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Ataques a bancos: como o ES mantém episódios no passado

Ataques a bancos: como o ES mantém episódios no passado

Autoridades em Segurança Pública no Estado afirmam que não há indícios de que episódios recentes no Brasil venham a se repetir no Espírito Santo

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 22:37

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Assalto a banco no ES
Agência do Banestes em Aracruz foi alvo de ataque de criminosos em 2019. (Kaio Henrique)

Dezembro começou com dois fortes ataques a bancos — um em Santa Catarina e o outro no Pará, ações criminosas tiveram destaque no noticiário nacional devido às horas de terror provocadas por bandidos fortemente armados, que fizeram moradores reféns e usaram explosivos.

Em proporções menores, sem reféns, cidades do interior do Espírito Santo já foram alvos de criminosos que miram bancos, sobretudo nos anos de 2018 e 2019. As autoridades policiais esclarecem, no entanto, que desde o crime em uma agência em Aracruz, em fevereiro do ano passado, quando a quadrilha inteira foi presa, não houve mais registros semelhantes.

“É realizado trabalho de inteligência em todo o Estado com objetivo de identificar a possível prática de crime organizado, incluindo contra instituições financeiras. O caso de 2019 em Aracruz foi elucidado rapidamente, com toda a quadrilha identificada e os integrantes já presos”, destacou, em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública.

Além da Sesp, o comandante da Polícia Militar no Estado, o coronel Douglas Caus, afirmou que não há informações de que a dinâmica criminosa enfrentada em outros Estados brasileiros possa atingir o Espírito Santo.

"O que a PM faz aqui é trabalhar de forma incansável com o sistema de inteligência, que detecta onde as facções estão brigando pelo tráfico ou tentando fazer furto e roubo a ônibus e bancos. Não temos nenhuma informação de que facções de fora do Estado estejam vindo aqui praticar esse tipo de delito. Fora isso, estamos fazendo reforço no nosso policiamento, principalmente nestas estradas que dão acesso a alguns municípios que ficam mais, em tese, isolados. Nós trocamos informações com o Rio, São Paulo, Minas e Bahia. Nossa inteligência conversa muito com estes estados, em especial com os limítrofes ao ES. Nós temos uma rotina de prepararmos a tropa com informações de dentro e fora do Estado e, havendo qualquer tipo de informação neste sentido, imediatamente faremos um planejamento no setor de onde vem a informação, para ter reforço com a tropa especializada", afirmou.

Coronel Douglas Caus, comandante-geral da Polícia Militar do ES
Coronel Douglas Caus, comandante geral da PM-ES. (Carlos Alberto Silva)

O QUE É O CHAMADO NOVO CANGAÇO?

Em cidades pequenas do interior do Espírito Santo ou em distritos distantes, criminosos desenvolveram o hábito de invadir agências bancárias para roubar. As quadrilhas de "cangaceiros modernos" são especializadas no crime e, munidas de explosivos, armas de fogo e ferramentas, tentam levar grandes quantias em dinheiro e ainda aterrorizam os moradores.

As ações criminosas dos últimos anos se assemelham a ações de grupos que compõem o “novo cangaço”, como explicou o delegado Romualdo Gianordoli, titular da Delegacia Especializada de Roubo a Banco, em entrevista para A Gazeta em setembro de 2018. Comum em estados do Nordeste e do interior de Minas Gerais, os “cangaceiros modernos” sitiam pequenos municípios, explodem caixas eletrônicos e levam pânico aos moradores, segundo o delegado.

“Não vemos muitas ações desse tipo aqui no Espírito Santo. O ‘novo cangaço’ é muito forte no Nordeste. Por acontecer muito nos estados que são nossos vizinhos, esse movimento pode sim estar chegando aqui”, explicou Romualdo na ocasião.

Além disso, o delegado destacou que as quadrilhas são organizadas. “Uma característica desses crimes é que se tratam de criminosos muito bem organizados. Eles não utilizam um carro só, por exemplo. Dificilmente o carro que aparece no local do crime é o mesmo que usam na fuga. Fazem tudo de uma forma bastante organizada”, ressaltou.

