A maior parte dos pontos onde ocorreram os ataques a ônibus, realizados na terça-feira (11) e ordenados pelo Primeiro Comando de Vitória (PCV), ficam na região central da Capital e em áreas onde o conflito do tráfico de drogas tem sido frequente. Historicamente são ainda locais onde a organização criminosa atua ou mantém aliados.
Os ataques aconteceram em Consolação; na Avenida Marechal Campos; em Santo Antônio; no Parque Moscoso; na Enseada do Suá; na Praia de Santa Helena — todos em Vitória —; e, por fim, na Rodovia do Contorno, na Serra. Além disso, um veículo da reportagem da TV Tribuna também foi alvo de ataques, entre os bairros do Bonfim e da Penha, na Capital.
São locais onde já foram registrados trocas de tiros, confrontos, bloqueios de ruas e avenidas, ataques a ônibus e carros, mortes, ostentação de armas e prisões de várias lideranças do tráfico; e ainda onde as polícias Civil e Militar já realizaram diversas operações.
Os três primeiros ataques — ônibus metralhado, carro da TV Tribuna e coletivo incendiados — ocorreram na região localizada no Bairro da Penha e que envolve as comunidades de Itararé, Jaburu, Bonfim, Engenharia, Consolação, Floresta, Gurigica e São Benedito.
É a sede do PCV e de lá saíram algumas das principais lideranças da organização criminosa. Além dos vários registros de confrontos na região, em 2020 e 2021 ocorreram ataques que resultaram no fechamento de grandes avenidas, como Leitão da Silva e Marechal Campos, com depredação a ônibus e viaturas.
Na área já foram registrados vários conflitos, após mortes de traficantes ou até de outros moradores das comunidades, em confrontos com a polícia.
O quarto ataque — incêndio a ônibus — ocorreu na Grande Santo Antonio. Embora não seja uma área que se possa afirmar ser dominada pelo PCV, por haver conflitos com outras facções, o ataque aconteceu bem próximo a um ponto onde existe até identificação da organização criminosa nos muros.
Além de outros conflitos, a região foi palco, em 2020, de uma chacina, na qual quatro jovens foram mortos e outros dois, feridos. As vítimas foram confundidas como membros do PCV por traficantes rivais.
O quinto ataque foi no Parque Moscoso, onde um coletivo foi incendiado. O ponto fica na região que no mês de agosto deste ano registrou vários confrontos armados e que envolve as seguintes comunidades: Piedade, Alagoano, Moscoso e Cabral.
As disputas envolviam embate entre duas das principais organizações criminosas que atuam no Espírito Santo: o PCV e a Família Capixaba. Elas ocasionaram vários tiroteios que deixaram os moradores desses bairros assustados.
Em setembro deste ano houve um novo confronto e morte em tentativa de invasão de um líder do tráfico rival ao Morro da Piedade. Um traficante morreu.
O sexto incêndio a ônibus ocorreu próximo à Praça do Papa, em frente ao Horto Mercado. Local também próximo a outras áreas conflagradas. Fica bem perto do bairro Jesus de Nazareth, com forte atuação do PCV.
Em agosto o bairro foi alvo de um confronto que resultou na interdição de trechos de avenidas importantes da Capital, como Leitão da Silva e Marechal Mascarenhas de Moraes (Beira-Mar). Na noite anterior um traficante tinha sido morto em confronto após quatro suspeitos atirarem contra a polícia.
O sétimo ataque a ônibus, também incendiado, ocorreu na região da Praia de Santa Helena, no acesso à Terceira Ponte. É um ponto próximo ao Morro da Garrafa.
No bairro, em agosto deste ano, a polícia prendeu um dos chefes do tráfico, que mantinha em casa dólares e outras moedas estrangeiras. Os traficantes da região são aliados do PCV.
Também em agosto a polícia prendeu outro traficante apontado como responsável por guardar dinheiro e armas e que era acusado de expulsar moradores do bairro. Ele seria o responsável por estocar dinheiro fruto da venda de drogas e armas para traficantes.
Apesar de guardarem proximidade com os locais de atuação do PCV, responsáveis pela investigação ouvidos pela reportagem argumentam que os ataques foram motivados com o objetivo de causar pânico e terror na comunidade. E que partiram de Marujo, principal liderança do PCV em liberdade.
E como uma das primeiras ações da polícia, após a ocorrência do primeiro ataque, foi impedir a circulação de coletivos pela região do entorno do Bairro da Penha, a liderança criminosa acabou ordenando que os ataques fossem feitos em outros pontos da cidade. A polícia chegou a prender suspeitos com galão de gasolina no Bairro Maria Ortiz, onde a liderança do tráfico local é do PCV.
Em alguns locais a proximidade com pontos de atuação do PCV facilitaram a fuga. Em outros, como é o caso da Grande Santo Antonio, foi utilizado um carro para chegar ao local. E após o ataque, dois criminosos se queimaram e buscaram atendimento na região, onde acabaram sendo presos.
Os casos de violência na terça-feira (11) foram motivados pela morte de um traficante do Bairro da Penha após confronto com a Polícia Militar, na noite de segunda-feira (10).
Jonathan Candida Cardoso, 26, atuava como segurança de Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como Marujo, a principal liderança em liberdade do PCV e o criminoso mais procurado do Estado. Segundo a polícia, partiu dele a ordem para os ataques.
Até o momento um total de 16 suspeitos de envolvimento nos ataques foram detidos, segundo afirmou a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp).
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