O ataque a duas escolas em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, praticado de forma brutal por um adolescente de 16 anos, que tirou a vida de quatro pessoas e deixou 12 feridos na manhã desta sexta-feira (25), foi marcado pelo desespero de alunos e professores e pela agilidade do atirador, que conseguiu se deslocar por cerca de um quilômetro entre as duas escolas e fazer novas vítimas antes mesmo que a informação sobre o ataque à primeira unidade de ensino viesse à tona, além da desenvoltura no manuseio de armas.
Para tentar mostrar como tudo aconteceu, desde o momento em que o assassino entrou na primeira escola até o instante em que ele foi apreendido pelas forças policiais, A Gazeta preparou um resumo dos principais momentos dessa tragédia ocorrida em Aracruz.
Por volta das 9h30, o adolescente de 16 anos usou uma ferramenta para arrombar o cadeado do portão localizado nos fundos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti e entrou na escola onde ele era aluno até junho deste ano. Usando roupa camuflada, chapéu, máscara e colete, ele seguiu em direção à sala dos professores, a mais próxima dessa entrada da escola, e com a pistola nas mãos entrou na sala atirando em todos os profissionais da educação que lá estavam. Era o horário de intervalo entre as aulas.
O número de disparos total não foi divulgado pela polícia, mas o atirador conseguiu atingir 11 profissionais que estavam na sala dos professores, sendo que duas professoras morreram ainda no local, sem chances de atendimento médico. Os disparos atingiram as vítimas em diversos locais, sendo algumas nas pernas, nas costas e na cabeça.
A pistola utilizada pelo atirador contra as vítimas da Escola Primo Bitti é de propriedade do Estado e estava à disposição do pai dele, que é policial militar.
Depois do banho de sangue na sala dos professores da EEEFM Primo Bitti, o assassino saiu da escola estadual, pegou o carro utilizado para ir até o local, um Renault Duster dourado, e saiu dirigindo em direção a uma escola particular, o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), localizada a cerca de um quilômetro de distância.
As imagens do circuito interno de vigilância da escola particular mostram a hora exata em que o atirador entrou pelo portão do segundo ponto de ataque: 9h49 de sexta-feira. Ele entrou correndo e, segundo informações das forças policiais, começou a atirar usando uma outra arma, um revólver calibre 38 particular.
Funcionários e alunos do colégio saem correndo pelos corredores quando ouvem os disparos. Em apenas um minuto, ele faz mais uma vítima, uma adolescente de 12 anos atingida duas vezes, e ainda atira na cabeça de outra adolescente, esta de 14 anos, e no abdômen de uma criança, um menino de 11 anos de idade.
Além dos atingidos pelos tiros, outros alunos ficaram feridos ao tentarem fugir do assassino pulando as janelas das salas de aula, localizadas no segundo andar do prédio.
De forma bem rápida, após cometer os crimes, o atirador sai correndo pelo portão da escola particular, entra no carro e foge em direção à orla de Coqueiral de Aracruz. Posteriormente, a partir das imagens do cerco inteligente do município, foi possível verificar que o destino do assassino era uma casa na mesma região.
Cerca de quatro horas depois do ataque a duas escolas de Aracruz, o adolescente foi apreendido em uma casa de veraneio da família, localizada em Sapolândia, no distrito de Coqueiral de Aracruz, e a apenas quatro minutos de carro da EEEFM Primo Bitti, onde ele invadiu primeiro e deixou mais vítimas. Ele confessou ter sido o autor dos disparos que mataram quatro pessoas e feriram mais de uma dezena.
O atirador foi identificado a partir do carro que utilizou nos atentados, mesmo tendo coberto a placa com fita adesiva. A identificação foi feita por meio do cerco inteligente de segurança de Aracruz e com a atuação conjunta das equipes da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) a casa para onde ele fugiu após o crime foi cercada. O carro utilizado era um Renaut Duster dourado.
Após cercar a área, a polícia aguardou, de acordo com a Polícia Civil, por um amparo jurídico para que pudesse entrar na residência. Ao ouvir o adolescente, os policiais foram informados por ele de que havia dois anos que planejava atacar escolas. O motivo, no entanto, não foi esclarecido até o momento.
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