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Após ser dopado e esfaqueado, ciclista de Cachoeiro implorou para filho não matá-lo

Após ser dopado e esfaqueado, ciclista de Cachoeiro implorou para filho não matá-lo

O filho e a namorada disseram à polícia que mataram Doramir Monteiro Silva como defesa a um ato de assédio sexual, mas a versão foi descartada pela investigação, que indica crime com motivação financeira

Publicado em 8 de julho de 2022 às 12:42

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Nora de ciclista desaparecido em Cachoeiro é presa nesta quinta (5)
O ciclista Duramir Monteiro Silva tinha 56 anos . (Redes Sociais)

Depois de ser dopado com 30 comprimidos dissolvidos e ter recebido o primeiro golpe de faca da nora Beatriz Gazone de Azevedo, o ciclista Doramir Monteiro Silva, de 56 anos, que foi dado como desaparecido em Cachoeiro de Itapemirim, no dia 28 de junho, mas teve o corpo encontrado no último dia 4, em uma cova na cidade de Castelo, implorou para que o filho, João Vitor Silva Brito, não terminasse de matá-lo.

O pedido foi em vão. De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, o filho pegou a faca e desferiu outros seis golpes na vítima, que morreu em seguida. A frieza com a qual o filho e a nora tiraram a vida de Doramir assustou até mesmo a polícia.

"Preparam toda aquela situação. Armaram como iam dar fim na vida do seu Doramir. Colocaram a medicação tanto no suco como na refeição da vítima. Nisso que ele está jantando, possivelmente em razão do efeito do remédio, ele passa a desfalecer e vem caindo perto dela e passa a mão nas costas dela caindo. Nisso ela pega a faca e desfere a primeira facada na barriga dele. Na sequência, o filho vem, pega outra faca e começa a desferir golpes contra o pai", detalhou o delegado Filipe Rivas, responsável pela investigação.

Ciclista desaparecido em Cachoeiro foi dopado antes de ser morto, diz delegado
O casal dopou a vítima com 30 comprimidos de dois analgésicos diferentes. (Thomaz Albano)

Ao confessarem o crime, João Victor Silva Brito, de 24 anos, e a namorada Beatriz Gazone de Azevedo, de 20, inicialmente alegaram que mataram a vítima por legítima defesa a um assédio. Essa versão, no entanto, foi descartada pelas investigações da Polícia Civil, que indicam crime com motivação financeira.

"Não tinha nada de conotação sexual, a conotação era, como a gente já desconfiava, era patrimonial. Queriam ficar com a casa, queriam ficar com o carro do seu Doramir, na posse dos valores que ele tivesse, inclusive, foi apreendido R$ 20 mil na residência", completou o delegado.

Até a última atualização deste texto, a reportagem não havia obtido contato com os presos ou as defesas deles.

CASAL FEZ ROTEIRO EM ESCRITO PARA ESCAPAR DE PRISÃO

De acordo com o delegado Felipe Rivas, o casal preparou um roteiro por escrito, para ser decorado e apresentado tanto à polícia como aos familiares com o objetivo de evitar que eles fossem identificados como autores do crime.

Um caderno com anotações foi apreendido durante as investigações(Divulgação \ PCES)

"Durante o cumprimento das buscas nós apreendemos um caderno e ele tem todo um roteiro do que eles iam dizer na delegacia ou se fossem questionados por qualquer pessoa. 'Por onde vocês andaram de carro?' , já tinha o que falar. 'Que horas era?', já tinha resposta pronta", contou.

O CRIME

O corpo de Doramir foi encontrado na noite de segunda-feira (4), na localidade de Estrela do Norte, em Castelo, no Sul do ES. Ele era muito conhecido na região de Cachoeiro de Itapemirim por conta da atividade esportiva. Doramir estava desaparecido desde o final de junho.

Segundo a polícia, João Vitor e Beatriz foram presos e confessaram ter matado a vítima a facadas e ainda incendiado o corpo dela.

Depois de morto, o casal colocou o corpo do ciclista no porta-malas do carro dele. O cartão da vítima foi usado para abastecer o veículo. Um vídeo registrou o momento em que João Vitor compra gasolina para incendiar o corpo do pai.

O corpo do ciclista foi levado para uma propriedade no interior de Castelo. Antes de enterrar, os dois colocaram fogo no corpo de Doramir.

AS PRISÕES

João Vitor foi preso nesta segunda, após confessar o crime. Ele disse aos policiais que o pai assediava a namorada dele e a morte foi motivada por ciúmes. Segundo João Vitor, a namorada ajudou no crime.

A jovem foi encontrada em um hotel no bairro BNH, em Cachoeiro de Itapemirim. Ela não resistiu à prisão, confessou o crime e disse que foi a primeira a esfaquear o sogro, após ser assediada por ele, segundo a polícia.

POLÍCIA DIZ QUE MULHER INVENTOU GRAVIDEZ

O casal estava junto há quatro meses. A investigação apontou que a jovem inventou que estava grávida para ajudar a convencer o namorado a matar o próprio pai. Ainda segundo o delegado, João Vitor disse não saber que a gravidez era falsa.

Os dois foram encaminhados ao sistema prisional e, até a última atualização deste texto, a reportagem não havia obtido contato com os presos ou as defesas deles.

As investigações continuam porque, segundo a Polícia Civil, na tarde desta quarta (6) uma arma, que teria sido comprada com o dinheiro do ciclista após a morte dele, foi encontrada na casa da mãe de outro filho dele.

Com informações do G1/ES

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