A Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACSPMBMES) declarou apoio aos militares envolvidos na ação que resultou na morte do jovem Weliton Silva Dias, de 24 anos, no sábado (2), na Grande São Pedro. Os policiais foram preventivamente afastados das operações nas ruas nesta segunda-feira (4).
Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, a associação evidenciou que dará todo o suporte necessário aos militares afastados e descreveu o contexto em que eles se encontrariam no momento do fato. “A região é conhecida por ser um local de intenso tráfico de entorpecentes e crimes contra a vida”, diz o texto. “O indivíduo foi encontrado com uma metralhadora na bandoleira”, destacou. O objeto é uma espécie de correia que serve para transportar arma no ombro ou a tiracolo.
A nota evidencia ainda que, diante da situação, “o policial teve milésimos de segundos para a tomada de decisão e precisou considerar todas essas questões, além de estar sob a pressão da atividade.”
Já o presidente da entidade, cabo Eugênio Silote declarou que, conforme descrito no Boletim de Ocorrência, “o indivíduo baleado portava uma metralhadora na bandoleira e os disparos efetuados contra ele foram realizados como parte da técnica de fatiamento, usada quando o militar se vê em perigo iminente”.
“Na ocorrência em questão, o indivíduo fez um movimento que levou o policial a crer que o indivíduo atiraria contra ele. Em respeito às normas vigentes, e para assegurar a sua vida, o policial militar efetuou dois disparos contra o indivíduo, conforme doutrina praticada na PMES, assim o indivíduo caiu no chão e foi possível aproximar-se dele para recolher o armamento”, explicou Silote.
“Por isso, considerando as circunstâncias desse caso, a ACSPMBMES dará todo o apoio necessário aos policiais militares afastados”, finalizou.
O texto da associação termina relacionando as ocorrências as quais Weliton estaria envolvido:
- 2012: BU 15251736 (Crimes diversos)
- 2014: BU 22482325 (Porte ilegal: de arma de fogo)
- 2014: BU 23031282 (Tráfico de entorpecentes)
- 2015: BU 26226705 (Crimes contra a pessoa: ameaça)
- 2015: BU 23417381 (Porte ilegal: de arma de fogo e tráfico de drogas)
- 2015: BU 24718778 (Resistência, desobediência, desacato)
- 2018: BU 35547265 (Tráfico de entorpecentes)
- 2019: BU 38708066 (Tráfico de entorpecentes)
- 2022: BU 47417934 (Morreu portando uma metralhadora em bandoleira)
O pouco tempo para a tomada de decisão descrito na nota da associação converge com o que disse o tenente-coronel Leandro Menezes, comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar em entrevista coletiva nesta segunda-feira (4).
"Faz parte do processo do policial militar que tudo acontece em fração de segundos. Nós, narrando e avaliando o fato à distância, entre nós, não estamos no local de tráfico de drogas, nós não estamos lidando com uma pessoa que tem uma arma apontada na nossa direção, não estamos lidando com alguém que já tem ligação com o crime. Então, aqui não nos cabe agora fazer as análises. O policial tem fração de segundo para decidir", disse Menezes.
Como mostra um vídeo do crime, Weliton estava com as mãos para o alto quando foi atingido pelos disparos de arma de fogo. No entanto, o comandante informou que há um outro vídeo, "em melhor ângulo", que poderia trazer maior entendimento do que ocorreu. Leandro Menezes disse ainda que o vídeo que está "nas redes sociais" sofreu um "corte".
A reportagem de A Gazeta procurou a associação e a Polícia Militar em busca das outras imagens ditas pelo tenente-coronel e aguarda o retorno.
Weliton da Silva Dias, de 24 anos, foi morto na Rua Quatro de Janeiro na região da Grande São Pedro, em Vitória. Consta no boletim de ocorrência que os policias envolvidos na ação foram identificados como cabo Sandro Frigini, que teria atirado em Weliton, e o soldado Victor Fagundes de Oliveira.
Após os disparos, o jovem chegou a ser socorrido para o Pronto Atendimento (PA) de São Pedro. Familiares relataram à reportagem terem sido impedidos de entrar no local e ameaçados por policiais quando tentavam obter alguma informação sobre o estado de saúde de Weliton.
Ainda conforme os parentes, o rapaz trabalhava como ajudante de pedreiro e levou dois tiros: um no peito e outro no abdômen. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu, sendo levado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. Segundo a família, o jovem não tinha envolvimento com o tráfico de drogas, mas chegou a ficar preso em 2019.
"Ficou nove meses injustamente atrás das grades. Os policiais nunca apareciam nas audiências e o processo acabou arquivado", garantiu a companheira.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) informou que ele tem oito passagens pela polícia, entre os anos de 2012 e 2019. Entre os crimes estão: porte ilegal de arma de fogo, ameaça, desacato ou resistência à ação policial e tráfico de entorpecentes.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta