A Polícia Civil divulgou detalhes do plano de fuga da quadrilha que invadiu três bancos em Santa Leopoldina, Região Serrana do Espírito Santo, na última sexta-feira (30). O chefe da Divisão Patrimonial e titular da Delegacia Especializada de Roubo a Banco (DRB), delegado Gabriel Monteiro, explicou que o grupo planejava fugir em um caminhão-baú neste domingo (2), dia em que ocorre as Eleições 2022.
"Eles tinham treinamento de mata, ficariam lá. Antes de cometer o roubo, foram a um local da trilha para levar mantimentos para ficarem na mata até dez dias. A função do motorista preso por nós era ir lá nesse local no domingo, na trilha, de mais ou menos 300 metros, assoviar e eles darem fuga em um caminhão-baú", afirmou o delegado.
Segundo Monteiro, os criminosos acreditavam que a situação já teria esfriado. "Foi um crime planejado, com armamento de grosso calibre, e não de oportunidade", frisou.
As investigações sobre o ataque criminoso mostraram que a ação foi planejada por criminosos da Bahia e de São Paulo, com auxílio de uma família de Viana, na Grande Vitória. Até a tarde deste sábado (1º), a operação desencadeada por forças de segurança capixabas resultou na morte de cinco suspeitos, incluindo um dos principais criminosos envolvidos em roubos a bancos do Brasil, e prisão dos quatro familiares. Pelo menos três indivíduos ainda estão foragidos.
Após a invasão de três bancos da sede do município na madrugada de sexta-feira (30), as forças de segurança do Estado começaram as investigações sobre o caso. Durante a manhã, dois veículos usados na ação foram encontrados em Viana, na Grande Vitória. Um deles estava incendiado e o outro estava abandonado com vestígios deixados pelos criminosos.
O secretário de Segurança Pública do Estado, Márcio Celante, explicou que um terceiro veículo foi localizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A partir de dados coletados dos três carros, a Polícia Civil conseguiu identificar um possível proprietário e o local onde ele residia. As forças policiais se dirigiram, então, até o bairro Universal, também em Viana, e constataram que a família do homem tinha ligação com a ação criminosa.
O chefe da Divisão Patrimonial e titular da Delegacia Especializada de Roubo a Banco (DRB), delegado Gabriel Monteiro, destacou que o pai dessa família conhecia criminosos de São Paulo e da Bahia responsáveis por outras invasões a bancos, oito na Bahia e 10 em Minas Gerais. O indivíduo já havia residido em Santa Leopoldina e conhecia bem a região de Tirol, onde os criminosos foram localizados.
"O pai da família estava planejando com esse grupo da Bahia e de São Paulo, facções especializadas em roubo a banco e em outros estabelecimentos. Ele conheceu os indivíduos e planejou durante um ano o roubo no Espírito Santo. Acreditavam haver pouca vigilância", contou.
Segundo o delegado, os criminosos ficaram no Estado por sete dias, na residência da família em Viana, se organizando para a ação. "O pai e o filho deram fuga aos criminosos e levaram até essa região de mata, depois vieram com os veículos e incendiaram em Viana", detalhou. O filho do homem foi, inclusive, o responsável por levar a serra elétrica para cortar a árvore que bloqueou o trânsito no município.
Houve ainda a participação de um cunhado, que carregou combustível e depois escondeu a serra elétrica. Já a mãe da família sabia o tempo todo da ação, segundo o delegado, e também foi presa. A identidade dos familiares ainda não foi informada pela Polícia Civil.
Após a ação criminosa, os indivíduos planejavam ficar, pelo menos, 10 dias na mata, em Tirol, esperando a situação ficar mais tranquila para empreenderem fuga. Para isso, além do forte armamento, contavam com barracas e comida.
A operação que resultou nas mortes e na prisão de suspeitos de envolvimento com a quadrilha ocorrida neste sábado (1º) contou com a participação de mais de 100 agentes, entre policiais civis e do Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal, além do apoio da aeronave do Notaer.
Um grupo de homens fortemente armados invadiu a cidade de Santa Leopoldina, na madrugada de sexta-feira (30). Os indivíduos fecharam ruas, atiraram contra viaturas, renderam motoristas e saquearam pelo menos três bancos, com uso de explosivos.
Os criminosos derrubaram uma árvore em uma estrada para fechar a passagem. Depois, fizeram um caminhoneiro refém e fecharam outra estrada. Nesse momento começou o tiroteio, que deixou os moradores desesperados. Os bandidos usavam touca ninja e estavam fortemente armados, como deu para ver nos vídeos feitos por câmeras de videomonitoramento.
Após os tiros, começaram as explosões. Eles jogaram granadas em três bancos: Banco do Brasil, Sicoob e Banestes. De acordo com a Defesa Civil, o Banestes foi o maior prejudicado. Em cima dele funcionava uma igreja, que vai precisar ficar completamente interditada por pelo menos 30 dias. Ainda não há informação sobre quando as agências voltarão a funcionar normalmente.
Depois de saquearem os bancos, os bandidos fugiram. O ataque aconteceu no dia do pagamento de servidores públicos, como explicou o prefeito da cidade. Pela manhã, uma dinamite foi encontrada dentro de uma das agências bancárias invadidas. O esquadrão antibombas foi acionado e detonou o material em uma área de vegetação da cidade.
Em seguida, dois veículos incendiados foram encontrados em uma zona rural de Viana, a 60km de Santa Leopoldina. A perícia da Polícia Civil foi até lá e constatou que os carros foram usados pela quadrilha.
Dentro de um deles, que não ficou completamente destruído, havia algumas pistas: os bandidos deixaram para trás galões de gasolina, chave de fenda, munições, chave do carro, calça, luvas e chapéu. O material foi apreendido.
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