Um arquiteto capixaba de 57 anos relatou que vem sendo vítima de um golpe desde a última quinta-feira (13), após ter suas redes sociais – como o Instagram e o WhatsApp – invadidas por criminosos. Os bandidos vêm se passando por ele para vender produtos, incluindo itens domésticos, que não são entregues a quem compra.
Com mais de 30 anos de atuação no mercado, Max Mello contou que ao menos seis pessoas já o procuraram até esta quarta-feira (19) para dizer que fizeram o pedido de algum objeto e não tiveram mais retorno. A situação vem causando transtornos aos compradores e ao profissional, que disse não fazer vendas pela internet.
Segundo o arquiteto, inicialmente ele tentou acessar o aplicativo de mensagens e viu que estava fora do ar. Primeiro pensou que era uma pane generalizada, mas, com o tempo, foi ligando para conhecidos e percebeu que o seu celular não mais fazia chamadas. "Recebi também uma mensagem de texto informando que eu havia sido desconectado. Acessei uma rede Wi-Fi e vi que meu WhatsApp havia sido cancelado, e pediam um novo acesso", disse.
Algum tempo depois, Max soube que os suspeitos começaram a anunciar produtos no Instagram dele, como máquina de lavar, televisão e videogame, coisas que a vítima afirma nunca ter tentado vender. Segundo ele, a rede social era um portfólio dos projetos que ele desenvolve.
Conhecidos do profissional relataram terem depositado valores de até R$ 3 mil achando que estavam fazendo compras reais. "Mas eram fachada, eles depositavam para um laranja. Depois que fiquei sabendo, porque falaram comigo no Instagram pessoal. Logo que eu soube do golpe, coloquei aviso nas minhas redes pessoais, dizendo que as contas tinham sido sequestradas. As pessoas caíram por falta de atenção e por desconhecimento de que não vendo nada nos meus perfis. Os bandidos sempre com a mesma conversa: 'Tenho vários interessados, você não quer fechar negócio logo? Estou ajudando um amigo e você faz o depósito em nome dele'", contou.
O arquiteto disse ainda que, ao perceber que havia caído em um golpe, o consumidor acabava retornando para questionar a operação. "Mas aí o criminoso bloqueia a pessoa. Logo que eu soube, na quinta-feira (13), fui à operadora trocar o chip. Mas não consegui retomar o WhatsApp, inclusive já enviei um e-mail para o contato deles, avisando e pedindo para desligarem minha conta. Ao Instagram também fiz uma reclamação no suporte, inclusive com reconhecimento facial para saberem que o perfil é meu. Até agora não bloquearam minha conta. Registrei boletim na polícia no último sábado (15)", finalizou Max.
Demandada sobre o caso, a Polícia Civil informou que o boletim de ocorrência registrado pelo arquiteto ainda não está disponível para consulta e acrescentou que investiga todos os casos formalizados nas delegacias, sejam elas físicas ou on-line.
Procurado pela reportagem, o delegado Brenno Andrade, à frente da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), informou que os usuários devem, desde sempre, ativar a autenticação em duas etapas no WhatsApp, Facebook e Instagram.
Apesar de ser medida indispensável, nem toda forma de autenticação é tão segura. "Deve ser feita, de preferência, por um aplicativo confiável de autenticação, como o Google Authenticator ou o Microsoft Authenticator. É possível baixar de graça e usar. Isso porque as pessoas às vezes ativam a verificação por SMS, mas, vimos alguns casos, como o de uma influenciadora capixaba, que teve a conta clonada recentemente, que o criminoso pegou a linha dela, com ajuda de alguém da operadora de telefonia, e colocou no chip criminoso. Quando foi recuperar o código via mensagem de texto, o número foi para o telefone do criminoso", alertou.
Outra dica para fugir de invasões é a de não clicar em links desconhecidos: "alguns criminosos enviam mensagens como: 'você terá seu selo verificado no Instagram, clique aqui para ativar'. As pessoas clicam e digitam dados de usuário e assim passam a ter o Instagram roubado. Então deve-se desconfiar sempre", acrescentou o delegado.
Às vítimas desse tipo de golpe, a autoridade policial recomenda tentar recuperar a conta junto à rede social o mais rápido possível. "Os próprios administradores dizem que não é um caminho rápido. Então também é possível entrar com ação no Juizado Especial Cível, pedindo recuperação de conta e dano moral, já que o Instagram não tomou medidas rápidas de devolução da conta ao usuário", finalizou.
Sobre o assunto, o arquiteto lesado pelos criminosos também fez recomendações:
O título desta matéria afirmava anteriormente, de forma equivocada, que os clientes do arquitetos foram as vítimas do golpe. Na verdade, as pessoas lesadas pelos criminosos foram seguidores dele. O título foi corrigido.
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