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Ataques em Vitória foram próximos a áreas de conflito do tráfico; veja mapa

Ataques em Vitória foram próximos a áreas de conflito do tráfico; veja mapa

Ataques a ônibus de terça-feira (11) ocorreram em regiões onde a organização criminosa PCV atua ou mantém aliados

Publicado em 12 de outubro de 2022 às 17:08

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Criminosos incendiaram um ônibus no bairro Consolação
Criminosos incendiaram um ônibus no bairro Consolação. (Fernando Madeira)

A maior parte dos pontos onde ocorreram os ataques a ônibus, realizados na terça-feira (11) e ordenados pelo Primeiro Comando de Vitória (PCV), ficam na região central da Capital e em áreas onde o conflito do tráfico de drogas tem sido frequente. Historicamente são ainda locais onde a organização criminosa atua ou mantém aliados.

Os ataques aconteceram em Consolação; na Avenida Marechal Campos; em Santo Antônio; no Parque Moscoso; na Enseada do Suá; na Praia de Santa Helena — todos em Vitória —; e, por fim, na Rodovia do Contorno, na Serra. Além disso, um veículo da reportagem da TV Tribuna também foi alvo de ataques, entre os bairros do Bonfim e da Penha, na Capital.

São locais onde já foram registrados trocas de tiros, confrontos, bloqueios de ruas e avenidas, ataques a ônibus e carros, mortes, ostentação de armas e prisões de várias lideranças do tráfico; e ainda onde as polícias Civil e Militar já realizaram diversas operações.

SEDE DO PCV: TRÊS PRIMEIROS ATAQUES

Criminosos incendiaram um ônibus no bairro Consolação
Criminosos incendiaram um ônibus no bairro Consolação. (Fernando Madeira)

Os três primeiros ataques — ônibus metralhado, carro da TV Tribuna e coletivo incendiados — ocorreram na região localizada no Bairro da Penha e que envolve as comunidades de Itararé, Jaburu, Bonfim, Engenharia, Consolação, Floresta, Gurigica e São Benedito.

É a sede do PCV e de lá saíram algumas das principais lideranças da organização criminosa. Além dos vários registros de confrontos na região, em 2020 e 2021 ocorreram ataques  que resultaram no fechamento de grandes avenidas, como Leitão da Silva e Marechal Campos, com depredação a ônibus e viaturas.

Na área já foram registrados vários conflitos, após mortes de traficantes ou até de outros moradores das comunidades, em confrontos com a polícia.

ÁREA DE CHACINA: QUARTO ATAQUE

Ônibus incendiado e destruído ao lado da Basílica de Santo Antônio
Ônibus incendiado e destruído ao lado da Basílica de Santo Antônio. (Fernando Madeira)

O quarto ataque — incêndio a ônibus — ocorreu na Grande Santo Antonio. Embora não seja uma área que se possa afirmar ser dominada pelo PCV, por haver conflitos com outras facções, o ataque aconteceu bem próximo a um ponto onde existe até identificação da organização criminosa nos muros.

Além de outros conflitos, a região foi palco, em 2020, de uma chacina, na qual quatro jovens foram mortos e outros dois, feridos. As vítimas foram confundidas como membros do PCV por traficantes rivais.

QUINTO ATAQUE: ÁREA DE DISPUTA ENTRE FACÇÕES

Ônibus incendiado no Parque Moscoso
Ônibus incendiado no Parque Moscoso. (Fernando Madeira)

O quinto ataque foi no Parque Moscoso, onde um coletivo foi incendiado. O ponto fica na região que no mês de agosto deste ano registrou vários confrontos armados e que envolve as seguintes comunidades: Piedade, Alagoano, Moscoso e Cabral.

As disputas envolviam embate entre duas das principais organizações criminosas que atuam no Espírito Santo: o PCV e a Família Capixaba. Elas ocasionaram vários tiroteios que deixaram os moradores desses bairros assustados.

Em setembro deste ano houve um novo confronto e morte em tentativa de invasão de um líder do tráfico rival ao Morro da Piedade. Um traficante morreu.

TIROS EM AVENIDA: ÁREA DO SEXTO ATAQUE

Incêndio em ônibus
Bandidos colocaram fogo em ônibus na Praia do Suá, em Vitória. (Carlos Alberto Silva)

O sexto incêndio a ônibus ocorreu próximo à Praça do Papa, em frente ao Horto Mercado. Local também próximo a outras áreas conflagradas. Fica bem perto do bairro Jesus de Nazareth, com forte atuação do PCV.

Em agosto o bairro foi alvo de um confronto que resultou na interdição de trechos de avenidas importantes da Capital, como Leitão da Silva e Marechal Mascarenhas de Moraes (Beira-Mar). Na noite anterior um traficante tinha sido morto em confronto após quatro suspeitos atirarem contra a polícia.

SÉTIMO ATAQUE: PRÓXIMO A ALIADOS

Ônibus incendiado próximo à Terceira Ponte
Ônibus incendiado próximo à Terceira Ponte. (Leitor | A Gazeta)

O sétimo ataque a ônibus, também incendiado, ocorreu na região da Praia de Santa Helena, no acesso à Terceira Ponte. É um ponto próximo ao Morro da Garrafa.

No bairro, em agosto deste ano, a polícia prendeu um dos chefes do tráfico, que mantinha em casa dólares e outras moedas estrangeiras. Os traficantes da região são aliados do PCV.

Também em agosto a polícia prendeu outro traficante apontado como responsável por guardar dinheiro e armas e que era acusado de expulsar moradores do bairro. Ele seria o responsável por estocar dinheiro fruto da venda de drogas e armas para traficantes.

TERROR E PÂNICO EM VITÓRIA

Apesar de guardarem proximidade com os locais de atuação do PCV, responsáveis pela investigação ouvidos pela reportagem argumentam que os ataques foram motivados com o objetivo de causar pânico e terror na comunidade. E que partiram de Marujo, principal liderança do PCV em liberdade.

E como uma das primeiras ações da polícia, após a ocorrência do primeiro ataque, foi impedir a circulação de coletivos pela região do entorno do Bairro da Penha, a liderança criminosa acabou ordenando que os ataques fossem feitos em outros pontos da cidade. A polícia chegou a prender suspeitos com galão de gasolina no Bairro Maria Ortiz, onde a liderança do tráfico local é do PCV.

Em alguns locais a proximidade com pontos de atuação do PCV facilitaram a fuga. Em outros, como é o caso da Grande Santo Antonio, foi utilizado um carro para chegar ao local. E após o ataque, dois criminosos se queimaram e buscaram atendimento na região, onde acabaram sendo presos.

MOTIVAÇÃO DOS CONFLITOS

Jonathan Candida Cardoso era conhecido por ser segurança de Marujo, um dos criminosos mais procurados do Espírito Santo
Jonathan Candida Cardoso era conhecido por ser segurança de Marujo, um dos criminosos mais procurados do Espírito Santo. (Reprodução)

Os casos de violência na terça-feira (11) foram motivados pela morte de um traficante do Bairro da Penha após confronto com a Polícia Militar, na noite de segunda-feira (10).

Jonathan Candida Cardoso, 26, atuava como segurança de Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como Marujo, a principal liderança em liberdade do PCV e o criminoso mais procurado do Estado. Segundo a polícia, partiu dele a ordem para os ataques.

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