RELEMBRE CRIMES A BANCOS COM USO DE EXPLOSIVOS NO ESTADO

Dentre os casos registrados entre os anos de 2018 e 2019 esteve o do Sicoob do distrito de Laginha de Pancas, no Noroeste do Estado. Às 2 horas da manhã do dia 19 de dezembro de 2018, três suspeitos tentaram abrir o cofre da agência com explosões e tiros, mas não conseguiram. No mesmo ano, bancos de Rio Novo do Sul e de Anchieta foram alvos de criminosos. 

Assaltos a bancos no ES
Criminosos usaram explosivos para invadir agência do Sicoob em Pancas. (Alessandro Bachetti)

Em agosto de 2018 a agência do Sicoob localizada no distrito de Caramuru, em Santa Maria de Jetibá foi alvo de assalto. Um caso que também ganhou destaque no mesmo ano foi o que aconteceu em 21 de fevereiro, em uma agência do Banco do Brasil, em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha. Ainda em 2018, bancos em Rio Novo do Sul e Anchieta também sofreram ataques de grupos de assaltantes.

Tratando-se ainda de 2018, no dia 26 de março, uma agência do Banco do Brasil, situada em Itapoã, Vila Velha, foi invadida por um homem - que não teve a identidade revelada - que carregava uma botija de gás. A intenção do suspeito era atear fogo na botija para tentar arrombar um caixa eletrônico. A explosão só não teve êxito porque policiais militares chegaram no local e impediram a ação.

Já em fevereiro de 2019, três bandidos encapuzados explodiram uma agência do Banestes, no distrito de Guaraná, em Aracruz, com a intenção de furtar o dinheiro dos caixas eletrônicos no dia 5 de fevereiro daquele ano. Os criminosos deixaram um rastro de destruição no banco. O crime aconteceu durante a madrugada, na avenida principal da região e toda a ação foi flagrada por câmeras de segurança.

ASSALTOS EM CRICIÚMA

De acordo com informações da Agência Estado, um grupo fortemente armado provocou uma onda de assaltos a bancos em Criciúma, no sudeste de Santa Catarina, no início desta terça-feira (01). A polícia ainda não sabe quantos bandidos participaram da ação, que durou cerca de três horas, nem de onde eles são. As entradas da cidade foram bloqueadas pelos criminosos para evitar a chegada de reforço policial. De acordo com o soldado Marques, relações públicas da 6ª região de Polícia Militar do Estado, os bandidos portavam fuzis .556 e 762 e atiraram muitas vezes nas ruas da cidade.

Moradores foram feitos reféns na madrugada desta terça-feira em Criciúma
Moradores foram feitos reféns na madrugada desta terça-feira em Criciúma . (Reprodução/ redes sociais)

Os disparos atingiram vidraças de casas e apartamentos. Houve reféns, mas a polícia não soube precisar quantos. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, funcionários da prefeitura que estavam pintando faixas de trânsito na madrugada foram obrigados a sentar no meio da rua, formando uma espécie de "escudo humano" contra a polícia.

A ação do grupo aconteceu principalmente no Centro da cidade, onde os bancos são próximos uns dos outros. A polícia suspeita que eles tenham invadido agências da Caixa Econômica Federal, do Itaú, do Banco do Brasil e do Banrisul.

ASSALTOS EM CAMETÁ

Também segundo informações da Agência Estado, um grupo armado com fuzis assaltou uma agência bancária no município de Cametá, a 235 km de Belém, no Pará, na madrugada desta quarta-feira (2). O quartel da Polícia Militar também foi alvo dos bandidos, na tentativa de impedir a ação policial. Uma pessoa morreu, segundo o prefeito, Waldoli Valente (PSC). O episódio acontece um dia após um assalto similar em Criciúma, em Santa Catarina.

Grupo armado com fuzis assaltou uma agência bancária no município de Cametá
Grupo armado com fuzis assaltou uma agência bancária no município de Cametá. (Reprodução/ Twitter)

Moradores foram feitos reféns na praça central da cidade. Nas redes sociais, vídeos mostram os momentos de terror. Disparos foram registrados em várias regiões do município. Vídeos compartilhados por moradores também mostram um grupo de reféns sendo conduzidos pelos suspeitos e o som de disparos na Praça Central da cidade.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará (Segup) afirmou que equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), do Batalhão de Ações de Cães (BAC), da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) e duas aeronaves do Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará (Graesp) se deslocaram para dar apoio no município.

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