O psiquiatra Bernardo Santos Carmo, investigado por ameaçar funcionário de loja de shopping em Vitória, entregou à Polícia Civil a arma que diz ter usado no dia da confusão com atendente. Segundo a polícia, o objeto foi deixado pelo advogado do médico na delegacia da Praia do Canto, na Capital.
No dia 8 de junho, após discussão na loja, o psiquiatra apontou a arma contra o atendente, se recusando a usar a máscara de proteção contra a Covid-19 de maneira correta, exigência para entrada no estabelecimento.
De acordo com o delegado Agis Macedo, que está à frente das investigações, a arma entregue nesta sexta-feira é de Airsoft, modelo usado em esporte de ação que simula situações de combate. "São armas que têm funcionamento à base de pressão e posse ou porte não são reguladas pelo Estatuto do Desarmamento. O que chama atenção, porém, é que se trata de um modelo semelhante a uma pistola. A arma que aparece no vídeo que a polícia possui assemelha-se a um modelo de revólver”, observou.
O advogado de Bernardo alegou à polícia que a arma entregue teria sido a mesma arma utilizada no dia do crime. Segundo a corporação, até o momento não foi constatada nenhuma irregularidade com o armamento. No entanto, o delegado não recebeu do advogado qualquer documento de compra da arma de Airsoft ou nota fiscal de pagamento pela mesma. “Vamos encaminhá-la para a perícia, juntamente com as imagens que possuímos. Aguardamos as imagens originais da loja que também não nos foi entregue ainda”, afirmou.
A Polícia Federal ainda não retornou sobre a solicitação da Polícia Civil sobre a existência, ou não, de registro de compra de arma verdadeira ou mesmo autorização de posse ou porte de arma para o psiquiatra.
A reportagem de A Gazeta tentou fazer contato com o advogado de Bernado, mas, até a publicação desta reportagem, não teve as ligações atendidas. Se houver um posicionamento da defesa, este texto será atualizado.
Por volta das 14 horas de quarta-feira (23), o médico chegou à delegacia de polícia acompanhado de dois advogados. Ele usava um lenço para cobrir a boca e o nariz, em vez de máscara. Vale lembrar que o uso de máscaras é obrigatório no Espírito Santo desde março do ano passado, quando o governo estadual baixou um decreto com a determinação, como medida de proteção da população contra o coronavírus.
Na saída da unidade policial, o médico também não quis dar declarações, mesmo tendo sido questionado sobre a razão de andar armado. Já um dos advogados que o acompanhava, Luciano Azevedo, disse que vai aguardar o fim das investigações para se pronunciar e que o cliente só falaria em juízo.
Bernardo prestou depoimento na Delegacia de Polícia da Praia do Canto, em Vitória, na tarde de quarta-feira (23). Durante 50 minutos, o médico respondeu aos questionamentos do delegado Ágis Macedo. A polícia notificou o psiquiatra para que ele entregasse a arma.
O caso foi registrado pelo atendente de uma loja de eletrônicos e papelaria como ameaça. Junto ao Boletim de Ocorrência, a vítima anexou um vídeo. Nas imagens é possível ver que, no momento que passa pelo caixa da loja, o médico saca um objeto que se assemelha a um revólver e aponta em direção ao atendente. As câmeras não captam som.
Em entrevista à produção do programa Fantástico, o psiquiatra disse por meio de áudio que a arma era uma de Airsoft, um esporte de ação que simula situações de combate. As armas são de pressão e sua posse ou porte não são reguladas pelo Estatuto do Desarmamento.
O médico Bernardo Santos Carmo é o psiquiatra que atendeu os policiais militares após a greve da Corporação, realizada em 2017. Ele ainda presta o mesmo tipo de serviço aos militares, por intermédio de uma parceria com a Associação de Cabos e Soldados da PM e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACS).
Em janeiro de 2018, em entrevista para A Gazeta, Bernardo relatou que começou a atender os militares duas semanas após o término do movimento de paralisação. Mas somente em junho de 2017 é que começou a oferecer o serviço por intermédio da ACS. Na ocasião relatou que chegou a atender, em um só dia, mais de 200 policiais.
“Após duas semanas do início do movimento, me chamaram para prestar atendimento na Associação de Cabos e Soldados (ACS). Mas, na entidade, só comecei mesmo em junho. Até lá, atendia nas clínicas. Em um dia, recebi 34 militares, no outro 123. Houve um dia com mais de 200, e tivemos que fechar a clínica porque não havia mais espaço para acomodar e não iria conseguir realizar todos os atendimentos”, relatou o médico, na ocasião.
O cabo Jackson Eugenio Silote, presidente da ACS, explica que a instituição possui um Núcleo de Apoio Psicossocial, e que o médico presta o atendimento aos militares, oferecendo um desconto aos associados. “É um serviço oferecido desde outras gestões da ACS, incluindo o período após a greve. Ele não trabalha ou tem vínculo com a associação, mas oferece um desconto aos associados, assim como outros médicos, dando ao associado a oportunidade de escolha do profissional. Não pagamos a ele um salário”, explica.
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