“A sensação é de que parece que as coisas não estão andando no caminho correto ainda e deveriam estar”. A declaração é do cabo da Polícia Militar Rogério Machado sobre a educação racial na sociedade. O desabafo vem dois dias depois do agente sofrer injúria racial do advogado José Miranda Lima, de 69 anos, no último sábado (2), durante abordagem policial em Vitória.
“Me senti muito ofendido e é uma situação que fica sem reação, principalmente por estar tratando ele de forma mais cordial. É uma situação complicada, pois saímos de casa para trabalhar e trazer um bem para sociedade”, afirmou o cabo.ao repórter Caique Verli, da TV Gazeta.
Ser ofendido pela cor da pele não é anormal para o policial. Antes de entrar na corporação, ele contou já ter presenciado e até ouviu ofensas de cunho racista por ser um homem negro. Porém, ele reforça ser momentos que não podem ser normalizados.
Por isso, durante pronunciamento pelas redes sociais neste domingo (3), Rogério incentivou a denúncia em casos como este. A lei existe para ajudar a educar pessoas preconceituosas.
“É um sentimento que vivi quando ainda era civil e passar isso aqui dentro (Policia Militar) é uma sensação de que as coisas não estão andando no caminho correto e deveriam estar”.
O Cabo explicou à reportagem da TV Gazeta que todos os policiais foram cordiais com o advogado no processo de abordagem. Porém, desde o início José tentou amedrontar a equipe com ameaças com as seguintes intimidações: acionar contatos para mandar todos para trabalhar em outro município e expulsá-los da corporação.
O foco passou a ser somente Rogério quando estava sendo levado ao compartimento de segurança da viatura. “Quando fomos falar que ele tava cometendo crime por dirigir em estado de embriaguez e demos voz de prisão informamos o direito dele e quando foi o momento de colocar ele no compartimento de segurança da viatura ele me chamou de negro e nem cabe colocar o restante”, explicou o PM.
“Decidi agora pela manhã, ouvindo o Conselho Seccional, que em sua maioria de votos autorizou a suspensão por 30 dias do advogado visando a apuração dos fatos”, explicou José Carlos Rizk Filho, presidente da OAB-ES.
Um advogado de 69 anos foi preso por dirigir embriagado, bater em um carro e ainda proferir ofensas de cunho racista contra um policial militar durante abordagem na noite do último sábado (2), em Vitória. José Miranda Lima passou por audiência de custódia neste domingo (3) e foi liberado pelo juiz, sem fiança, com a condição de cumprir medidas cautelares.
Conforme o boletim de ocorrência da Polícia Militar, tudo começou quando um motorista abordou uma equipe que estava na Avenida Dante Michelini para informar que o condutor de um Ford Fusion havia batido no carro dele, danificando o retrovisor, e seguido em alta velocidade pela Rodovia Norte Sul fazendo manobras arriscadas.
Os policiais foram procurar o veículo e o encontraram trafegando por Jardim da Penha. O carro foi perseguido desde a Ponte de Camburi, mas só parou na Avenida Saturnino de Brito, na Praia do Canto. O motorista desceu e, segundo o relato do boletim de ocorrência, aparentava estar bêbado. Ele se apresentou como advogado, questionou o porquê de ter sido abordado e, após ser questionado, José confirmou que havia bebido durante uma confraternização em Jardim Camburi.
Foi realizado o teste do bafômetro, que deu positivo. Durante a abordagem, os policiais relataram que o advogado dizia a todo momento que os militares envolvidos na ocorrência iriam se dar mal, já que ele conhecia autoridades. José ainda xingou e proferiu falas de cunho racista direcionadas a um agente, enquanto era colocado no compartimento de segurança da viatura.
O suspeito foi levado para a Delegacia Regional de Vitória e autuado em flagrante por "conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, desacato a funcionário público e injúria racial". Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana (CTV).
Em audiência de custódia neste domingo (3), o juiz Luiz Guilherme Risso decidiu pela liberdade sem fiança do advogado, que terá de cumprir as seguintes medidas cautelares:
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