. Depois da ação contra um coletivo na orla de Camburi às 10h20 e outro ataque em frente à Casa do Cidadão, na região de Maruípe, no início da tarde, um terceiro veículo, desta vez um micro-ônibus, foi queimado, na Avenida Leitão da Silva, depois das 14h.
No terceiro ataque, segundo testemunhas, pelo menos 10 homens encapuzados desceram o morro por volta das 14 horas, pararam o ônibus e atearam fogo. O coletivo fazia a linha 031 (Ilha do Príncipe x São Benedito).
Quando o ônibus foi atacado na Avenida Leitão da Silva, apenas o motorista estava dentro dele. Ele conseguiu sair antes de o coletivo ser incendiado pelos criminosos.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e levou cerca de 30 minutos para apagar as chamas. Enquanto a ocorrência era atendida, a Avenida Leitão da Silva ficou interditada no trecho entre as avenidas Rio Branco e Maruípe.
Logo depois do terceiro ataque, dois suspeitos de participarem dos ataques foram detidos pela Polícia Militar quando fugiam em direção ao Bairro da Penha. Um deles é menor de idade (tem 15 anos) e o outro tem 21 anos. As informações são do repórter Diony Silva, da TV Gazeta.
No segundo ataque, cerca de 30 pessoas estavam no ônibus da linha 506 (T. Laranjeiras–T. Itacibá), que foi parado na Avenida Maruípe por homens que estavam com galões de gasolina e atearam fogo. As informações são da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta.
Os criminosos aproveitaram que o Transcol estava parado no engarrafamento, mandaram o motorista abrir a porta e ordenaram que todo mundo descesse.
"O ônibus estava parado, porque o semáforo lá na frente estava fechado. Eles entraram pela frente, Só deu tempo de abrir a porta para todo mundo descer", disse um dos passageiros.
De acordo com informações de policiais militares que estavam na Avenida Dante Michelini, local do primeiro ataque, os incêndios podem ter relação com um confronto entre criminosos e PMs que terminou com um suspeito morto e uma base da corporação atacada na região do Bairro da Penha, na Capital, na madrugada deste sábado.
Segundo a PM, policiais foram acionados para a região porque traficantes estariam ostentando armas e ameaçando moradores na praça do bairro São Benedito. Quando policiais chegaram, os criminosos correram pra um local chamado beco 11, no Bairro de Penha, iniciaram uma troca de tiros e os militares reagiram.
Um suspeito de 22 anos, identificado como Hiago José Costa dos Santos, foi baleado. O homem foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a PM, com ele foi apreendida uma pistola calibre nove milímetros.
O motorista do ônibus incendiado na orla de Camburi tem 52 anos de idade e 22 de profissão. Com lágrimas nos olhos, ele contou para a reportagem da TV Gazeta que nunca tinha vivenciado isso antes.
Ele achou que fosse um passageiro normal dando sinal. Foi então que o criminoso se juntou a outros dois e entraram no ônibus. Mais ou menos 15 passageiros estavam no coletivo.
"Ele falou: 'Motorista, abre as portas que a gente vai colocar fogo no ônibus'. Aí, eu olhei pra ele e ele disse: 'Eu estou falando sério'. Eu abri as portas e todo mundo desceu. Quando olhei pra trás, as chamas já estavam bem altas. Eles (criminosos) saíram e entraram na primeira rua direita. É uma coisa que eu nunca vivi antes, nunca presenciei um fato desse e, na hora, você fica assim, sem entender o que está acontecendo", desabafou o motorista.
O GVBus lamenta mais um caso de incêndio criminoso a ônibus, e ressalta que nos últimos 19 anos (entre 2004 e 2023), 87 ônibus do Sistema Transcol foram incendiados por criminosos e ficaram totalmente destruídos, sendo 14 deles somente em 2022, e agora mais esses dois, já nos primeiros dias de 2023.
O impacto financeiro é de mais de R$ 56,5 milhões em 19 anos, levando em consideração o custo de reposição desses veículos em valores atuais – um coletivo novo custa em média R$ 650 mil. Estes prejuízos recaem em todo o sistema, especialmente nas empresas de ônibus, mas também na população. Isso porque, embora os consórcios possuam veículos reservas para garantir a operação, a destruição de um coletivo gera transtornos, já que um ônibus novo demora em média três meses para ser fabricado, além do período dos trâmites legais para que ele entre em circulação.
A Polícia Civil informa que ao ter conhecimento sobre o caso, iniciou as primeiras medidas para identificar e localizar os autores. O caso será investigado por meio do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) e até o momento, nenhum suspeito foi detido. A população pode denunciar através do Disque-denúncia (181) qualquer tipo de irregularidade, ilegalidade ou repassar informações que ajudem as polícias na elucidação de delitos ou infrações. A ligação é gratuita e pode ser realizada em qualquer município do Estado.
Os ataques a ônibus registrados em três pontos distintos de Vitória neste sábado (7) alteraram a rota de alguns coletivos que passam nas avenidas onde os ônibus foram incendiados. Contudo, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) garantiu que não houve redução do quantitativo de coletivos em circulação.
Em nota, a Ceturb-ES informou que as linhas que passam nos locais onde houve queima de veículos tiveram o itinerário alterado por medida de segurança e tiveram de passar nas ruas próximas aos incidentes. Os coletivos vão voltar a realizar a rota regular assim que a situação estiver normalizada, segundo a companhia.
Por causa dos ataques, o trânsito ficou interrompido em vários trechos. No último deles, a Leitão da Silva ficou fechada entre as avenidas Rio Branco e Maruípe. Segundo o GVBus, com os ataques deste sábado (7) são 88 ônibus do Sistema Transcol incendiados por criminosos e que ficaram totalmente destruídos desde 2004. Foram 14 em 2022 e agora mais esses três em 2023. O impacto financeiro é de mais de R$ 57 milhões em 19 anos.
As ações criminosas seriam uma retaliação à morte de um suspeito durante confronto com a Polícia Militar no Bairro da Penha, na madrugada deste sábado, segundo o coronel Alexandre Ramalho, secretário estadual da Segurança. No início da noite deste sábado (7), cerca de 120 agentes da Polícia Militar e da Polícia Civil iniciaram uma operação para ocupar a região do Bairro da Penha e São Benedito. A ação também conta como apoio do Notaer.
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